sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CONTO de NATAL - Parte 2

Joana acabara de sofrer um tremendo desgosto de amor. Ingénua, simples e apaixonada sempre pensou que este amor seria para sempre...

Agora, além do pequeno buraco no meio das pernas que pensara finalmente saber como ocupar, tinha um enorme no coração que não fazia idéia como poderia preencher. Ainda por cima soube na véspera de Natal!

Estava inconsolável, taciturna e sombria. Estava perdida, vazia e com tendências suicídas. Amava-o loucamente, sem reservas e ainda nem queria acreditar no que tinha acabado de acontecer.

Soube da pior forma! Quis surpreender o namorado que tinha de trabalhar na véspera de Natal aparecendo no seu local de trabalho onde passava parte dos seus dias e noites. Naquele dia percebeu o motivo. Não foi bonito entrar no salão de jogos e perceber que o único taco e bolas a rolar em cima da mesa de bilhar eram as do seu namorado na jeitosa do pão quente em frente ao salão de jogos.
Ainda esboçou uma tentativa de indignação e revolta mas estava incrédula e impotente para reagir. As lágrimas começaram a escorrer pela sua cara pálida de choque e nojo. Saiu a correr do salão de jogos e sem destino certo andou desconcertada pelas ruas sem sequer perceber que chovia torrencialmente.

Pensou acabar com a sua vida naquele instante mas um laivo de lucidez  fez-lhe pensar que não lhe podia dar esse prazer. Decidiu que não valia a pena sofrer por causa dele e ia fazer tudo para que a dor passasse!
Reparou que estava abrigada da chuva no toldo de uma sexshop, resolveu entrar e dar uma prenda a si própria. Comprou um butplug, um vibrador e à saída deu uma rapidinha com o primeiro Pai Natal que encontrou na rua. Sentiu-se imediatamente melhor!

Não sabia se aquilo iria ajudar a remendar o vazio que tinha no seu coração mas decerto preencheria o pequeno buraco que tinha no meio das suas pernas...

CONTO de NATAL- Parte 1

A MORTE DO NATAL...

Lamento ser eu a trazer esta terrível e deprimente notícia mas este será mesmo o ÚLTIMO Natal. Tudo começou com a greve das renas promovida pelo mesmo sindicato que defende os trabalhadores da AutoEuropa.

O Pai Natal teve de fazer as entregas dos brinquedos em low cost, envolveu-se com a hospedeira de bordo, a Mãe Natal descobriu.

A hospedeira de bordo tinha gonorréia e agora Pai Natal, Mãe Natal e as dóceis renas (fuck) têm a doença.

A hospedeira de bordo apaixonou-se pelo Pai Natal e não sai da soleira da porta. O Pai Natal quer muito deixa-la entrar mas a Mãe Natal não deixa gerando-se um clima de discussão e mau estar insuportável. As renas continuam a tentar perceber como contraíram a doença.

A Coca-Cola despede o Pai Natal, a Mãe Natal pede o divórcio e a hospedeira de bordo enfrenta um processo no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. As renas começam a desconfiar das festas e carícias que aquele meigo velhinho lhes dava depois de cada desgastante viagem.

O Pai Natal refugia-se na bebida, a Mãe Natal foge com o seu personal trainer brasileiro, a hospedeira de bordo é condenada a prisão perpétua e enviada para uma prisão de alta segurança em Portugal (casa de um qualquer autarca) e as renas decidem vingar-se do quase sempre embriagado Pai Natal na mesma moeda...

INTERRUPÇÃO INVOLUNTÁRIA DO NATAL!

Escrevo este texto no alfa pendular a caminho de Lisboa...
O Natal sempre me trouxe sensações de paz e amor, de conforto e alegria pelo convívio entre as pessoas, pela sua natureza bucólica, mágica e envolvente. Pelo ambiente único que a pequena aldéia de onde sou natural propicia.

A véspera de Natal é sempre um rodopio, há sempre inúmeras coisas a fazer até ao fim da quadra Natalícia. Pouco lazer e muito trabalho que envolve sempre uma grande dose de responsabilidade e espirito de sacrifício.

Quase toda a comida é preparada no dia 24 para que esteja tudo fresco e fofo. A minha função é, obviamente, enfardar de tudo um pouco para aferir da qualidade de tudo antes de ir para a mesa para serem devoradas por todos aqueles que nos visitam. Tremenda responsabilidade para não falar da capacidade de sacrifício pelo facto de tudo aquilo que como vir a ferver directamente para a boca. Sejam os bolos de bacalhau, as filhós, o polvo, a "raielha", as rabanadas, etc..., tudo vem directamente do fogão, da frigideira ou do forno directamente para a minha boca...

Após duro trabalho é tempo para um pouco de lazer e diversão, saíndo para a rua e enfrentando o frio cortante para visitar vizinhos e amigos. Desejar "boas festas" é apenas um pretexto para beber vinho do porto e comer de tudo um pouco!

Depois volta-se a casa para a Céia de Natal, abrir as prendas em volta da lareira e voltar à rua para ir até à enorme fogueira no cruzeiro da aldéia, tão grande que normalmente dura 4 ou 5 dias!
Dia 25 vai-se à missa de Natal (não falho uma desde 1954), almoço em familia e, se depois do almoço ainda me conseguir mexer, sair novamente para mais umas visitas que não se fizeram no dia anterior (ou para visitar novamente as casas onde o vinho era mesmo bom)...

Não me perguntem porque mas o Natal na aldéia tem sempre mais qualquer coisa...

Por isso este ano decidi ABORTAR o Natal (sosseguem, fi-lo numa clinica devidamente autorizada) pois a Lisboa falta muita coisa. Falta a aldéia, algumas pessoas especiais que já partiram, outras que estão noutro lugar a passar o Natal e uma em particular que é o melhor do meu pequeno Mundo e entrou na minha vida de forma tão simples quanto intensa, tal como dois dedos numa vagina menstruada...

De qualquer forma para todos os que não abortaram o Natal desejo-o cheio de Amor, paixão e muito calor humano...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

MENage à 3 .


A todos os homens que a certa altura ouvem dos doces lábios da sua companheira a frase mágica:
"- Quero fazer sexo com uma mulher!"
A primeira reacção é desconfiar de forma que as primeiras questões são delicadas e sempre direccionadas no sentido de lhe imputar essa responsabilidade, para mais tarde não sermos de alguma forma implicados nessa escolha mesmo que ela já tenha por nós sido sugerida inúmeras vezes.
A segunda é, naturalmente, perceber se essa fantasia nos inclui.



Estando estas duas premissas salvaguardadas logo a nossa imaginação nos transporta para um sem fim de cenários prováveis, uma panóplia de possibilidades, cada uma mais saborosa que a outra. Pensamos que este pode ser um caminho para a absolvição de todos os nossos pensamentos sexuais mais secretos e sujos, para todas as horas de masturbação passadas a pensar nisso, um bilhete gratuito para uma saída fácil da prisão, um sinal dos céus para os mais devotos e, melhor ainda...
TUDO ISTO FOI IDÉIA DELA!

Mas nada é gratuito, mes enfants...

Na maioria dos casos, a mulher propõe isso porque andava sexualmente insatisfeita (sim, parece impossível mas acontece), ou como uma tentativa desesperada para salvar um casamento, dada a rotina e monotonia em que a relação mergulhou (e só não sugere ser com outro homem porque já sabe à partida que nunca o permitiriamos).


Ora, um casamento, como toda a gente sabe, é considerado uma cerimônia religiosa, se não estou em erro (e já pesquisei durante horas na net) não há nenhuma religião em que um menage à tróis seja indicado como um dos caminhos para a redenção e, a não ser que a mulher escolhida seja freira, nada do que possa acontecer durante esse "divino" acto pode ser considerado religioso.

Uma solução para salvar o casamento e voltar a deixa-la mais molhada que uma manhã de Inverno no Porto seria comprar uma jóia do tamanho de um salpicão, uma mala maravilhosa que combine com os sapatos novos, ou adoptar uma bela criança africana. Ouvi dizer que faz maravilhas!

Porque depois dessa fantasia realizada ela pode perceber que o "sexo carinhoso" tem as suas vantagens e que o facto de uma mulher conhecer melhor que ninguém o seu próprio corpo e usar as mesmas ferramentas é desde logo uma considerável vantagem!
Pode perceber que afinal é possível ter orgasmos tão intensos ao ponto de ficar inconsciente e que, por muito convincentes que os homens sejam, podem descobrir que "múltiplos orgasmos" são muito mais que um mito criado para descrever a maravilhosa sensação da produção orgásmica em série!
...
Sendo assim só posso dizer-vos: Cuidado com o que desejam!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um caminho? Mas qual caminho?...

Na vida não há apenas um caminho nem há apenas uma vida.
Na vida não há apenas felicidade, tristeza ou indiferença.
Na vida não há apenas uma decisão ou uma vontade.

Ao longo da "minha vida" já percorri vários caminhos, já experimentei várias sensações provocadas por decisões ou vontades. Já fui feliz sem nunca sentir que fosse indiferente, pelo menos não em relação aquilo em que acredito. De uma forma geral sinto-me preenchido. Aliás, se morresse agora e me fosse permitido experienciar uma emoção após a minha morte ela nunca seria desilusão, dor ou qualquer tipo de arrependimento.

Provavelmente sentiria que era uma merda não me ter despedido e sem pedir que fosse enterrado com o leitor de mp3, uns cd's seleccionados, umas garrafas de bom vinho e umas caixas de preservativos...
A maioria das pessoas provavelmente diria que não fiz nada de significativo ou relevante, eu poderia facilmente argumentar contra isso mas não o vou fazer. Primeiro porque a esta hora o meu cérebro já não da para mais e além disso não me apetece. Em segundo, e é um clichê, porque esta realização tem de ser pessoal. E aí penso que reside a justificação para a sociedade acéfala que me rodeia. Cada vez mais as pessoas deixam de ser elas próprias para passarem a ser alguém que supostamente devem ser. Não sei bem quando mas perdemo-nos em algum momento da vida e quando queremos voltar atrás é demasiado tarde ou não sabemos como...
Só nos restam duas opções:
Ou estagnamos e bloqueamos entre o que fomos e o que não queremos ser ou seguimos o caminho que alguém traçou. Em qualquer dos casos estamos fodidos...

E porque sou eu especial e diferente? Não sou...
Mergulhei de cabeça nesta sociedade hipócrita, bebi da sua estupidez, alimento-me todos os dias da sua ignorância e tornei-me mais um. O meu ódio próprio...
Felizmente à noite tudo faz mais sentido por isso só peço:

PAREM O MUNDO, QUERO SAIR!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bota-lhe couve galega!

Ia postar um texto sobre os meus 33 anos de vida mas como desde a minha última auto análise não mudou assim tanta coisa fica para a próxima.

Como alguns saberão, ando a estudar para ser escritor (o que será um crime se vier a suceder) e as últimas aulas foram sobre um tema que não me fascina particularmente, Poesia!

Apesar de tudo a poesia de agora já não é tão formal como antigamente acabando, muitas vezes, por se misturar géneros literários ao ponto de não se conseguir, com rigor, perceber em que género se incluem alguns textos ou obras.

Os versos que coloco a seguir são antigos e pertencem a uma pessoa que já faleceu, à qual presto hoje um pequeno mas merecido tributo. Inteligente, mordaz e surpreendente.... Teresa Moscas!

"Ò Vila Real alegre
província de Trás-os-Montes
no dia em que te não vejo
não boto feijões ao caldo.

Plantei no meu quintal
sargaços que dão feijões
quem morre sem ter amores
vai pró céu aos trambolhões.

Semeei no meu quintal
sementes de amor-perfeito
nasceram-me as patas de um burro
com uma candeia na mão."

LINDO....

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Noites Longas


Hoje é mais uma dessas noites. Longa…


Daquelas noites em que a Lua está escondida. As estrelas estão distantes. A escuridão outrora aconchegante é hoje uma estranha que se funde numa solidão perpetuada por um silêncio perturbador.

Hoje, como sempre, vivi na base das sensações que provocas, na vida que geras e nos sentimentos que incendeias.

A eterna batalha dos sentidos…

Aquela que sei que não posso ganhar, mesmo que a esteja a viver intensamente, mas que infelizmente não sei como contrariar!

Sou um vagabundo nesse contexto particular. Por vaguear por sensações impossíveis, por me expor perante sensações extremas de prazer, de amor. Por me sentir nu sempre que “estas”. Por me sentir perdido sempre que te “eclipsas”. Por sentir que não existo no mais profundo do meu íntimo para além daquilo que representas para mim.

Por não me sentir quando não te sinto!

Por parecer nunca ser suficiente!

Em ti conheci mais que em toda a minha vida passada. Um pequeno “nada” teu é sempre um enorme “tudo” para mim.

Em ti tudo é mais simples. Tem mais significado.

És como um multiplicador comum a tudo o que é positivo. De cada pequena coisa multiplicada por ti resulta sempre algo mágico. Algo que nem julgava existir, que me surpreende e ultrapassa…

Sei que já o disse mas tu és o meu Milagre. Desde que te conheci que percebi que ias mudar-me. Da forma que mais desejamos ser mudados. Por isso sempre te aceitei com um sorriso, aceitei-te sempre do modo que podias existir na minha vida. Na minha mente, no meu corpo!

Não percebo como cheguei “aqui”. Fiz todo o caminho desde o Início e não sei como cheguei a este emaranhado de sentimentos simples mas intensos demais para serem suportados por um simples e humilde mortal!

Hoje é uma daquelas noites...

Não quero dormir. Os meus sonhos iludem-me. Fazem-me sentir mais. Tornam tudo mais difícil por não estares presente. Por aumentar tudo o que és e tudo o que provocas em mim.

Por isso esta noite “desisto”. Não do que sinto, não do que desejo, tão pouco do que acredito.

Desisto apenas do conformismo que um sentimento assim gera. Não vou (nem posso) ficar por aqui, sei que este é o MOMENTO de ir mais além, de querer mais!

Ainda não cheguei ao cume desta sensação que sei ser única (embora me sinta um aprendiz no que a ela concerne), de uma sensação que só tem paralelo no limite dos nossos sonhos, dos nossos maiores e mais profundos desejos.

Mas não posso promete-lo. Quem me dera conseguir. Não sei se serei capaz. A força que não tive para te conquistar espero tê-la para te mostrar que somos perfeitos juntos. Que somos completos. Que finalmente nos encontramos para não mais nos perdermos…

Um dia pensei:

“Talvez te encontre outra vez. Noutro lugar. Talvez te ame de novo. Talvez tenha coragem para te beijar dessa vez. Talvez te consiga mostrar aquilo que não consegui desta. Talvez tenha mais “pequenos nadas” teus. Talvez...
Sei que não é fácil fugir disto. Sei que não quero perder-te. Não sei o que sentes de verdade. Ou não quero perceber...”

Um dia pensei que não fosse possível encontrar-te nesta vida. Um dia pensei que não seria possível beijar-te. Um dia pensei que seria impossível…

Já sabia que esta noite ia ser longa. Entre uma garrafa de vinho que insiste em troçar de mim por conhecer o motivo pela qual a abri, uma música que toca repetidamente no PC, como se me quisesse lembrar de algo importante que não devo esquecer e a luz de um candeeiro em frente que irrompe pela janela subida do meu quarto escrevo estas confusas e perdidas palavras.

Não sou mais do que era há uma hora atrás. Também não sou menos. Sei que tudo vale a pena desde que vividos com intensidade, embora soframos na exacta medida das nossas pretensões frustradas e da energia e paixão que colocamos na sua concretização. Mas em tudo há algo de belo…

Num sorriso. Numa lágrima. Numa canção. Num cheiro. Num toque. Num suspiro. Numa palavra. Numa brisa. Num silêncio. Num beijo. Num amor, correspondido ou não...

Sou aquilo que as sensações que percorrem o meu corpo me ditam!

Amanha continuarei a ser assim. Continuarei a respirar. Não deixarei de ser o que sou hoje nem ontem. Ou era há uns meses atrás. E nunca mudaria para te conquistar, porque aí estaria a deturpar o que sou e não acrescentaria nada de novo.

No fundo nada ira mudar mas tudo será diferente!

Ou talvez não. Quem me dera que fosse fácil. Odeio as grandes decisões. Amo quando elas são provocadas naturalmente. Mas nem sempre é assim. Como desta vez...

Afinal não foi assim tão longa esta noite!

A garrafa de vinho vazia ao meu lado já não troça de mim, mudei a canção que se repetia a cada 6’06’’ mas a luz do candeeiro continua lá. Porque há sempre uma Luz mesmo que às vezes não a vejamos. Aquela luz que nos mostra o que é realmente importante. Que nos guia. Que nos preenche. Que nos salva!

Tu és a minha luz. Mesmo que muitas vezes não te veja. E, como também já te disse, és uma das mulheres mais extraordinárias que já tive o prazer de conhecer. Tens uma alma enorme e um espírito imenso!

E amar-te foi sempre inevitável…

Uma parte de mim será sempre para Ti. Serás sempre a parte mais importante do meu dia!

Como te amo...

(Mais) um beijo. Um abraço. Um sorriso. Um TUDO…
“hic” (bom vinho)…


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Estado Portugês: Ignorante ou Burro?


Quando criei este blog assumi claramente que não iria ser generalista no sentido de não falar de futebol, política ou algo relacionado com a sociedade que não a sua vertente humana.
Infelizmente, ou não, há alturas em que se torna quase inevitável não falar de determinados aspectos dado o seu caracter indissociável da condição humana na medida em que nos influencia ou condiciona!

Como toda a gente sabe o Estado Português teve a brilhante idéia de introduzir portagens nas SCUT (Sociedade que Come Uns por Trás) desde dia 15 do passado mês de Outubro. Como também toda a gente sabe o Estado Português fê-lo pela necessidade extrema de ir buscar receitas para tapar os buracos que ele próprio cria.

Ora, esta decisão até seria aceitável se não houvesse duas ou três questões relevantes que contrariam esta lógica.

A primeira, contestável e que prova que o Estado português se está a "cagar" para as pessoas e para as empresas, passa pelo facto de as nacionais que servem como alternativa às SCUT simplesmente não serem alternativa, pois há troços onde não passam dois camiões, pontes onde não é permitido a circulação de pesados, da pesada carga financeira para as milhares de empresas existentes na região, entre outros...

A segunda, que prova a tremenda ignorância do Estado Português, é que esta medida contraria uma lei fundamental da União Europeia que diz e passo a citar: "Qualquer cidadão europeu com moeda de curso legal tem de poder pagar em dinheiro".

A terceira, que prova que o Estado Português é Burro, é que com esta medida vai ter prejuízo! Estranho mas rigorosamente verdade! Passo a explicar:
Antes da introdução das portagens o Estado Português pagava uma renda de acordo com o volume de tráfego aos privados através de contratos variáveis, sendo que o risco e prejuízo do pouco volume de tráfego era imputado aos privados. Agora, depois da introdução das portagens, os contratos tiveram de ser renegociados passando a uma taxa fixa que, obviamente subiu, sendo que as receitas com as portagens estão estimadas em apenas 30 a 40% daquilo que a Estradas de Portugal vai pagar às Concessionárias! Com esta medida só as Concessionárias ganham!

Naturalmente que não é preciso ser muito inteligente (ao contrário dos nossos governantes) para perceber que isto vem com uma intenção clara de beneficiar os privados que, mais tarde ou mais cedo, terão de retribuir o favor com cargos para aposentados políticos e prémios de muitos milhões, em sintonia com os muitos milhões que essas Concessionárias lucram com esta e outras medidas!

A resposta à questão que dá título a este texto seria óbvia, AMBOS! Mas depois do último parágrafo percebe-se que talvez não seja assim tão linear e que talvez os burros sejamos (mais uma vez) NÓS!!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Amor-Mais-Que-Perfeito!...



No dia em que se assinala um mês de "vida" deixo uma música que me diz muito, não apenas pela música em si mas pelo significado das suas imagens, que não terão significado para mais ninguém a não ser para "nós". A música em si, tem o sentido que qualquer pessoa lhe quiser dar.

No "nosso" caso significa muito mais do que aquilo que a banda poderia supor que alguma vez tivesse. Atingiu o auge da beleza, do amor, da persistência, da vontade, da fé...
Atingiu o propósito que no seu extremo deveria servir. Atingiu o limiar de tudo o que um verdadeiro amor representa e será sempre interpretada desta forma, pelo menos para mim!

Nunca desistir daquilo que sabemos ser certo (real ou não). Nunca ceder à tentação natural de nos limitarmos ao básico. Seremos sempre um pouco mais se seguirmos a nossa vontade, este sempre foi o meu lema...

Provavelmente dor será sentida, momentos passarão em claro, rumos indefinidos serão seguidos. Mas no fim acabaremos sempre por nos encontrar e nos perder exactamente no mesmo sítio, da mesma forma, provavelmente com a mesma intensidade e certeza. E sentir que isto é apenas o começo transporta-me ansiosamente para um futuro incerto pelas mudanças naturais. Incerto mas seguro! Contraditório? Talvez...

Para já vou controlar a ansiedade, respirar fundo e aproveitar aquilo que estou a viver, um dia de cada vez. Dias que se rodeiam de uma clara sensação de magia, um ambiente bucólico que existe apenas nos quadros mais inspirados ou num qualquer efeito irrepetível da natureza. Momentos-Perfeitos :)

Por isso (e enquanto não fodermos tudo) vou continuar a dar o melhor de mim para que o fim não chegue nunca...

Brutamo-te ciganita...

sábado, 16 de outubro de 2010

The Spirit Was Gone



"The spirit was gone from her body
Forever and had always been inside that shell
Had always been intertwined
And now were disintwined
It's hard to understand
Oh..."


Finalmente saiu o novo álbum de Antony and the Johnsons. Na verdade já saiu há quase uma semana mas só hoje fui compra-lo.
Sem perder o lado melodramático e monocórdico que a voz de Antony Hegarty acentua a cada sopro de voz, este novo álbum anuncia um "fim".
Percebe-se claramente nas canções uma tristeza profunda pelo actual estado das coisas, o sofrimento e melancolia estão intrínsecas no álbum.

A humanidade aproxima-se do fim...

Gostava de conseguir ouvir este álbum sem o entender, sem lhe dar significado além daquele que as melodias transmitem.
Gostava de ser estúpido ou ignorante o suficiente para não entender, de ser apenas mais um louco que sorri a tudo e vive solto pelos locais mais improváveis.
Gostava de não perceber a sociedade, as organizações, a ganância e a fortuna.
Gostava de não sentir a hipocrisia, a maledicência e a falsidade das pessoas.

Apesar de tudo este álbum e qualquer outro que nos transmite uma profunda tristeza (não confundir com estados depressivos) não seria o mesmo se essa tristeza não fosse real, se não fosse sentida dessa forma na voz arrepiante e quase bucólica deste "profeta sensorial". Sente-se a desilusão, a dor e, pior que isso, sente-se que é impossível lutar! Há claramente um sentimento de impotência para mudar o sentido das coisas tal como uma bátega cuja tromba de água impiedosa varre tudo por onde passa!

Apesar de tudo e depois de ouvir este albúm várias vezes, há um sentimento claro e que marca todo e qualquer registo desta fantástica banda. Não está explicito mas vagueia entre alterações de sonoridade, entre compassos, entre músicas. O Amor...

Se alguma réstia de humanidade sobreviver ao incontornável cataclismo, será seguramente aquela que se basear no amor e na compaixão...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Archive - Controlling Crowds



Hoje resolvi escrever sobre a anedota em que se transformou o “Mundo”, a sociedade global e falar de merdas que não interessam a mais de 3 ou 4 pessoas!

Não me vou preocupar em estabelecer critérios rígidos sobre a forma como digo as coisas nem as vou fundamentar demasiado. Em primeiro lugar porque não me apetece, em segundo porque não quero lançar o pânico entre os mais conformados ou cépticos. Se alguém se quiser dar ao trabalho, deixo ao vosso critério aceitar, interpretar ou criticar os meus devaneios mais ou menos inconscientes ou então provocados por um elevado grau de alcoolismo no qual me encontro habitualmente.

Nos últimos dois dias expus-me a um sacrifício extremo que me criou um estado de depressão profundo, um sadismo quase indescritível e até condenável do ponto de vista do bem-estar humano…

Vi um telejornal até ao fim…

Por norma evito estar muito actualizado pois assim tenho sempre a eterna desculpa da ignorância mas neste momento não me posso refugiar nela para me descartar de falta conhecimento do estado actual das coisas. O grande problema não é estar informado, o meu grande problema é ver ao ponto a que as coisas chegaram!!
Será que neste País (apesar de ser um problema global) não há ninguém com projecção mediática minimamente inteligente para dizer alto e bom som o que está a acontecer?!!

Soube, entre outras, que os dois maiores sindicatos do País se vão unir numa greve geral. Ora, isto para a maioria dos comuns mortais (sim, sou presunçoso ao ponto de me julgar à margem da maioria da população mundial, já estou como o outro, sou “especial”) seria algo fantástico pois significaria que o ponto a que as coisas chegaram impõe que haja uma união ainda mais abrangente que permita criar uma força de bloqueio “ao governo e às suas políticas”. Para mim isto não passa de pura hipocrisia.

A meu ver os sindicatos foram criados com um fim específico, controlar as multidões (daí a música que acompanha este texto). No momento em que são divulgadas medidas contra os trabalhadores de uma forma geral, ou contra algum sector em particular, lá vêm os sindicatos acalmar os ânimos!
“Não se preocupem que nós tratamos disso!”
E convoca-se uma greve (demasiado pacífica) que na prática só serve para prejudicar ainda mais a produtividade nacional e manter com rédea curta as massas.
O papel dos sindicatos é claro, enriquecer à custa do poder negocial que ganharam junto dos governos (eu vejo isso como pagamento de um favor), refrear os ânimos e controlar as massas como o pastor faz com o seu rebanho.

Sim, porque neste meu contacto com os telejornais vi que noutros Países onde não são tomadas medidas tão austéras há motins e revolta por “apenas” uma ou duas medidas de austeridade! Somos um povo demasiado brando e pacato. O que até seria bom se tivéssemos no “poder” pessoas capazes de sensibilizar as pessoas para uma realidade que não é de longe aquela que nos é vendida!

Só quem anda literalmente a dormir é que não percebe que o sistema financeiro está à beira do colapso, os ciclos de consumo estão no limite, os recursos naturais escasseiam e não há forma de contornar isso. A solução é simples mas impraticável pois a globalização impede-o.

É muito salutar a aproximação dos povos, de culturas e a evolução permitiu-nos alargar os nossos horizontes ao ponto de nos movermos sem grande dificuldade por 70 ou 80% do planeta. Mas que não se espere que daí não advenham consequências graves!

E uma delas está à vista e para breve. A bancarrota de um País (ou vários) em prol da evolução, de um bem maior chamado União Europeia! Aliás, em alguns Países isso já sucedeu e, como peças de dominó, muitos mais vão continuar a cair!

Andamos a pagar a agricultores para deixarem de produzir, as nossas crianças não fazem ideia de onde vêm os alimentos nem como cultivá-los. Quando se acabarem nas prateleiras dos hipermercados ou estiverem a um preço proibitivo (e que ninguém tenha dúvidas que mais tarde ou mais cedo isso vai acontecer) iríamos desejar saber mais umas coisas sobre o assunto!
Neste momento há vários Países que não têm capacidade de se auto-sustentar, naturalmente Portugal é um deles, e como disse há tempos um ministro numa intervenção na sede das Nações Unidas “…produzam, porque num momento de crise nenhum País virá a correr para vos matar a fome…”

Ou se começam a limitar as importações, que para além de contribuir para diminuir a dívida externa (que é um dos principais problemas do País dado as subidas das taxas de juro) iria obrigar a uma maior produção nacional = menos desemprego = menos carga fiscal = a maior qualidade de vida, ou então estamos condenados a uma escravidão completa de meia dúzia de organizações todo-poderosas que neste momento tentam (com grande sucesso diga-se de passagem) estabelecer uma Nova Ordem Mundial levando governos de vários Países (fantoches) a um constrangimento financeiro tão extremo que se torna insustentável para a maioria das pessoas, de tal forma que motins, revolta e crime organizado serão constantes em qualquer grande cidade da Europa!

Ia continuar mas acredito que já consegui deprimir grande parte das pessoas que me “lêem” e que conseguiram chegar ao fim deste texto. Sim, porque a maioria deve ter desistido a meio…

;)

domingo, 10 de outubro de 2010

Set My Spirit Free


Há coisas que nos mudam, que nos transformam.
Somos constantemente postos à prova e na maioria das vezes falhamos! Emocionalmente somos complexos, contraditórios e imprevisíveis! Temos sempre mais dúvidas que certezas, mais medo que coragem…

Não acredito no destino, nem na previsibilidade. Acredito que somos a exacta medida daquilo por que lutamos. Não do resultado da nossa luta, isso é relativo, mas do empenho, da coragem, do amor que colocamos no caminho que decidimos percorrer! Bem sei que é uma visão muito romantizada das coisas pensar que a satisfação de lutar por algo verdadeiramente grandioso será suficiente, mesmo que essa luta se revele efémera e inconsequente…

Mas prefiro saber que sou assim do que pensar que me enquadro no estereótipo de uma sociedade cada vez mais estéril de valores e de capacidade para sentir!

E digo isto no momento em que vivo algo único, mágico, que abanou os alicerces do meu ser e, de tão "imprevisível", até da minha imaginação exactamente por nunca deixar de sentir, de acreditar...

Vivo-o da forma que ele merece ser vivido, com total entrega, dedicação e sem qualquer receio pelo que possa suceder no futuro.

Não há caminhos fáceis, certos! Há caminhos. Sempre disse que a única coisa que possuo verdadeiramente é a minha liberdade. É a única coisa que preciso manter, a liberdade de escolher o meu caminho. Porque com os meus erros, com as minhas falhas, com as minhas más decisões eu consigo lidar. Não conseguiria era lidar com a frustração de ter seguido um mau caminho que outra pessoa escolheu para mim…

Continuo e irei continuar a ter conflitos com o que sei ser real e o que imagino. A minha mente irá continuar a pregar-me partidas, irá continuar a iludir-me com lampejos de vida inalcançável em miríades de sonhos coloridos pela capacidade que o meu coração tem de amar. Irá continuar a mostrar-me quem não consigo ser…

Assim espero pois conseguindo ver as coisas dessa forma, terei pelo menos a certeza de saber pelo que luto! Terei a certeza de saber o que vale a pena, mesmo que nunca o alcance.
Neste instante sinto-me crescer sem dúvidas, sem medos! Sei claramente o que vale a pena...

Neste momento sinto a coragem de lutar pelo que realmente sei ser certo, pelo que acredito! Libertando o meu espírito, enaltecendo a essência de uma vida e voando até cair sem forças…

Apetece-me gritar: “FREE AT LAST” pois eliminei todos os bloqueios. Tive a coragem de me libertar daquilo que me satisfaz mas não me completa. Que não me faz evoluir ou ser uma pessoa melhor! Não vai ser fácil porque todos os dias somos aliciados por pequenos Hitlers disfarçados de benfeitores com promessas de bem-estar e felicidade ao alcance de todos em troca de algo tão “vulgar e insignificante” como a nossa capacidade de amar, de sentir e de sermos únicos.

E perdemos o melhor de nós com uma facilidade impressionante ao mesmo tempo que desviamos o olhar e passamos ao lado do verdadeiro sentido das coisas…

Se mais tarde me aperceber que foi o caminho errado e que qualquer outro teria sido melhor basta-me pensar como seria se para sempre vivesse na dúvida…

sábado, 2 de outubro de 2010

Vindimas!!


Hoje escrevo sobre vindimas!

Infelizmente este ano não tive possibilidade de estar nas vindimas :(
Demagogia, escapaste-te de Boa, pensam vocês! Não, de longe. É uma época única e tudo me agrada de uma forma muito particular. Gosto de tudo, da aldeia, da agitação, das vinhas, dos cheiros, da pureza do ar, da alegria, até de chegar ao fim do dia completamente rebentado.
Mas no fundo, gosto das pessoas! A forma como se vive esta altura é diferente de todas as outras!

Uns usam as vindimas para beber à vontade sem que a mulher o recrimine!
"Oh mulher, anda um homem farto de trabalhar e nem se pode beber um copo?!?!"

Outros para "parecerem" ocupados já que nesta aldeia são poucos os momentos de agitação e stress, é uma parcimónia tal que diria que os anos aqui se repetem! Fala-se nas vindimas desde que a festa da aldeia acaba (meados de Agosto) ate ao Natal. Fala-se com este e com aquele para ir ajudar, tem de se preparar comidas, fazer planos tão complexos e elaborados que nem a maior corporação ou empresa conseguiria implementar com os métodos mais eficazes de gestão!
Há pessoas que não dormem preocupadas! É uma época de tensão, terrível, desgastante!
:)

É esta simplicidade que me agrada na aldeia, as pessoas são tão simples, humildes e genuínas que não posso ter vontade de ir parar a mais lado nenhum!

As vindimas são de facto uma época especial, diferente. Principalmente as que se fazem para a adega da casa do proprietário! E é uma das vindimas do ano passado que aqui retrato...

Começa-se cedo!! Às 6h20 toca o despertador. Saio ensonado da cama para tomar o pequeno almoço. Visto-me ainda a cambalear e com os olhos meio fechados. Saio de casa de forma vagarosa e sonolenta e reunimo-nos todos na casa do "patrão" da vindima! Começo a ouvir barulho e só penso que tanto barulho logo de manha não!!!

Digo Bom dia de forma arrastada e até algo ríspida por sair da cama tão cedo e do outro lado levo com um elegante e auspicioso "Vá, anda de lá beber um copo de vinho do Porto?!?!"
Possas, pensei (eu sei, ninguém diz possas...), PORRA! São 6h40 da manha!!! Vinho do Porto?!!? Que é feito do tradicional leite? Pronto, com café, para não parecer muito "copinho de leite" como se diz por aqui!
"Anda lá, bebe um copo e come do bolo!!"

E começa a festa :)

Até chegar toda a gente passam uns vinte minutos e dois cálices de vinho do Porto e bolo! Até chegar ao local da vindima passam mais vinte minutos! E quando o pessoal já esta em velocidade de cruzeiro e a trabalhar com afinco...

"Vá, vamos comer!!!"

Porra :), são 9h!!, já comi torradas e bebi leite, depois vinho do Porto e bolo e já vamos comer outra vez!!! Mas pronto, uma coisinha leve ainda vai...

Ora, se há coisa que não existe numa vindima são pequenos almoços "leves". Desengane-se quem imaginava um pequeno almoço com fruta, cereais e afins!!! Nah, isso é coisa de cidade, de betos e em casos mais extremos é até considerado um pouco "gay".
Entre outros, o pequeno-almoço é constituído pelas nutritivas Moelas carregadas de molho, Azeitonas, Bifanas, Panados, Enchidos, Queijos, Bacalhau frito, entre outros! Tudo acompanhado de um bom vinho tinto!!!

São 9h da manhã!!! Aliás, eram, porque entretanto já passou mais meia hora:)
Arruma-se tudo nos cestos (a comida vai em cestos para o campo) e toca a trabalhar!
Ora, penso eu, agora é que vai começar a doer porque até agora ate se aguentou bem!

Voltamos ao trabalho ainda mais alegres que quando começamos (bom do vinho) e agora sim, já começa a cansar. Os terrenos são árduos, os baldes de uvas pesam e começa a fazer calor!...
Depois de uns minutos a trabalhar ouve-se: "Tragam lá o vinho!" Bebe-se e isto passa-se a cada 15 minutos! Mas não muitos quinze minutos porque qual a minha surpresa quando reparo que acabou!
Horas? 10h40!!!

Não pode, deve haver mais terrenos, penso eu...
Não há! Noutra altura a minha primeira reacção seria pensar porque raios tive que acordar tão cedo se isto em duas horas bem trabalhadas ficava tudo feito!!! Mas não, já nem me lembrava de ter acordado cedo!
Não há mais terrenos, vamos para casa!
Ah, pois, mas ainda se vai trabalhar a sério agora!!

É preciso levar as uvas para casa, esmaga-las e pisa-las! Chegados a casa as "mulheres da cozinha" chegam com entradas e cervejas frescas para os valorosos homens e mulheres que tanto trabalharam e mais uma vez.... claro, come-se!!

São 11 e pouco. Depois de restabelecer as forças viram-se as toneladas de uvas para o lagar (vá, 1500 kg, mais coisa menos coisa), esmagam-se as uvas de forma artesanal (esmagadora ligada à tomada) e...

Já está! Passaram 20 minutos!
É quase meio-dia! Claro, toca a comer! Entretanto alguém diz que todos podem ir tomar banho (não se vai trabalhar de tarde?!?) para vir almoçar!

Depois de almoçar a dona da casa ainda diz "Hei, vêm cá à noite comer o bacalhau!!"

Depois de tudo isto eu penso? A maior parte das pessoas não são pagas, usa-se muito a troca de favores, mas se fossem pagas era impossível ter lucro!!! Só eu comi e bebi mais do que o lucro que aquela pessoa pode ter com o vinho!!!

Aqui aprendi mais isto! As pessoas não procuram o lucro, procuram sentir-se bem! A vaidade nas pessoas existe, naturalmente, mas rege-se por padrões tão simples que nem conseguia entende-los! As pessoas valorizam as pequenas coisas! Vivem-se da forma que devem ser vividas. As cores são mais nítidas, as sensações também. As preocupações existem sob a forma de pressupostos quase impossíveis de conjugar para a sua concretização!

Depois de reescrever este texto só penso no cheiro das moelas e bacalhau frito logo pela manhã. Acabei de almoçar mas estou cá com uma fome...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

YEAH YEAH YEAHS - LITTLE SHADOW



Haverá sempre pequenas sombras pacientemente à espera de uma oportunidade para nos lembrar que à noite será sempre infinitamente pior...

Porque à noite as sombras do passado tornam-se mais densas, mais presentes, mais constantes e com uma intensidade à qual é impossível resistir. Com os olhos bem abertos focando o vazio no meio da escuridão procuramos respostas e um sentido no que agora nos confunde ao ponto de acharmos que não há saída! Que as sombras nos envolvem de tal forma que as nossas forças abandonam o nosso corpo cansado de lutar e sucumbimos à inevitável força do vazio em que nos encontramos.

Somos um espectro daquilo que projectamos ser e perdemo-nos em considerações vagas, patéticas e sem qualquer tipo de validade humana. Mergulhamos ainda mais fundo, as sombras ganham uma força transcendente ao ponto de se tornarem irresistíveis e de nos fazerem sentir envolvidos por elas de tal forma que acabamos por aceita-las como naturais, chega ate a tornar-se confortável sentirmo-nos envolvidos por elas!

Nesse momento misturamo-nos de tal forma que somos apenas mais uma sombra, mais um elemento insignificante do vazio...

Nunca me deixarei misturar nesse vazio. As sombras nunca serão suficientes para me fazer esquecer quem sou e do que preciso. Tu sabes de que preciso...

A solução é habitualmente simples. Abro a janela e a Lua ligeiramente encoberta pelas nuvens da-me a luz suficiente para me encontrar! Apesar das dúvidas...

Mas nenhuma certeza se faz sem dúvidas. Andamos constantemente à procura de respostas mas muitas vezes não percebemos que não estamos a fazer as perguntas certas...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Uma carta simples...


A distância cria sempre um sentimento de vazio, seja ele momentâneo ou duradouro. O passado nunca fica no passado! Ele acaba sempre por voltar, mais cedo ou mais tarde, seja para nos atormentar ou apenas para nos lembrar do que podia ter sido! Por isso resta-nos esperar que as coisas voltem ao que foram ou acomodar-mo-nos na certeza que nada volta a ser como outrora!

Ora, eu nunca fui muito de me acomodar, principalmente no que a emoções diz respeito. Não há muito mais para nós neste Mundo. Importam as pessoas e o que elas representam para nós, na nossa vida. Interessam aquelas que se preocupam, que mexem connosco, que entram na nossa vida para não sair mais, as que tocam no coração, que mexem com a nossa cabeça, com a nossa alma!

Nunca fui o estereótipo de nada, nem de homem, nem de modelo comportamental, nem de estilo de vida! Mas agora estou aqui, desejando ser, por uma vez, o teu tipo de Homem! O tipo de homem que não te permitisse ter dúvidas e onde te encontrasses! Ser o teu cheiro, os teus braços, o teu peito, a tua vida, os teus Nadas! Ser algo, o suficiente, para que nenhum outro mundo fosse importante nem nenhuma outra vida fosse completa senão a nossa!

Não estar apenas no teu pulso nem na tua cabeça a cada cinco minutos! Sabia que nada ia ser igual mas não esperava que mudasse tanto a perspectiva que tinha de tudo, até das pequenas coisa. Querer tudo é pouco! O nada já não existe mais...


"Eu não estava à procura nem à espera. Entreguei-te o livro, tu leste, olhamo-nos, sentimo-nos, beijamo-nos.

Foi uma tempestade perfeita.

Quando dei por mim queria passar o resto da minha vida naquele momento, naquela conversa, naquele tempo. Nunca pensei que pudesse passar mas não esperei que voltasse ainda mais forte. E agora estou aqui tentando que tu durasses em mim para sempre dessa forma. Agora estou aqui com a extraordinária sensação de que podes ser a mulher da minha vida.

És completamente louca, de uma forma que me faz sorrir, és neurótica e instável e exiges uma boa dose de manutenção, com muito carinho e concentração para conseguir entender-te. És contraditória e preocupaste demasiado. Acreditas muito em todos os outros quando devias acreditar mais em ti.

Não precisas percorrer o Mundo à procura de respostas quando elas estão muitas vezes tão perto. Não precisas dar esse passo para perceberes do que és capaz. Porque és capaz de tudo, eu sei que sou. E quando mais me apercebo de quem és mais te amo.
Porque apesar de todas as más interpretações para mim és apenas humana, apenas uma mulher linda que erra e que por viver neste Mundo se confunde.

Essa é a boa notícia!

A má é que não sei como ficar contigo neste momento. Não sei como te mostrar que devemos ficar juntos e isso assusta-me de caraças. Porque se não ficar contigo agora tenho a sensação que nos perderemos em algum momento. Não concordo nada que o Mundo seja pequeno, ele é enorme, mau e propício a desencontros e reviravoltas, as pessoas têm tendência a fechar os olhos por instantes e a perder o momento. O momento que poderia mudar tudo. Não há vida sem amor, pelo menos nenhuma que valha a pena viver!...
Não sei ao certo o que esta a acontecer entre nós e não sei como te convencer que devias perder ainda mais tempo comigo. Que deverias arriscar…"



Não sei porque só agora publico esta pequena carta nem se há algum motivo implícito nela. Faço-o apenas pela sensação que ela provoca. Que não é saudade, nem nostalgia, nem dor. Passado ou presente, não sei, apenas certeza que de facto nos perdemos em algum momento. Talvez nem nunca nos tenhamos encontrado...

Poucas coisas na vida são genuinamente sentidas, seja pela tipica desculpa de falta de tempo ou apenas porque a maioria das vezes temos a tendência para desviar o olhar no momento exacto em que algo de bom nos passa mesmo à frente dos olhos.

Mas muitas vezes não basta ter tempo, não basta não desviar o olhar. A sensação de ter tentado eu tenho, a sensação de ter lutado afincadamente por isso também.
Que me resta? Nada... Muito pouco...

Apanham-se os pedaços espalhados pelos caminhos trilhados e seguem-se outros. Sem expectativas nem pretensões desmesuradas, sem frustrações ou dúvidas. Ficar parado não fico, haverá sempre um caminho novo para seguir...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

All Souls go to Hell ;)


Depois de um mês sem por aqui os pés devido a um mês de Agosto passado a mil, entre trabalho, uns dias na aldeia, uma relação desgastante (no bom sentido claro) e muita borga sentei-me finalmente à frente do computador para escrever. Devia colocar umas quantas bolinhas neste texto ou um aviso "Abrir só se for maior de idade e tiver graves problemas mentais"! E aí vai mais um devaneio passado já há uns dias...

"Hoje acordei transpirado! Agitado! Inconstante…
Uma inquietude própria de quem tem plena consciência que acaba de cometer um pecado capital como um homicídio, um roubo escandaloso ou ouvir um qualquer cd dos Delfins.
Até hoje tenho-me contido para não divulgar os estranhos devaneios que me assaltam durante a noite, uns porque não me lembrava da maioria do sonho, outros pelo ridículo ou falta de conteúdo, mas, como me parece que já não sou capaz de chocar ninguém, hoje é o dia em que abro o capítulo do meu imaginário (inimaginável para a maioria das pessoas) e do sobrenatural! Pelo menos daquilo que me lembro (e já não é pouco)!

Nos últimos dias os sonhos voltaram em força. Sonhos que até a mim causam estranheza ao ponto de acordar em sobressalto e completamente ensimesmado! Talvez por andar mais cansado tenho passado mais tempo na cama (desperdício bem sei) e de forma surreal, inesperada e completamente desmedida o meu inconsciente disparou e levou-me a vaguear por Mundos só comparáveis a uma junção dos filmes de Tim Burton com a banda sonora original de uma qualquer telenovela da Tvi e um casal de ciganos com 8 filhos a requerer o rendimento mínimo garantido num balcão da Segurança Social…
Apesar de tudo já devia aceitar estes devaneios como naturais já que acompanham de forma mais ou menos harmoniosa a minha cada vez mais decrépita mente…

Fica o sonho, ou pelo menos aquilo que me consigo lembrar!

“Bato a porta e saio para mais um dia de trabalho. Estou atrasado e por isso vou em passo apressado pela rua abaixo. Sinto-me leve e deslizo pelo passeio como se flutuasse ao longo da rua cinzenta e desfocada. Nem sequer sinto os pés no chão ou o som dos sapatos. Algo de muito estranho se passa mas não consigo discernir o que tanto me perturba enquanto sigo caminho até ao trabalho. Ao passar no espelho de uma montra percebo a razão da minha inconstância!
Nem quero acreditar no que estou a ver!

As únicas peças de roupa (ou adereços, como preferirem) que tenho no corpo são uns boxers justos do Dartacão com a espada em riste e um chapéu da marinha na cabeça!!!
Devia ficar em choque e correr rapidamente para casa mas a minha reacção ao olhar para o espelho foi franzir o sobrolho e pensar que até nem estava mal! Talvez as pessoas à minha volta pensassem o mesmo porque mantinham as suas rotinas normais e mesmo quando olhavam para mim nada mudava nas suas expressões.
Pensei que como acabei de me mudar de uma pequena aldeia para uma grande cidade isto fosse natural e já ninguém dava muita importância a este facto pelas rotinas já tão intrínsecas em cada um.

De qualquer forma decido que dada a indumentária, seria melhor não ir trabalhar! E é no preciso momento em que decido isso que as pessoas começam a agitar-se, a olhar de soslaio e a cochichar entre elas. Algumas até se dirigem a mim em tom insultuoso e com uma maledicência desmesuráveis. Outras riem-se com sarcasmo, outras que apontam o dedo e ainda outras que parecem capaz de me queimar na praça pública!
Apesar disso permaneço calmo e sereno, apenas completamente estarrecido pelas expressões e actos incriminatórios daquelas pessoas.

Entretanto o que aconteceu a seguir, não sei se por algum desejo reprimido ou por influência de uma genial série de tv, até a mim me choca.

Salto deste cenário e dou por mim num caminho longo, rodeado de árvores altas e sebes rectangulares cortadas de forma perfeita. Ao fundo vislumbro um edifício imponente. Resolvo ir até lá, podia ser que arranjasse umas roupas!
Ao aproximar-me confirmo que se trata de uma igreja enorme, construída ao bom estilo manuelino, com um portão enorme na entrada já aberto e uma pequena porta de madeira pela qual entro.
Ao percorrer a passadeira percebo que as estátuas e figuras religiosas que me rodeiam são um pouco diferentes do habitual. Os anjos têm todos pequenas pilas erectas e estão completamente nus. As figuras femininas também completamente desprovidas de roupa estão com expressões de espanto, mamilos arrebitados e pernas abertas de onde sobressaiem volumosas cabeleiras pretas!
“Com mil raios, onde vim eu parar?! – penso”
Mas ao aproximar-me do altar reparo em algo ainda mais estranho. Um Jesus Cristo preto!! Vestido, é certo, e fiel à imagem original, mas tão escuro que tinha 3 holofotes directamente focados nele!

Tento dissociar-me disso mas no instante em que me ia dirigir à sacristia para procurar algumas roupas Jesus Cristo começa a falar comigo!!!
- Que fazes por aqui? Precisas de ajuda? – diz ele.
Abro a boca de espanto e fixo o meu olhar nos lábios escuros que mexiam e ainda não acredito…
- Vais dizer alguma coisa ou vais continuar com cara de parvo a olhar para mim? – pergunta impaciente.
- Mas... tu és preto! Nunca vi nenhum Jesus preto, mesmo aquele do Benfica é branco e tem cabelo grisalho. Aliás, amarelo. Aliás, branco. Ai, nem sei…
- E que tem ser preto? É por esse tipo de discriminação que este Mundo está em total decadência de valores! Só por isso vais rezar cem pais nossos e cem avé marias!
- Porra… peço desculpa… possas, porque tamanho castigo? – pergunto revoltado e com surpresa.
- Puseste em causa o meu nome, a minha magnificência e divindade! – responde aborrecido.

Antes que agravasse ainda mais a minha situação acato o castigo e preparo-me para rezar quando do nada aparece uma freira com as mãos cruzadas à frente e dirige-se a mim…
- Olá João, tenho estado à tua espera!
- À minha espera? Só entrei para procurar umas roupas e de repente ali o teu marido começa a falar comigo! Ainda por cima obriga-me a rezar sem qualquer motivo válido!
- Não ligues, ele às vezes consegue ser bastante intransigente, talvez devido a uma certa frustração por ser o único Jesus Cristo preto, acho que isso continua a incomoda-lo. Mas diz-me, além da roupa há algo mais que te preocupe? – pergunta ela com uma voz suave e extremamente sensual.
- Bem, há de facto algumas questões mas não quero aborrece-la com isso.
- Não te preocupes João, é exactamente para isso que cá estou! – insiste.
- Há de facto uma coisa que me preocupa, namoro há uns dias mas ainda não consegui leva-la para cama, o que é de facto uma chatice porque foi exactamente por isso que comecei esta relação. Agora diz-me que sexo só depois de casarmos e até estou disposto a isso porque ela vale seguramente o sacrifício!
- Isso é realmente um problema e não me parece que rezar resolva o problema.
- Pois, também não me parece que seja a solução! – digo em forma de desabafo.
- E que tal um broche? – diz ela
- Ahn? – pergunto como se não tivesse entendido.
- Um broche, ia fazer-te sentir melhor?
- Tu... fazeres-me um broche?? – pergunto ainda incrédulo.
- Algo me diz que ele não se vai chupar sozinho – diz, soltando os cabelos compridos e lançando-os para trás das costas com um movimento de uma sensualidade arrepiante.
- Sim, quer dizer, não – exclamo atónito e até confuso – Mas, tu és uma freira? Uma freira toda boa, sem dúvida… E ali o teu marido? – pergunto com algum receio.
- Sou casada com ele mas não lhe pertenço.

Nesse momento ela baixa-se, desce os meus boxers enquanto eu coloco o chapéu da marinha à frente dos olhos do Jesus preto e exclamo num misto de satisfação e inabalável certeza:

“Meu Deus do Céu João, vais arder no Inferno…”"

(**)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Paga e não "sopres"...


Hoje fui multado!
No exacto momento em que atendo o telemóvel passa um carro da polícia por mim que não se inibiu de inverter a direcção que seguia numa linha contínua e colocar em perigo os condutores que seguiam em sentido contrário.

Algum tempo depois encosto e sou abordado por um polícia ainda novo, forte mas ágil, de expressões carrancudas e visivelmente mal disposto!

- Os seus documentos e os documentos da viatura!
- Pelo menos Bom Dia não? – digo eu…
- Vamos ver se é um bom dia ou não - replica o shor agente!
Saio do carro pois os documentos estavam no banco de trás…
- Alguém o mandou sair do carro? – Pergunta num tom claramente agressivo.
- Os documentos estão no banco de trás e como os pediu tenho de sair do carro - argumento.
- Então ande lá e volte para o seu lugar.

Assim fiz. Até este momento ainda não me tinha dito o motivo pelo qual estava a ser multado apesar de eu já saber a resposta. Pouco tempo depois volta ao meu lado e pergunta:
- A carta verde?
- Está no porta-luvas.
- Então faz favor de ma facultar!

Tiro a carta verde, entrego-a e nesse momento saio do carro novamente. Aproximo-me deles, entretanto tinha chegado outro agente ao local (acho que é obrigatório serem dois) e fico a observa-los enquanto o primeiro tira todos os dados necessários para elaborar a multa.
- Você sabe qual o motivo pelo qual esta a ser autuado? – Pergunta o agente.
- Sei, mas se me quiser elucidar nos termos técnicos adequados agradeço.
- Você ia a falar ao telemóvel enquanto praticava o acto de condução – responde visivelmente irritado e com cara de quem bebeu meio frasco de laxante instantes antes de começar a fazer efeito.
- Sim, ia de facto a falar ao telemóvel – confirmo, já descrente na possibilidade de safar a multa.

Nesse momento é-me dito o valor da multa que paguei na hora.

Entretanto o agente continua a tirar dados do carro, perdão, da viatura, e a analisar os meus documentos. Ao analisar a carta verde pergunta no alto da sua suprema sabedoria:
- Você não sabe que a vinheta no canto da carta verde é para recortar pelo picotado e colocar no vidro do carro?
- E você não sabe que existem cartas verdes que têm duas vinhetas, uma em cada canto, e que uma delas já se encontra colocada no vidro do carro? – respondo de forma corrosiva e já farto da arrogância daquele agente!
- Ouça lá – responde ele – não precisa ficar mal disposto, nós estamos apenas a cumprir o nosso dever.
- Eu pelo menos tenho um bom motivo para ficar mal disposto porque acabei de pagar 120 euros de multa enquanto você está mal disposto e mal-encarado sem motivo nenhum! E quanto a cumprirem o vosso dever sim, se ele se basear em passar multas, estão a faze-lo de forma exemplar.

Entretanto afasta-se, suponho que para analisar o carro para ver se me podia multar por mais alguma coisa tal a forma minuciosa como analisou cada detalhe, e fica o outro agente, bem mais agradável, que me aconselha a ter calma.
Depois da revisão integral do carro o agente continua a tirar dados (se eu fosse polícia nunca passaria multas tal a complexidade burocrática que tal acto exige) e ao passar a morada para o registo da multa questiona-me:
- Santa Eugénia?... Isto fica onde?
- Olhe, descubra! – respondo de forma seca e directa.
- Pertence a Vila Real – responde, para minha surpresa, o segundo agente enquanto era fulminado pelos olhos do primeiro.
- Aqui tem o recibo da multa – diz ele estendendo a mão.
- Acho mal – digo eu – acabei de pagar 120 euros e nem a um brinde tenho direito! Pelo menos um crachá da polícia a fingir ou algo do género, só vos ficava bem…
- Espere uma notificação da antiga DGV por causa desta multa e prepare-se para uma eventual inibição de conduzir durante algum tempo – diz ele ignorando o que eu tinha referido numa tentativa de aliviar a tensão e já conformado.
- O quê?!?! Por causa de atender o telemóvel por segundos vão-me inibir de conduzir?!? – exclamo, completamente incrédulo.
- Não foi apenas por esse motivo, foi o acto de usar o telemóvel enquanto praticava o acto de conduzir e por comportamento injurioso para com um agente da autoridade. Tenha um bom dia!

FUCK...

sábado, 3 de julho de 2010

Sexóloga ou Prostituta?!

Depois desta visão aterradora combinei almoçar com uma amiga que já não via há algum tempo. Precisava distrair-me para esquecer rapidamente a experiência assustadora descrita no último post.

Cheguei mais cedo ao restaurante, não dava para ficar na esplanada porque estava muito vento e entrei. Sentei-me a um canto e observei a sala. O restaurante era agradável, decorado de forma simples mas com bom gosto e requinte. Mesas de madeira distantes umas das outras e cadeiras confortáveis...

Estavam apenas duas mesas ocupadas, uma com um casal estrangeiro que revelava mau estar dado as expressões carrancudas e fechadas que ambos manifestavam e uma outra, mais perto de mim, com duas senhoras de alguma idade mas muito bem vestidas e arranjadas que dissertavam sobre algo tão profundo e arrebatador como a última história de vida revelada no programa da manhã da TVI. Ao balcão uma mulher elegante e sedutora desfolhava uma revista que, à distância onde estava, não conseguia identificar e bebia um cocktail verde num copo em forma de triângulo e com uma haste comprida.

Naturalmente a minha atenção ficou presa na duas mulheres de idade e na extraordinária história de uma mãe que sozinha conseguiu criar 8 filhos de forma exemplar. Elas iam expondo argumentos de forma sucessiva e em evidente comoção interrogando-se como uma mãe, sozinha e com permanentes problemas de saúde conseguiu fazer daqueles 8 filhos exemplos da sociedade moderna! A luta daquela mulher remeteu-me logo para personagens como Mahatma Ghandi, Martin Luther King, Madre Teresa de Calcutá, etc...
O facto de metade dos filhos estarem presos por tráfico de droga distorce um pouco o conceito de educação exemplar ou modelo social mas não se pode ter uma visão tão redutora da sociedade e a conjuntura actual também não nos deixa muitas saídas!

Estava eu perdido nestas considerações quando entra a minha amiga. Não tinha muito tempo para almoçar pois trabalhava de tarde por isso tratamos de pedir algo rápido. Conversamos um pouco, por momentos consegui esquecer a terrível experiência de verificar que há casas cujo estado e decoração faz lembrar algo entre uma pocilga de porcos e uma barraca de farturas e passado pouco tempo ela disse-me que tem de ir para trabalhar.
Despeço-me mas decido ficar mais um pouco. Peço algo para beber...

O restaurante tem agora mais gente. As simpáticas senhoras ao meu lado conversam agora sobre o divórcio do sr. Manuel das cortinas. Está mais barulho e não consigo ouvir os detalhes mas o impacto desta história também não tem a envolvência emocional nem prende a atenção como a anterior. Pelo meio das pessoas e empregados reparo que a mulher ao balcão se mantem exactamente no mesmo local. Fixo o olhar nela com mais atenção...

Alta, postura altiva e elegante, pernas longas e bem definidas, delicadamente cruzadas sob um vestido curto cujas alças pousavam de forma perfeita nos seus ombros firmes e ligeiramente debruçados sobre o balcão. Pele suave e visivelmente bem tratada, um decote simples mas saliente deixava a certeza que por baixo moravam uns seios com tremendo potencial!
Rodou ligeiramente no banco onde parecia levitar e deu para ver claramente que a face acompanhava de forma harmoniosa a beleza de um corpo cativante e ao qual era impossível ficar indiferente!

Ao rodar ficou de frente para mim. Mantive-me sereno apesar de algo inibido pela beleza avassaladora daquela mulher. Irradiava sensualidade, erotismo e quando fixou o olhar em mim não consegui desviar o olhar como se houvesse parte do meu corpo que fosse controlado por aquela mulher. Esboçou um sorriso tímido mas confiante, eu correspondi. Mordeu o lábio vagarosamente enquanto rodava o corpo para um lado e para o outro alternadamente e de forma suave e claramente provocadora. Continuamos a trocar olhares de forma cada vez mais cúmplice apenas interrompido pelo passar de pessoas constante na sala que se tornava cada vez mais pequena!

Decido levantar-me e ir ter com ela. Alego que ela me tinha chamado, ela rejeita esse argumento ripostando que não disse ou fez nada! Contraponho dizendo que ela tinha claramente insinuado por gestos para ir ter com ela e, depois de alguma persistência e argumentos irrefutáveis (ridículos), ela me convida a ficar!
Reparo nos seus grandes olhos verdes, nariz pequeno, nos lábios vermelho vivo, no pescoço exposto e confirmo o potencial do seu peito...

Depois de um quarto de hora de conversa embalada por uma quantidade considerável de bom vinho tinto e dois mojitos começo a tentar saber mais sobre ela. Tinha sido sempre muito evasiva em relação a ela e, apesar de não me interessar mais histórias de vida depois da última descrita pelas senhoras ao lado da minha mesa, precisava de a por a falar!

Mais valia estar calado pois uma das primeiras coisas que ela me disse foi "Quem me quiser tem de pagar!!"
Num primeiro instante pensei que esta afirmação significava que quem quisesse ter algo dela teria de lutar por isso por ser uma mulher de boas famílias, com princípios, teria de mostrar ser digno do seu afecto e dos seus enormes seios...
Mas não, o que ela queria dizer é que quem quisesse sentir aqueles belos seios e mergulhar no meio daquelas altas e elegantes pernas teria mesmo de pagar!!!

Uma profissional do sexo!!! (Não uma sexóloga como ingenuamente uma amiga minha me questionou, uma prostituta mesmo)...

Num primeiro instante não acreditei, disse-lhe que ela era demasiado bonita e elegante para ser prostituta. Mas ela reafirmou-o tantas vezes quantas necessárias para me convencer disso...
Não fiquei em choque mas também não esperava essa revelação! Por momentos passou-me pela cabeça se ela não seria um dos 8 filhos da história ouvida momentos antes e ainda pensei perguntar-lhe se tinha irmãos mas achei despropositado dado o contexto!

Senti curiosidade em saber mais sobre a actividade dado ser a minha primeira conversa com uma profissional do sexo. Contou-me que trabalhava por conta própria (sem chulo - profissional liberal), que há três anos estava ligada a uma agência de serviço de acompanhantes, desde os 21, e que apesar de alguns contratempos não se arrependia! Disse-me que adorava sexo (encontrou a profissão certa para exercer a sua vocação) e que só atendia executivos com menos de 40 anos, muitos políticos, advogados, etc...
Era uma pessoa extremamente simpática e acessível, de conversa fácil e perspectivas bastante pertinazes e inteligentes apesar da sua tenra idade!

-Nunca paguei por sexo nem nunca o faria - disse-lhe eu.
-Não me digas que és um dos típicos moralistas que alegam que nunca traíriam as suas mulheres mas que à noite recebo no meu apartamento? - ripostou.
-Nada disso, sou tudo menos moralista, é apenas uma questão de princípio, não tenho nada contra quem o faz e sinceramente até acho mais honesto pagar por sexo que andar com os rodeios típicos de quem apenas quer levar uma mulher para a cama!
- Então não pagavas para ter sexo comigo?
- Não, até porque depois de estares comigo irias dar de graça para mim! - afirmei com convicção!
- E tu depois de estares comigo pagarias o dobro! - disse ela com um sorriso confiante...

No final disse-me que gostou de mim e escreveu o número de telemóvel na base do copo já vazio e tentou convencer-me aliciando-me com uma noite inteira pelo preço de uma hora! Ainda hesitei mas disse-lhe que não esperasse uma chamada minha. Despedi-me, agradeci aquela agradável hora de conversa (que não tive de pagar), desejei-lhe felicidades e saí...

Moral da história: Meter conversa com uma mulher bonita, ser convidado para novo encontro e ficar com o número de telemóvel pode não ser assim tão fantástico como parece...

sábado, 19 de junho de 2010

Uma Casa Portuguesa



O dia tinha começado calmo como habitualmente.
Não tinha grandes afazeres à excepção da visita a mais uma casa na tentativa de me mudar de vez para o Porto!
As expectativas eram altas. Apesar de ser um pouco afastada do meu futuro local de trabalho as áreas eram boas e o tom de voz efusivo com que a senhora da Imobiliária falou sobre o apartamento criou em mim um entusiasmo desmedido.

Combino esperar por ela num local perto do apartamento como referência (podia ter usado o acampamento cigano como referência porque é impossível não reparar) e à chegada do citroen verde escuro segui-a.

As minhas elevadas expectativas começaram a baixar à medida que fui entrando no bairro! Prédios enormes cinzentos elevavam-se a cada cruzamento que passava, quase impedindo que o sol entrasse. As ruas estavam sujas, as pessoas berravam e insultavam-se. Pressenti que a qualquer momento ia surgir do nada um gang de marginais munidos de metralhadoras e laços na cabeça a entoar cânticos de guerra contra um outro gang numa qualquer luta territorial e eu no epicentro da batalha final!! "Pode ser que este seja só um atalho e o apartamento fique bem longe daqui" - pensei eu...

Mas não, umas centenas de metros mais à frente ela fez-me sinal para estacionar. Estaciono. A minha primeira reacção foi inventar uma qualquer desculpa e pisgar-me dali para fora mas no momento pareceu-me indelicado não ir pelo menos ver o apartamento.

Ela saiu do carro com total naturalidade, como se tivesse conduzido de olhos fechados o tempo todo, e com um tom de voz calmo e acolhedor disse-me: -A zona é agradável não é?
"Agradável??? Só pode estar doida" - pensei...
-Esta zona é sossegada, lá em cima é que é pior por causa dos ciganos. Mas não se preocupe, eles raramente vêm para estes lados e por trás do prédio tem a polícia!
Achei piada ao facto de um dos primeiros argumentos que ela referiu para valorizar a casa ter sido a presença da Polícia por trás do prédio!

Atravessámos a estrada e o que, em tempos, devia ter sido um pequeno jardim. Agora era um emaranhado de silvas e ervas secas. Abriu a porta do prédio com extrema facilidade. A ranhura tinha um aspecto estranho, era circular e com rasgos em volta. E ainda mais estranho foi o facto da chave ter um aspecto perfeitamente normal. "Aquela fechadura já deve ter sido forçada com mais objectos estranhos que a Cicciolina!" - pensei...

Subimos ao 8º andar. O elevador foi uma surpresa. Estava com um aspecto razoável, com a cor ainda ligeiramente visível, sem ameaças de morte escritas nas paredes, até ainda tinha parte do espelho pendurado na ranhura! Mal o elevador começou a subir percebi que tinha um aspecto aceitável porque ninguém o devia usar! Ruídos estranhos e solavancos constantes. O ranger das cordas à medida que o elevador ia subindo aumentava de tom. Sempre que o elevador passava um piso fazia um "tack" assustador! O mais estranho disto tudo é que a pessoa ao meu lado permanecia serena e a fazer perguntas de uma forma completamente descomplexada e segura!

Finalmente o elevador parou. A porta abriu-se e eu saí ainda meio tonto e combalido. Ela indica-me a entrada do apartamento. A porta estava intacta! A fechadura também!
Mas o meu entusiasmo depressa se desvanesceu. Entrei e o cenário foi algo de completamente surreal!

Paredes destruídas, azulejos partidos, portas dos roupeiros fora do lugar e, o mais estranho de tudo, uma porta que dava para a rua! O que seria perfeitamente normal se o apartamento não estivesse situado num 8º andar e se abrindo a porta tivesse uma varanda! Mas não, havia apenas três barras em que a mais alta dava pelo joelho e depois um vazio completo!!! "Seria fantástico se tivesse intenção de me suicidar!!!" - gritou o meu inconsciente!

A senhora assegurou-me que mais barras iriam ser colocadas para evitar acidentes mas mesmo assim não fiquei convencido!
A cozinha tinha as paredes completamente destruídas, os canos estavam arrancados, vidros partidos, o chão em madeira da sala estava riscado e levantado!

Misturado com estas sensações de horror entoava na minha cabeça a preocupação óbvia: "Será que ainda teria carro quando descesse?" Afinal já tinham passado cerca de 5 minutos, tempo suficiente para partirem os vidros, roubarem o rádio, os bancos, os pneus, jantes...

Entretanto essas preocupações varreram-se da minha cabeça no momento em que a porta da casa de banho se abriu! A banheira e a sanita estavam pretas, o que me levou a pensar por segundos que seria uma qualquer nova tendência de louças sanitárias, já que combinava com o chão preto e os azulejos verde escuro, mas foi mesmo só por breves segundos. A cortina branca da banheira estava amarela alaranjada! Estava a começar a ficar agoniado (aguentei-me bem não?) quando a senhora olha para mim e vendo a minha cara de choque diz-me muito calmamente: "Parece que não ficou muito interessado! Não se preocupe que ainda se vai dar um jeito à casa antes de ser alugada"!!
Que sensibilidade por parte da senhora, percebeu claramente o meu estado de espírito. Fiquei desde logo mais descansado, respirei fundo, abri a porta, desci as escadas a correr, abri a porta de entrada do prédio (eu sabia, a fechadura não funciona), meti-me no carro ainda intacto e só parei quando já estava bem longe dali...
:)

Damhnait Doyle - I Want You To Want Me



Depois de uns dias mergulhado em intenso estudo (que ainda não terminou) e num vai-vem constante de viagens entre Porto e a aldeia resolvi fazer uma pequena pausa!

Primeiro para colocar uma versão mais soft da excelente música dos Cheap Trick "I want you to want me"...
A segunda... Já não me lembro... Tanto estudo está claramente a fazer-me mal à cabeça...
Ah, já sei, para postar um texto que escrevi há uns dias mas que ainda não tinha colocado aqui porque o tempo que passo ao pc é para estudar e as pausas que faço são longe da net!

Fica a música, o texto vem já a seguir...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Monólogo de um Dia assim...



There's no more trains going that way
There's no more trains coming this way
You better make your way home, son
There's something going down in London

Well That ain't gonna stop me
So I step out the station and what do I see?
Traffic for days
Let me walk a bit and I'll see where it get me

Then it all went slow motion, everything slow motion
First came the flash of lights then the sound of explosion
And we're still in slow motion, we're still in slow motion

On these streets where I played
And these trains that I take, I saw fire
But now I've seen the city change in
Oh so many ways, since the days of fire
Since the days of fire

Now I'm on the train going that way
There were too many people coming this way
Delayed trains, delayed trains
Didn't plan for death on the subway

So I step out the station, brazilian name all over TV
Realization - I was on the next train - could 've been me

Then it all went slow motion, everything slow motion
First the flash of light then the rise of emotion
And I'm still in slow motion, I'm still in slow motion

On these streets where I played
And these trains that I take, I saw fire
But now I've seen the city change in
Oh so many ways, since the days of fire
Since the days of fire

One day going that way, one day going this way
Those summer days, that crazy phase
Like a jack-knifed car on the highway

Just two mad situations, fire on the news, fire on TV
A bus, a train station, the crossfire sights of destiny

Now it's all gone slow motion, everything slow motion
The lights gone out - I feel no more emotion
I'm all out of emotion, I'm out of emotion

On these streets where I played
And these trains that I take, I saw fire
But now I've seen the city change in
Oh so many ways, since the days of fire
Since the days of fire

Um novo amanhecer...

Desperto calma e em silêncio. O único som que rompe este silêncio é o de ondas que rebentam delicadamente à minha volta…
Mas mesmo o Mar está calmo. Olho à minha volta e vejo-te! Mais uma noite que deixa pequenas cicatrizes de mágoas mal curadas!

Sou o Teu Dia. Sou apenas mais um Dia entre 365 num ano. Entre milhares em cada vida…

Mas sou sempre um novo Dia, a cada manhã renovo-me para ti. Com novas perspectivas. Expectativas. Esperando ser para ti aquilo que necessitas que seja!

Especialmente hoje vou olhar por ti. Vou dedicar-me a fazer-te sentir Bem…

Bem cedo, ainda a Lua resiste ao amanhecer, mando entrar o Sol. Mas ele teima em não brilhar. Preguiçoso, permanece escondido…
Por isso acordo cinzento. O meu Céu esta coberto de nuvens. Não chove mas estou mais escuro…

Mas isso pouco importa, hoje vou dedicar-me a ti.
Acompanho-te. Olho-te. Deixo que me sintas. Sou de todo o Mundo mas apaixonei-me por ti. Apaixonei-me por tudo que representas. Pela forma como me vives. Me preenches. Me olhas. Pela forma como me dás significado e me sentes a cada momento...

Apaixonei-me pelos teus pequenos nadas, pelos teus silêncios preenchidos. Pela tua forma de ser e estar!

Hoje preciso durar mais. Não sou o Dia mais belo, nem o mais desejado, mas hoje sou Teu! Hoje não sou apenas mais um dia…
Desde que acordo até que me deito vejo autênticos milagres. Vidas mudadas, sorrisos sinceros, abraços que confortam, lábios que amam. Beijos perdidos…

Mas hoje serás tu o meu milagre…

Por isso se precisares de mim eu fico acordado toda a noite para te fazer companhia se te sentires sozinha…

E se me aproveitares, se me usares, se pensares em mim e me sentires, amanhã prometo fazer o Sol levantar-se e brilhar para ti. Para te aquecer. Confortar. Para te beijar e fazer sentir amada, para te sentires de novo, radiante, impaciente, algures entre o êxtase e um qualquer lugar mágico. Para te encontrares...

E a cada amanhecer nascerei de novo para te aprender. Soltarei os teus fantasmas até te sentires segura, até nada receares.
Ainda que sejam desejos mudos são vontades eternas…

Há muito tempo que não me sentia um dia assim…

domingo, 30 de maio de 2010

B. B. King - The Thrill Is Gone (From B. B. King - Live at Montreux 1993)



Ontem, o rei do Blues veio a Portugal. Estranho pelo facto de iniciar uma digressão europeia num concerto livre e numa pequena vila do alto Douro. Eu e as mais de vinte mil pessoas presentes agradeceram. É realmente fantástico ver um senhor de 85 anos tocar com a paixão de um miúdo que dá os primeiros acordes, puxar pelo público de uma forma autoritária como que a exigir mais de 20 mil pessoas que se não vibravam de forma mais eufórica era pelo facto de estarem incrédulos com a energia e paixão que se soltava a cada acorde da guitarra que parecia ter voz própria.

Apesar das dificuldades motoras que o impediram de se levantar sozinho e de se retirar numa cadeira de rodas a alma e paixão pelos Blues continua Jovem e mais intensa que nunca. Foi uma noite perfeita. Sabrosa foi ontem local de peregrinação. Encontravam-se pessoas de todo o lado. Espanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e de todos os pontos do País acorreram homens e mulheres, muitos deles jovens, para assistir a mais uma prova viva de que a paixão pela música se sobrepõe à idade ou estado social.

No fim, soube a pouco. Mas isso é uma inevitabilidade de todo e qualquer concerto que nos marque. Este foi marcante pela história, pela densidade musical e pela paixão que sobrevoou o parque Verde das Piscinas Municipais de Sabrosa.

PS- Não se interrompe um concerto para operações políticas de charme. De qualquer forma obrigado pela oportunidade de ouvir bem perto um dos mitos vivos da guitarra e dos Blues!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Nem tudo o que luz é Ouro!


Este texto é basicamente sobre tudo o que é bom acaba depressa! Pode durar um dia, uma semana, pode durar 35 horas…

Não é suposto ser profundo nem tão pouco esclarecedor. Rapidamente percebi que não posso ter a pretensão de ensinar nem aconselhar ninguém porque no fim tudo o que digo se transforma em merda!

Acreditar em algo será sempre melhor que menosprezar todo e qualquer significado que algo possa ter para nós, seja ele emocional, material ou um qualquer feiticismo ligado aos nossos desejos mais íntimos. Somos, por natureza, seres carentes de acreditar em qualquer coisa e com uma necessidade extrema de nos sentirmos conectados a algo que dê um maior significado às nossas vidas! Para lhe dar um rumo, para sobressair no meio de tudo o que nos rodeia, mesmo que isso implique uma total inibição de sentimentos.

Estou neste momento mergulhado em sensações contraditórias que me impedem de pensar com clareza. Não obstante mantenho-me à tona dessas sensações porque aprendi recentemente que nem sempre as coisas obedecem à lógica ou à razão. Ou melhor, se calhar até obedecem, eu é que não as entendo.

Sei apenas que temos uma capacidade incrível e inata de complicar as coisas simples e de nos alhearmos de sentir algo mais complexo, que exige manutenção, trabalho. E, contrariando a nossa natureza, destruímos tudo o que nos toca de uma forma particular apenas na esperança que nada abale o nosso mundinho, as nossas pretensões futuras e nada, nem a maior sensação de todas, irá conseguir mudar isso…

E assim vou indo, perdido em dúvidas alimentadas por sensações contraditórias e metamórficas. Pelo menos ainda sinto alguma coisa, valha-me isso!

É muito bonito acreditar em finais felizes mas, se só nos fodemos, se só vivemos à margem do que realmente vale a pena (quando sabemos e sentimos o que é verdadeiro e importante) vai chegar um momento em que a nossa visão das coisas se vai tornar tão redutora e abstracta que temos de dizer “Que se foda”!

Esquecemos o que aconteceu fazendo de conta que não existiu, vamos para bem longe de tudo o que possa trazer sensações passadas e seguimos acreditando que “este” é o melhor ou único caminho!

Há “momentos perfeitos” mas eles provocarão sempre sensações antagónicas de proporções desmesuradas! Esquecer ou desistir é impossível. E sem saber muito bem o que fazer, o que pensar, continuo ingenuamente a acreditar. Não consigo dizer Adeus mas também não consigo ficar à espera, por isso julgo que este é um daqueles momentos em que tenho de dizer "QUE SE FODA"!

(. .)

sábado, 15 de maio de 2010

A sair ou a entrar no buraco???

Depois de uns tempos mergulhado no lado negro das trevas volto mais fresco e cheiroso que uma vagina acabada de lavar onde, em abono da verdade, vale sempre a pena mergulhar!

Mas sosseguem as mentes inquietas que tão preocupadas estavam com a minha saúde mental. Já coloquei de lado o livro satânico, velas, galinhas pretas e pinturas de adoração ao diabo. Parei com os rituais de auto mutilação e até ponderei pedir a sua santidade o Papa que me viesse exorcizar os demónios que tanto atormentam a minha imprevisível e sombria alma! Mas o facto de ser maior de idade e de ser considerado pelo Vaticano como um caso perdido frustraram os meus intentos. Depois de todos os escândalos da Igreja o que eles menos precisam é de milagres falhados.

Ainda pensei ir a pé a Fátima mas era perigoso. Não sou propriamente um exemplo do cristão exemplar. Acho que a última vez que fui a uma igreja foi para entrar à socapa na sacristia e vestir a batina do padre! Se encontrar a foto anexo-a a este texto:)

Ainda há dias um par de peregrinos pereceu devido a (mais) um atropelamento fatal! Entretanto promovi um inquérito de opinião que depois de analisado incidiu em duas conclusões base!
Algumas pessoas deixaram de acreditar em Fátima “Se Fátima realmente existisse não deixaria que a vida daqueles devotos fosso ceifada de forma tão cruel”. A outra e que recolheu maior unanimidade é “Aqueles peregrinos não iam com a carga de fé que tal viagem acarreta”.

Seriam portanto pessoas que estavam a cumprir a promessa que alguém fez e que por algum motivo não pôde cumprir, indo por isso naturalmente descontentes - “Raio da velha, faz as promessas e eu é que tenho de levar com elas” - ou então peregrinos que iam a Fátima apenas pelo prazer de caminhar pelas belas nacionais do nosso País ou ainda outros que iam de arrasto e se fartaram de barafustar por serem levados pela família a caminhar durante horas!
“Crise de fé” portanto…

Mas o pior que se pode fazer depois de sair do buraco é entrar noutro falando de religião.

Regresso a casa apenas por um dia! Resolvi ser mais um “patriota” a contribuir para tirar o país da crise e comecei a procurar trabalho a sério. Levo esta questão da pátria tão a sério que até espero pagar 1,5% do meu salário para alimentar mais erros deste governo e ajudar as nossas multinacionais e bancos a sobreviver com mais uns míseros milhões de lucro por trimestre! Além disso, e como estamos a atravessar um momento de prosperidade único, emprestamos dinheiro a toda a gente. Toca a contribuir...

Lá vou eu pró buraco outra vez! Política e economia não…

Na conjectura actual não me parece que consiga falar de alguma coisa que não seja considerada deprimente ou sensível.
A economia está de rastos.
Na Igreja estão ainda muito recentes os casos de pedofilia.
Ultimamente quando um político abre a boca é para aumentar os impostos ou para contrariar o que tinha dito há dias atrás.
O Benfica ganhou o campeonato.
Na educação uma professora primária resolveu posar para a Playboy…

Espera...

Mas esta é uma boa notícia! Graças a Deus (blasfémia) que à minha professora primária não lhe deu para estas coisas, ia ter pesadelos até ao fim dos meus dias...

Agora desculpem-me mas tenho de ir folhear a Playboy enquanto tento fazer a inscrição pela net na escola primária de Mirandela para tentar melhorar notas. O mercado de trabalho assim o exige…
0-

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A New Beginning


Não consigo conceber que te mantenhas imune ao que te ofereço!

Não consigo acreditar que sempre me tenhas resistido, imperturbável à minha força, à incontornável dor que inflijo a quem me ousa resistir. Sempre me mantiveste à margem de todos os teus estados de espírito. Uma alma que sempre desejei possuir mas que, mesmo agora, teima em me bloquear a entrada!

Mas se és tão forte e seguro porque raios continuas a olhar-me fixamente?

Entraste num coma profundo mergulhado num mundo de frustrações. Quase a sufocar no ar rarefeito de memórias passadas e momentos que provavelmente não voltam mais! Nostálgico, distante e saudosista!

Não deves ceder ao ruído. Não deves dançar ao som de músicas que possam alterar o teu estado de espírito. Não te tentes pelos anjos que teimam em arrastar-te para aquilo que foi, para aquilo que devia ser. Não te iludas mais, já estou nos teus sonhos, nos teus pensamentos e em breve irei ficar dono de ti e envolver-te-ei pela cruel realidade que teimas em não querer assumir. É tão óbvio e incontornável que nada irá impedir-me de te possuir por completo, de te abraçar e aconchegar nos meus longos braços.

Toda a alma tem um preço e a tua será minha. Irei compensá-la pela tremenda resistência que demonstrou possuir. Deixa-me entrar, deixa-me cuidar de ti, deixa-me ser dono da tua capacidade de sentir e prometo-te que não voltarás a sentir dor, nem saudade, nem Nada…

Tu sabes que vou continuar a procurar-te, eu não vou desistir dessa alma valorosa e negra pela capacidade de sentir. As tuas lágrimas vão continuar a alimentar-me e não vão deixar de correr, eu não vou deixar! Vou ser uma presença constante no teu ser e irei apoderar-me de ti. No silêncio da tua alma serei um inquilino indesejado, a cada momento de fragilidade irei usar todas as chaves para tentar abrir a porta do teu ser e irei acabar por entrar, nem que seja à força…

Tu sabes que não poderás resistir muito mais. Sem esse amor estarás sempre dividido e a tristeza não irá abandonar-te até te entregares. Já estas muito próximo do abismo, mais um passo e acaba! Dá esse passo, fecha os olhos por um instante e deixa-te cair!
Percorre o caminho que te levará até mim.

Ao início sentirás frio e desconforto, sentirás espadas a trespassar-te o coração, dores de cabeça que te farão gritar em desespero e sentirás a tua mente esvaziar por completo enquanto a tua alma te vai abandonando lentamente até te libertar do que nunca poderás ser ou ter!

Mas se não o fizeres será infinitamente pior.
Andarás perdido entre Mundos opostos e nunca te encontrarás. O sofrimento será eterno e a tua vida será sempre um vazio de cores, sons e cheiros. Viverás cada dia e noite em agonia constante porque nada se poderá comparar ao que podia ter sido! Abdica desse tormento, passaram vários dias e a tua dor não mitigou, pelo contrário, cada vez o aperto é maior, mais sufocante e chegará uma altura em que se tornará insuportável. Abdica disso antes que seja tarde demais. Antes que a tua alma trespassada pela dor se perca de ti tornando-te num ser moribundo e obsoleto. E quando isso acontecer ela já não me servirá de nada…


Fala comigo, há dias que não dizes uma palavra! Senta-te à minha mesa, deixa-me beber o teu sangue e alimentar-me da tua alma! Em troca dar-te-ei uma vida livre de tormentos, livre desse desassossego constante, livre de tudo o que agora te torna num vagabundo miserável e patético. Num ser indesejável, taciturno, cego.
Não há nada para ti aí! NADA!!!

Sempre estive presente, nunca te deixei sozinho, mesmo quando me rejeitavas e afastavas! Tenho tempo para gastar contigo e a eternidade para te oferecer. As portas estão abertas, a mesa está posta e os teus desejos serão ordens em troca de algo que até hoje apenas te tornou fraco, incapaz e em permanente dor.

A tua alma!

"Sai! Não gosto que estejas a olhar para mim porque o teu olhar causa-me arrepios. Nem sequer quero saber ao que vens. Olho-te apenas porque me intrigas e porque sei ser capaz de resistir-te!
Sai! Desaparece. Vai para bem longe de mim, desiste!

Mesmo quando estiver despedaçado por dentro, mesmo que tudo o que me aguentava desapareça, mesmo quando um amor desista de lutar pelo que quer, mesmo que saia da sua cabeça, mesmo que todas as luzes se apaguem, mesmo que tenha de dizer Adeus, mesmo que não volte a sorrir, mesmo que morra uma e outra vez, não cairei mais, não adormecerei de novo. Não serei apenas mais um. Não venderei a minha alma a demónios disfarçados de benfeitores.

Porque mesmo na cruel e incontornável impossibilidade seremos sempre um pouco mais se seguirmos a NOSSA vontade. Se seguirmos os nossos caminhos e não aqueles que nos impõem. Se tivermos a coragem de seguir tentando, por cada vez que morrermos viveremos de novo.

As sombras estarão sempre lá, momentos passarão em claro, sofrimento será infligido, tanto que estaremos num ponto em que a tentação de saltar será tanta que o nosso corpo parece ganhar vontade própria para ir…

Mas nem o pior estado de dor e tristeza me fará esquecer que deste lado haverá sempre algo que valha a pena. Um Adeus será sempre um Até Já se assim o quisermos!

Haverá dor e desilusão, melancolia e tristeza, saudade e nostalgia mas em contrapartida a minha capacidade de sentir estará intacta e, na mesma medida haverá momentos de felicidade extrema, paixão e “momentos perfeitos”.

E, mesmo perdido, sem controlar os pensamentos, as imagens ou as sensações, mesmo que o corpo trema de desejo e medo haverá sempre um espaço algures entre o êxtase e um qualquer lugar mágico onde nos encontramos e percebemos claramente quem somos, o que precisamos e que o nosso caminho será sempre aquele que o nosso coração decidir percorrer…"