Na sequência destes pequenos devaneios vem um bem maior. Palavras para quê, fica o texto escrito em plena sexta feira santa!!
"Inexplicavelmente (ou talvez não) hoje acordei às 6h da manhã! Não, não foi por qualquer crença religiosa associada à sexta-feira santa apesar de ter sido a primeira coisa que me veio à cabeça quando encarei a minha mãe assustada por ver algo completamente improvável. Escusado será dizer que após essa “explicação” ficou ainda mais preocupada e algo me diz que o próximo passo será mandar rezar uma missa pela minha há muito extraviada alma.
O motivo do meu desperdício de boas horas de sono é todo menos religioso. Numa frase: Mau estar causado por uma “ligeira” ressaca!
Ontem não foi um dia bom e (in) felizmente o que não faltam aqui é adegas onde afogar mágoas. É raro fazê-lo, beber para não me custar tanto a ultrapassar determinados momentos. Sou apologista do sentir em pleno, seja por que motivo for!
Apesar disso acordei renovado, com uma vontade tremenda de meter a viola no saco e partir à procura de novas melodias. Depois de um belo copo de coca-cola que desceu pela minha garganta como água em terreno árido tomei um banho, comi uma fruta e saí!
Primeiro problema de acordar tão cedo? Precisar de um café e não haver nenhum aberto às 7h da manhã! Pego no carro e saio. Tenho de fazer tempo até abrirem as tascas. No leitor de cd´s do carro começa a tocar Joy Division. Perfeito! Adoro a sonoridade densa e o som melancólico (alguns dirão depressivo) que as músicas transmitem. Sigo viagem sem destino certo, como habitualmente, se encontrar um café tanto melhor. Já com o sol a romper vou serpenteando as estradas íngremes do Douro ao longo de um rio lamacento que reflecte de forma baça as vinhas e vegetação das suas margens numa Primavera ainda tímida.
Hoje é um novo amanhecer. Sinto-o a cada minuto, a cada paragem na margem do rio. Ouço bem alto as músicas que vão tocando no leitor. Cada música conta uma história passada mas há histórias recentes que encaixam perfeitamente nas letras ou sensações melódicas de músicas passadas! Porque muitas vezes o significado de algo é aquele que nós lhe quisermos dar.
Toca agora a Decades, uma das músicas da banda inglesa que mais prazer me dá ouvir. Remete-me sempre para uma sensação de procura constante de algo perdido ou apenas não encontrado (Where have they been?...)
Já muitas vezes me fiz esta pergunta em relação a TI. Quem me dera ter-te “encontrado” mais cedo, talvez agora tudo fosse diferente. Talvez não tivesses de ir. Sinto-me ancorado a um sentimento inevitável de vazio, de inconstância. Ao viver algo no extremo da paixão somos muitas vezes atingidos por sentimentos antagónicos de desmesurada solidão, de reclusão perante sensações próximas do mágico, do perfeito. Tento afogar estes pensamentos nas águas turvas do rio enquanto a música me lembra de uma temível possibilidade “…now our hearts lost forever.”
Saio do carro. O sol brilha agora um pouco mais forte mas não o suficiente para me aquecer. Em frente tenho um cruzamento, dois caminhos! Sim, dois, porque para trás não posso voltar! Indicações com vários nomes mas em nenhuma das placas está o teu…
Retomo viagem, continuo pelo caminho junto ao rio. Um sinal de fé! Toca agora “No love lost”! Quero acreditar que não, que qualquer amor acaba por se encontrar mais cedo ou mais tarde. Preciso acreditar…
Atmosphere! A sonoridade desta música remete-me sempre para um sonho. Por dois motivos, o primeiro tem a ver com a melodia bucólica, pura, quase espiritual. O segundo pelo que desde há duas semanas desejei que não acontecesse (don’t walk away…).
Infelizmente não podia evitá-lo. Espero não me arrepender eternamente de nem sequer ter tentado, acreditei e apesar de tudo continuo a acreditar que tinha de ser assim! Por isso este aperto é cada vez maior e irá continuar a evoluir até se transformar numa sensação de vazio absoluto.
E, porque o alinhamento deste disco parece ter sido feito com base em sensações similares às que tenho sentido ultimamente, acaba com “Dead Souls”, com frases tão contundentes como “Someone take these dreams away…”!
Sonhos que me assaltam durante o dia, sombras constantes do que podia/devia ter sido, do que foi…
Sinto a escuridão enublar o meu ser, incompleto, deslocado e cada vez mais perturbado. Uma alma perdida, é o que sou.
Acelero até começar a perder a nitidez da estrada, das vinhas, do sol. Tudo me parece de tal forma em sintonia com a água turva e lamacenta do rio que já não os distingo. Sinto-me atrair pelos reflexos na água e envolver pela sensação de ansiedade típica de quem está prestes a chegar a um destino incontornável (Keep calling me…).
Aí mergulho! Sinto-me afundar em todos os meus medos, dúvidas, sinto-me mergulhar na minha própria angústia e ser puxado sem resistir para o fundo do nada. A música começa a soar mais baixo, distante, até que desaparece e dá lugar a um silêncio perturbador acompanhado de um cinzento cada vez mais sombrio, cada vez mais desligado de um Mundo que deixou de ser meu!
E no momento em que já desistia e me sentia adormecer salto para um outro universo, para um outro Mundo, para retomar um caminho incerto, imprevisível.
Vou seguir outro caminho e esperar que um dia o Mundo que foi o meu durante pouco mais de uma semana se cruze com este e se fundam num só. E aí não deixarei que ninguém nem nenhuma viagem impeçam este Mundo de ser meu!"
Quanta profundidade! Afinal não é so o erotismo que te move, a paixão está implicita neste texto. És um dos homens mais completos que conheço e seguramente um dos que mais me cativa!
ResponderEliminarPara quando uma vinda a Lisboa?
Tenho algo para ti ;)
Beijo
Marta G.
Ola João
ResponderEliminarFico feliz por teres finalmente decidido partilhar-te com o "Mundo". Desde que te comecei a ler no blog da Lara que fiquei entusiasmada pela tua forma de expressão escrita e ainda mais por teres demonstrado ser esse tipo de pessoa!
Infelizmente a vida trouxe-me para um lugar ainda mais distante mas vou procurando-te por aqui.
Por falar na Lara, nunca mais escreveu! E, se me permites a indiscrição, como é que vocês estão? :))))
Quanto ao texto... Pois, não seria de esperar outra coisa, expressões intensas e vivências simples mas extraordinárias. Tal como tu :)
Desejo que estejas bem. Desligamo-nos, por minha culpa admito, mas não queria envolver-me mais ou ligar-me a um sentimento impossível. Vou aparecendo sempre que me for possível!
Kisses
Claúdia
Olá manito
ResponderEliminarFinalmente o tão desejado blog..
Espero que a tua incursão pelas novas(não tão novas!..) tecnologias seja o início do teu caminho!
Beijinhos
Carla
Obrigado pelos vossos comentários!
ResponderEliminarA ti Marta, obrigado a dobrar ;)
Deste início às hostilidades no primeiro texto!! E, essencialmente, devo agradecer-te porque foste tu que iniciou este blog martelando-me a cabeça vezes sem conta! Valeu a pena, pelo menos no que diz respeito à criação do blog! Espero agora conseguir corresponder escrevendo, evoluindo e acrescentando algo a cada pessoa que me lê! Quanto a ir a Lisboa...
Quem sabe! Mas agradecia que uma das coisas chegasse por correio :)
Cara Claúdia, que saudades :)
Como te tens dado por aí? Como esta a correr o trabalho? Tenho saudades de trocar idéias contigo, és uma mulher inteligente e cativante em todos os sentidos. Lamento que nem tudo seja como desejámos, também eu sofro isso na pele, é inevitável. Não há segredos para minorar os danos, apenas seguir vivendo. A Lara anda numa loooonnngggaaaa viagem, nem sei quando ou se voltará. Vai dando notícias, sabe bem saber de ti. Podes vir aqui sempre que quiseres mas também podes usar o meu mail.
Besos guapa
Last but not least
MANA!!!
A minha PRIMEIRA seguidora :)
Espero que este blog resulte em algo de bom e de preferência que me ajude a melhorar sob todas as formas de escrita. Depois disso que me possa abrir portas porque se assim não for lá vais ter de me dar guarida aí em casa :)
A tua opinião importa sempre e, mais do que o que possa escrever, são as opiniões que me permitem evoluir e ter percepção do que realmente importa...
E, no fundo, importam as pessoas...
BEIJOS