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É só de mim ou já ninguém aguenta a Grândola Vila Morena? Isto
até tem piada quando acontece isoladamente, agora quando alguém do governo se
prepara para abrir a boca e toda a gente começa a cantar passa a ser irritante!
Em primeiro lugar quero que fique claro que não sou anti
revolucionário nem que deixo de estar solidário com todos aqueles que se sentem
no direito de reclamar. A questão em primeiro lugar passa pela validade e
impacto que tal acto origina. Será que algum dos governantes perante um coro a
cantar a dita música vai para casa sensibilizado ou vai para o parlamento
chorar de desgosto pela merda que a classe política verte pelos seus rabos
constantemente?
Não me parece.
Parece-me isso sim que eles se estão a cagar para as
manifestações e que o que aquilo que mais devem repetir é “Neste país são só
anjinhos. E se com tanta austeridade ainda têm vontade de cantar é porque
aguentam mais”.
Era capaz de ter muito mais impacto se, em vez de cantarem,
pegassem num bastão e lhes partissem os dentes todos para não poderem discursar
e para, acima de tudo, pensarem duas vezes antes de desbaratarem ainda mais o
já parco património do país. Claramente já não há musica que mude o estado das
coisas a não ser a musica de uma caçadeira de canos cerrados apontada
directamente às nalgas de cada deputado.
Em segundo lugar começa a banalizar-se a música e a deturpar
todo o seu enorme significado. Qualquer coisinha e pumba, lá vem a música.
Tornou-se num protesto fácil e vai acabar por se vulgarizar de tal forma que ninguém
a vai levar a sério.
Tanto que hoje fui abordado por um daqueles vendedores de cartão
de crédito e quando lhe disse que não estava interessado ele começa em pleno
centro comercial a cantar “Grandola, Vila Morena…”. Um gajo bufou-se no
autocarro e a senhora que estava atrás dele pumba, toma lá Zeca Afonso. Todas
as crianças em vez de fazerem birra agora cantam. Até o presidente da república
já foi para a porta da segurança social cantar por causa da sua miserável
reforma!
Invocar o passado em nome de circunstâncias distintas e
tempos incomparáveis não é a solução. Principalmente quando os valores de
outrora se perderam algures e quando a única coisa que resta da liberdade
alcançada são meia dúzia de velhos decrépitos e outros que, apesar de estarem
lúcidos e capazes, já não se querem estar a chatear. Alem do mais a liberdade é,
também agora, um conceito bem distinto daquele pelo qual se lutou há quase 4 décadas
atrás...
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