sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A SONG FOR SANTIAGO!


Nada à minha volta!

Nem cores, nem rostos, movimentos. Concentro-me e tento ouvir os sons. Nada.

Pese embora estar completamente isolado não me sinto sozinho. E apesar de na solidão sempre me ter sentido em casa, neste momento não o sinto. Nem me sinto sozinho...

Há momentos em que preciso sentir-me um estranho. Desconhecido e indiferente a tudo à minha volta. Sem ninguém a chamar-me, a olhar-me. Sentir-me completamente sozinho! Em harmonia com todos os Nadas à minha volta. Sem rostos, olhares, sons ou movimentos que não os provocados pelo vento ou pela chuva. Sentir-me sozinho com o Mundo e com aquilo que se manteve inalterável ao longo de milhares de anos de alterações, mudanças, evolução. Já sobra muito pouco...

Esta canção transmite-me essa sensação. De tudo o que foi belo e não soubemos manter. A sensação de perda. A sensação de estar sozinho na luta pela beleza de um Mundo que já não é o meu e pelo Amor que segue em declínio ano após ano. Aquele amor que não é posse, nem interesse, nem exige retorno ou recompensa. O Amor que não se pensa ou planeia e que depende mais de quem olha, ouve e sente do que daquilo que se vê, se ouve ou se toca...

Mas agora, independentemente daquilo que sinta em relação ao Mundo, não me posso isolar. Há algo mais importante que eu, que aquilo que eu sinto ou penso. Agora não me posso resignar ou mandar foder o Mundo quando me apetecer. Agora mais do que em qualquer outra altura, chegou o momento de lutar...

Sempre senti que ter um filho neste Mundo era um crime! As pessoas estão estragadas e pouco resta da beleza do Mundo. Se tivesse oportunidade de decidir, não sei se quereria nascer agora! E por muito que me tentassem convencer do contrário, acho que não haveria argumentos suficientes para me demover.

Como preparar alguém para integrar uma sociedade egoísta, hipócrita e totalmente desprovida de valor?
Como conseguir incutir valores que já ninguém respeita ou entende e esperar que ao mesmo tempo não se sinta isolado ou perdido, que não se sinta rejeitado ou em constante conflito sobre o que é real ou ilusão?

E esse será sem dúvida o maior desafio, um tremendo desafio!

Fazer crescer uma criança num Mundo com as prioridades invertidas. Conseguir preservar a beleza e magia que ainda sobra no Mundo sem a impor, mas permitir-lhe a sensação de deslumbramento pela descoberta. Sem deixar que ao longo do seu desenvolvimento perca algo tão importante como a liberdade de escolher, de sentir e de ser. Sem deixar que se iluda mas sem nunca perder a ingenuidade que nos faz humildes perante algo tão maior que nós...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Começar após o Fim!

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"Um dia tudo isto acaba, apenas para o que essencial possa prevalecer"

E se um dia acordassem e tudo estivesse diferente? Se todo o conforto, segurança e rotinas de anos desaparecessem? Se fossem desligados da vida tal como a conhecem, sem sistema financeiro, sem bancos, sem políticos, sem tecnologia, sem patrões, sem... nada?!
Deus nos livre de tal catástrofe, pensará a maioria.
Pois eu pensei num dia assim e sinceramente não me pareceu assim tão mau. Naturalmente que passar tantos anos enfiado no meio de tudo isto cria resistências naturais que se agarram a todos os poros do corpo e demora até conseguir sacudi-las do corpo e da mente, mas que é aliciante pensar em desligar por completo de tudo... não tenho dúvidas.

O Portugal Rural esta a perder-se e há poucos valores que lamente tanto que se percam como esse em particular. Perde-se a capacidade do verdadeiro trabalho, perde-se o contacto com a TERRA, perde-se a noção da importância da Natureza e de tudo o que ela proporciona e as pessoas acabam por perder a ingenuidade que deveria ser comum a todos pois acrescenta algo de puro a cada um de nós.

Um dia (há-de ser) Assim:

Acordo cedo, tão cedo que ainda esta escuro. Tento acender a luz mas não encontro o interruptor. Às apalpadelas tento encontra-lo, mas a pouca luz de um dia que ainda nem começou não me ajuda a encontrá-lo. Desço à cozinha para procurar uma vela, mas sem sucesso. Depois de muito esforço, muitos tropeções e apalpadelas finalmente consigo encontrar o que parece ser uma velha candeia a óleo. Apesar de sentir algumas dificuldades, consigo finalmente acende-la. Procuro o interruptor da cozinha mas também não o encontro. Reparo também que não existe uma única lâmpada pendurada no tecto. Nem qualquer tomada espalhada pela parede.
Procuro o frigorífico para beber um pouco de leite mas, surpresa, também não tenho frigorífico.  A pouca luz que a velha candeia me concede permite-me apenas encontrar umas peças de fruta em cima da mesa. Sento-me num velho banco de madeira e como uma laranja.

O dia começa finalmente a clarear. Com luz será mais fácil pensar o que está a acontecer…
Confirma-se, não tenho frigorífico, nem qualquer electrodoméstico. A cozinha tem apenas uma mesa, dois velhos bancos de madeira e prateleiras com panelas e louça velha. Do outro lado da casa uma lareira enorme, aberta, completamente coberta por fumeiro já seco. Alheiras, presuntos, chouriços, etc. No canto uma banca de pedra e prateleiras com muita verdura, batatas, cebolas entrelaçadas num fio a cair do tecto e todo o tipo de especiarias num pote de barro.

Abro a pesada porta de madeira, e sento-me na cadeira de baloiço no alpendre. Fico a observar o nascer do sol enquanto ouço o barulho do pequeno riacho que viaja uns patamares mais abaixo. O sol começa a mostrar a enorme horta cultivada. Dou um salto até lá. Couves, cenouras, alfaces, tomates, pepinos, beterrabas…

Mas de repente algo chamou a minha atenção, vários barulhos que pareciam vir do celeiro, mas não só. Com algum receio aproximo-me, tiro a cancela da porta e abro-a devagar. Dois cavalos acenam-me como se estivessem a dar-me os bons dias. Vejo enormes fardos de feno empilhados ao longo da parede. Em baixo um arado e todo o tipo de utensílios para lavrar a terra. Pipos de madeira cheios de vinho, outros com azeite, batatas espalhadas numa estrutura de madeira elevada um metro e meio do chão, várias caixinhas com sementes dispostas em prateleiras e muitos sacos empilhados, desde cereais, milho, feijão, etc...
Agarro um pouco de feno e umas canas frescas e deito aos cavalos.

Saio do celeiro e anexo ao mesmo encontra-se uma cerca onde já saltitam duas pequenas cabras, o porco ao lado chafurda na lama, as galinhas ainda sonolentas rapam a terra, os patos mergulham no pequeno charco de água e, indiferente a toda esta agitação matinal, a vaca ainda dorme. Trato de dar de comer a todos e quando acabo sou eu que estou com fome.
Entro na cozinha, agarro num balde de ferro e vou ordenhar a vaca. Enquanto o faço sinto o cheiro a pão fresco que vem da casa da vizinha. Como pão acabado de fazer com compotas frescas, frutas variadas apanhadas no pomar e claro, leite de vaca.

O resto da manhã passa a voar. Levar as cabras para o pasto, lavrar a terra que com a chuva ganhou muita erva e, por fim, fazer o almoço.

Acabo de almoçar, durmo uma pequena sesta. Acordo uma hora depois e como ainda esta calor, aproveito para me auto recriar. Arranjo a mesa da cozinha e a porta da entrada. Vou até ao pequeno rio para tentar apanhar algo para o jantar. Acabo por ter sorte pois consigo apanhar dois pequenos barbos e o jantar está assegurado. A galinha viverá mais um dia!

Entretanto começa a cair a tarde e é preciso regar a horta. Depois de regar a horta e tirar as maiores ervas apanho verduras para alimentar aos animais, recolho as galinhas, as cabras e vou tratar do jantar.
Acendo a fogueira na rua e grelho os peixes. Enquanto isso uma panela aquece água onde faço uma sopa. Janto já à luz da velha candeia. No final acendo o cachimbo, abro um livro e penso que a louça vai ter de ficar para amanhã...


sexta-feira, 5 de abril de 2013

EJACULAÇÃO INTENSIVA DA DESINFORMAÇÃO!

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Ultimamente não tenho andado muito pela net com receio de apanhar qualquer coisa má. Foram tantas as novas noticias, que tive medo de ser atacado por um qualquer vírus grave que me deixasse sequelas para a vida!

Desde a eleição do novo Papa à saída do Relvas do governo foi uma esfoira incontrolável de acontecimentos que fizeram as delícias da comunicação social, sempre tão necessitada de novidades ruidosas para iludir as massas.

Mesmo agora não estou livre de levar com apontamentos sobre o Sócrates na RTP, da saída do Relvas do governo e provável perda da licenciatura, com novas do Papa, com cheias, com mais medidas da Troika e possibilidade de saída do Euro, com isto e com aquilo. Fala-se de tudo mas fico sempre com a sensação de que ninguém fala do que realmente importa, daquilo que pode mudar efectivamente alguma coisa na vida das pessoas. Fico com a sensação de que nunca se fala da verdade!

E quando alguém tenta é abafado. Quando alguém se aproxima é reprimido. Não é que importe porque em boa verdade acho que as pessoas já não conseguem entender a verdade mesmo que lha expliquem numa linguagem que até um miúdo de 5 anos entenderia.

Acho que se fala demasiado. Especula-se demasiado. Opina-se demasiado. Molda-se a opinião pública com tanta informação que, na sua maioria, não é mais do que merda liquida atirada como barro à parede, com a agravante de não sair facilmente. Mesmo que se esfregue muito fica sempre o cheiro.

Toda a gente tem uma opinião, nem que seja a opinião de outra pessoa qualquer. Chegou-se ao ponto em que a inteligência, cultura, sabedoria (o que lhe queiram chamar) de alguém é medida pelo conhecimento que tem da actualidade, mesmo que esse conhecimento seja baseado em falsas verdades, em opiniões alheias à sua interpretação ou na forma mais simples de ignorância, a da pura burrice e da evidente estupidez cada vez mais natural nas pessoas.

Seria bom que de vez em quando alguém conseguisse quebrar o marasmo e dissesse: “ACORDEM! NÃO ENTENDEM O QUE ESTÁ A ACONTECER? ENTÃO CALEM-SE QUE EU EXPLICO!”
E dissesse a verdade, mesmo que ela seja assustadora, mesmo que poucos a queiram ou consigam ouvir, mesmo que poucos ou ninguém a entendesse…

Não ter televisão tem mais vantagens que desvantagens. Aliás, ainda me lembro do tempo em que tinha televisão em casa e depois de muito dar voltas à cabeça não consigo enumerar uma única vantagem de a ter. Já as desvantagens são muitas.

De uma forma muito genérica, há poucas coisas que nos fodam tanto o cérebro nem sejam tão castradoras da percepção da realidade como ela. Faz mirrar o cérebro até ficar pequenino, limitando a nossa capacidade de pensar e interpretar. E atingiu um nível de aperfeiçoamento tão assustador que o faz sem que a maior parte das pessoas se apercebam que estão a ser estupidificadas.

Sem televisão ganha-se espaço em casa (a minha ainda era das antigas), tenho menos uma coisa a que limpar o pó, pago menos electricidade e, mais importante, fiquei com mais tempo para fazer outras coisas. Ainda não tem impacto directo no número de filhos tal como acontecia no tempo dos meus avós, mas há-de lá chegar…

terça-feira, 5 de março de 2013

V FOR... VERDADE!

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“God is in the rain”

Podia usar dezenas de frases para iniciar este texto e esta, para mim que não sou uma pessoa especialmente religiosa, pode soar como a pior forma de hipocrisia, mas garanto-vos que não é. Neste caso em particular, representa o momento da libertação suprema naquele que é sem duvida um dos filmes da minha vida, V for Vendetta, que, mais que um simples filme, é uma lição de luta pelo que realmente importa, pela salvação dos valores que deveriam imperar no coração de cada um de nós. Mais do que um filme sobre vingança, V for Vendetta é um filme sobre amor, coragem e sobre a forma incisiva como nos mostra que a força de uma ideia pode fazer a diferença. Nem que para isso ela tenha de estar escondida atrás de uma máscara...

“God is in the rain” representa o momento em que nos libertamos de tudo o que nos foi imposto por um grupo de cobardes poderosos, cujo interesse será sempre o de nos limitar corrompendo a nossa mente até à submissão total e completa. Até nos esquecermos de quem somos, alterando o propósito da nossa existência ao ponto de servir apenas um único propósito, o que eles próprios conceberam como válido.
Para todos os efeitos somos livres, é isso que nos é transmitido pela “liberdade” de andarmos na rua, pela “liberdade” de escolhermos o que devemos fazer da nossa vida, pela “liberdade” de sermos nós próprios e escolhermos os nossos caminhos. Para, Deus nos livre, não mergulharmos no caos total e completo da arbitrariedade anárquica de uma sociedade sem regras, limites e, no seu extremo mais negro, incontrolável.

“O povo não deve temer o governo, o governo é que deve temer o povo.”

E o governo teme o povo. Se não temesse não faria um esforço tão ignóbil de o subjugar. E para que não se perceba demasiado esse receio usa a principal arma contra aqueles que poderão insurgir-se contra eles, o Medo. O esquema é simples e facilmente compreensível.
Primeiro é preciso “comprar” o maior numero de pessoas na sociedade. Lançar a teia e tentar que ela abranja a fatia mais representativa de uma sociedade. Demora muito tempo e é sem duvida o mais complicado de se fazer mas, convenhamos, já andamos a ser iludidos há séculos  Conseguido isto, o resto é fácil e segue um rumo natural. Tão natural que ninguém o põe em causa e nunca, em nenhuma circunstância, ele será atribuído a alguém em particular a não ser ao nosso próprio livre arbítrio.

Claro que alimentar uma sociedade é difícil, impossível, por isso haverá alturas em que é necessário fazer uma limpeza. Depois de dar conforto e segurança a uma grande parte da sociedade os governantes não necessitam de fazer grande coisa, apenas lançar as directrizes básicas para manter essa mentira e esperar que tudo o que foi usado para comprar a liberdade de cada pessoa seja suficiente para manter a legitimidade de um governo, por forma a criar leis que impeçam a outra parte da sociedade de se revoltar, sem serem alvos da critica e censura da maioria.

Isto consegue-se mantendo as pessoas atadas. O governo não é estúpido e sabe perfeitamente que o maior perigo é enfrentar uma sociedade que já não tem nada a perder. Enfrentar uma pessoa é fácil mas enfrentar um grupo cada vez maior de pessoas que não tem nada a perder seria catastrófico. Por isso não vão tirar tudo, apenas uma parte. Vão vender-nos o medo do caos, da anarquia e da revolta cada vez mais caro. Isso vai dar-lhes legitimidade para continuar a restringir a nossa capacidade de pensar individualmente (cada vez começa mais cedo e não tarda já o conseguem fazer até mesmo nas barrigas de cada mãe) impondo leis que supostamente visam proteger-nos mas que, no fundo, apenas têm o efeito de nos castrar, censurando tudo o que possa por em causa o modelo de poder instituído e nos lembre que em tempos fomos verdadeiramente livres para pensar, para agir e para decidir.

O problema é que daqui a pouco já nada nos libertará. Poderíamos sempre apelar ao passado mas, em pouco tempo, nem o passado poderá desarmar-nos desta prisão. Em breve já não nos lembraremos quem fomos, porque é que lutávamos e, mais importante, esqueceremos o que realmente significava ser livre. E quanto mais tempo passar, mais teremos a perder.

O que me leva a outro ponto, o facto das pessoas estarem a “fugir”. Emigrar é a solução encontrada para melhorar a condição de vida mas é um problema quando as pessoas que o fazem são aquelas que, provavelmente, em melhor condição estariam para ajudar a mudar as coisas. O Estado sabe disso e não me surpreende que até o incentive. Estas são as pessoas que poderiam mudar alguma coisa, que poderiam lutar. São jovens, ainda têm capacidade de pensar, algo que nas novas gerações se está a perder irremediavelmente e, mais importante, apanharam a fase da transição, conhecem as ameaças e sentem a transformação. Esses são a maior ameaça, aqueles que sabem que é possível fazer melhor, aqueles que mantêm presente os símbolos do passado, símbolos esses que aos poucos se começam a perder, símbolos que foram atirados para um qualquer lugar até que todos se esqueçam deles e daquilo que representavam.

Por ainda acreditar que é possível mudar, por ainda acreditar que as palavras têm valor e força para mudar algo e essencialmente por acreditar que uma ideia pode fazer a diferença, mantenho-me aqui e não penso ir a lugar nenhum!

"Se fugir eles ganham".

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ESPIRAL DO DESASSOSSEGO!

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E se de repente sentíssemos que, num curto espaço de tempo, já vivemos tudo o que havia para viver numa vida inteira?
Se sentíssemos que experienciámos todas as emoções possíveis num poderoso concentrado de vida durante esse período e que, agora, nada mais há para nós senão tentar alimentar o corpo e a alma ligados à máquina da superficialidade de uma vida sem qualquer estímulo?

A sensação de que nos foi dado tudo para viver e não sobra mais nada…

Pois é exactamente essa a sensação que me envolve neste momento, a sensação de vazio. Devia sentir-me privilegiado por ter tido tanto em tão pouco tempo mas a única coisa que consigo sentir é um nó apertado que me tira o ar e uma luz violenta que me cega, impedindo-me de ver qualquer sinal do que vai acontecer daqui para a frente.

Tudo o que penso é vago, confuso, incerto. Formou-se à minha volta uma miscelânea de ingredientes tão desajeitadamente misturados que tudo é indistinto. A névoa é densa e baralha os sentidos. A incerteza e a dúvida tornaram-se uma companhia inquietante. A única.

Não adianta dizer que não o desejo. Não adianta dizer que há mais para viver. Já não me convenço disso. Quero aquilo que ninguém ousa aceitar por cobardia mas sou cobarde para aceitar de forma incondicional a única coisa que até hoje foi incomensuravelmente real.

Quem me dera saber como...

E, por estupidez natural, por receio, por mágoa, por revolta ou simplesmente por não ser diferente de todos aqueles que ignoro, fujo. Desfaço-me em bocados que se espalham por caminhos indiferenciados.

Já não sou eu, já não sou nada. Não é uma escolha. É o corolário natural de opções (in)conscientes que confluem para um deserto imenso de trevas. Chegando lá a única coisa que posso desejar é uma morte rápida, evitando mergulhar na completa insanidade para nunca me esquecer que nada, jamais, atingirá o patamar de simplicidade e beleza que, em tantos momentos, me preencheram e fizeram sentir VIVO. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

GRÂNDOLA PROSTITUÍDA!

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É só de mim ou já ninguém aguenta a Grândola Vila Morena? Isto até tem piada quando acontece isoladamente, agora quando alguém do governo se prepara para abrir a boca e toda a gente começa a cantar passa a ser irritante!

Em primeiro lugar quero que fique claro que não sou anti revolucionário nem que deixo de estar solidário com todos aqueles que se sentem no direito de reclamar. A questão em primeiro lugar passa pela validade e impacto que tal acto origina. Será que algum dos governantes perante um coro a cantar a dita música vai para casa sensibilizado ou vai para o parlamento chorar de desgosto pela merda que a classe política verte pelos seus rabos constantemente?
Não me parece.

Parece-me isso sim que eles se estão a cagar para as manifestações e que o que aquilo que mais devem repetir é “Neste país são só anjinhos. E se com tanta austeridade ainda têm vontade de cantar é porque aguentam mais”.

Era capaz de ter muito mais impacto se, em vez de cantarem, pegassem num bastão e lhes partissem os dentes todos para não poderem discursar e para, acima de tudo, pensarem duas vezes antes de desbaratarem ainda mais o já parco património do país. Claramente já não há musica que mude o estado das coisas a não ser a musica de uma caçadeira de canos cerrados apontada directamente às nalgas de cada deputado.

Em segundo lugar começa a banalizar-se a música e a deturpar todo o seu enorme significado. Qualquer coisinha e pumba, lá vem a música. Tornou-se num protesto fácil e vai acabar por se vulgarizar de tal forma que ninguém a vai levar a sério.

Tanto que hoje fui abordado por um daqueles vendedores de cartão de crédito e quando lhe disse que não estava interessado ele começa em pleno centro comercial a cantar “Grandola, Vila Morena…”. Um gajo bufou-se no autocarro e a senhora que estava atrás dele pumba, toma lá Zeca Afonso. Todas as crianças em vez de fazerem birra agora cantam. Até o presidente da república já foi para a porta da segurança social cantar por causa da sua miserável reforma!

Invocar o passado em nome de circunstâncias distintas e tempos incomparáveis não é a solução. Principalmente quando os valores de outrora se perderam algures e quando a única coisa que resta da liberdade alcançada são meia dúzia de velhos decrépitos e outros que, apesar de estarem lúcidos e capazes, já não se querem estar a chatear. Alem do mais a liberdade é, também agora, um conceito bem distinto daquele pelo qual se lutou há quase 4 décadas atrás...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CHANGE TO BE THE SAME...

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Mudança

s. f.
1. Acto de mudar.
2. Troca.
3. Alteração, modificação, transformação (física ou moral).
4. Variação.

Uma mudança, na essência da palavra, pressupõe obrigatoriamente uma alteração.
Pode ser de vários tipos, de várias formas, pode ser total ou parcial. Mudar implica alterar as coisas.

Poderá uma mudança acontecer e tudo ficar igual? Parcialmente sim. E essa é provavelmente a mudança mais delicada de se fazer. Porque precisamos que tudo se mantenha inalterável à excepção de um pormenor particular que, a ser alterado, poderá evitar mudanças mais profundas. E que, ao altera-lo, consigamos isolar tudo o que queremos salvaguardar, tudo o que queremos manter… inalterável.

Deveria ser mais fácil quando identificamos claramente aquilo que queremos mudar, mas muitas vezes não é. Muitas vezes mesmo conhecendo todas as implicações que tal facto provoca, a nossa relutância em mudar é extrema. Sabemos exactamente o que precisamos fazer, sabemos como e sabemos qual o momento. Acho mesmo que a única coisa que não sabemos é se de facto mudamos. Podemos sentir num momento que SIM, que mudamos, que a partir desse momento essa mudança esta consumada. Mas como podemos ter a certeza?
Acho que nunca poderemos.

Mesmo conseguindo identificar todas as variáveis que provocam um determinado comportamento e conseguindo contraria-las, haverá sempre variáveis que não conseguimos controlar pelo simples facto de não as conhecermos. Por isso nunca poderei dizer “MUDEI” e o máximo que poderei afirmar com convicção é “QUERO MUDAR”. Sem ceder às minhas convicções, sem me desviar daquilo que acredito, sem deixar de ser eu próprio.

Por muito que o ser humano assente as suas reacções em princípios básicos alimentados por emoções primárias, existem milhões de combinações possíveis para comportamentos aparentemente idênticos. O processo de resposta a um determinado estímulo é sempre diferente, mesmo quando o estímulo e a resposta são os mesmos para indivíduos distintos.

O comportamento humano é sem dúvida aliciante pela sua enorme complexidade, pela sua imprevisibilidade. Apesar disso assistimos a cada dia que passa, a uma massificação da forma de pensar, de agir e, cada vez mais, a uma resposta global idêntica perante o mesmo estímulo, tornando o ser humano cada vez menos individual mas, ao mesmo tempo, cada vez mais isolado.
Estranho paradigma…

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

HOJE, TODOS OS DIAS...

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Hoje quero agarrar a Lua.

Hoje quero sentir todo o universo como uma parte de mim. Ser resgatado à rotina castradora de uma sociedade aglutinadora e atingir a prodigalidade dos loucos, a sagacidade e a coragem dos incautos.

Hoje quero sentir o presente sem pensar no futuro ou olhar o passado. Quero apenas sentir a genuinidade do que ainda sobra de belo, de valioso.

Hoje quero olhar-te com a alma. Quero envolver-me no cheiro do teu corpo, despir-te como quem pinta um quadro, tocar-te com a leveza de uma pena e beijar-te com a intensidade do fogo incontrolável.

Hoje quero incitar os teus sentidos a libertarem as dúvidas, os receios, as mágoas. Quero dizer ao teu corpo que o desejo e à tua alma que é minha. Quero sentir o teu corpo arrepiar-se por sentir-me perto, fazer-te sentir as palpitações do mundo e o compasso da vida no meu coração.

Hoje quero fazer com que a dança dos nossos corpos marque o tempo e o defina. Quero obriga-lo a suster a respiração e a submeter-se à nossa vontade enquanto nos amamos. Enquanto nos vivemos.

Hoje, mais do que nunca, quero abraçar-te para nunca mais te largar.

Hoje quero entregar-me a ti. A tudo o que representas. Ao Tanto que és.

Hoje, se for teu, não me importo que o Mundo acabe amanhã…

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A INELUDÍVEL AGLUTINAÇÃO DA MERDA!

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Numa terra de ignorantes não significa que o rei seja esperto, muitas vezes é apenas o menos burro.

Habitualmente a segurança que isso me confere manifesta-se num sorriso ou então num “vai-te foder”. Preocupa-me o facto de muitas vezes eles não serem distinguidos pela pessoa a quem me dirijo.

Acho que chegamos aquele ponto em que todos estão tão mergulhados num estado de letargia profunda, numa apatia generalizada, que o poder de absorção em relação a tudo o que vem do exterior é limitado apenas aquilo que já esta predefinido. A tudo aquilo que por rotina esta destinado a ser assimilado. Tudo o resto é simplesmente rejeitado ou mal interpretado.

Habitualmente isso preocupar-me-ia porque acreditava que haveria alguém acima da mediocridade capaz de perceber os erros, de os corrigir e com poder suficiente para criar bases capazes de estimular o desenvolvimento emocional e intelectual de uma sociedade.
Não agora.

Já me conformei em relação ao facto incontornável das pessoas não serem mais que uma mistura deformada de merda liquida e mal cheirosa que sai do enorme rabo de uma sociedade cada vez mais doente. Se o Criador soubesse que a humanidade ia chegar a este ponto, tenho a certeza que tinha evitado a construção de tantas igrejas, incentivando a criação de sanitas gigantes com capacidades industriais para eliminar tanto dejecto.

E assim sigo cada vez mais rodeado de merda, tanta que já nem me distingo. Tanto que a porcaria está por todo o lado e para sair daqui tenho necessariamente de me borrar todo. Fiquei parado algures, demorei demasiado a reagir e estou prestes a ser sufocado por ela. Agora é inevitável, preciso mergulhar no meio da merda e nadar até conseguir encontrar o extremo e sair.

Se houver alguém que já tenha conseguido sair peço-lhe o favor de me esperar na margem com um rolo de papel higiénico. Agradecido!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A CERTEZA DO (IN)CONTROLÁVEL

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Controlo:

1. Vigilância, exame minucioso.
2. Inspecção, fiscalização, comprovação.
3. Lugar onde se faz a verificação de alguma coisa.
4. Domínio.
5. Acto de dirigir um serviço orientando-o do modo mais conveniente.

Esse inevitável sentimento de conforto e segurança. É incontornável afirmar que nos sentimos sempre melhor quando temos tudo sob o nosso controlo. Quando sentimos que nada nos é alheio, que conseguimos antecipar reacções, acontecimentos e mesmo sensações graças ao conhecimento intrínseco de tudo o que nos rodeia.

Claro que muitas vezes essa necessidade de controlo acaba por nos fazer mais mal que bem. Porque ao longo da vida começam a fazer parte do nosso mundo tantas coisas que começa a ser difícil gerir tudo mantendo a serenidade e a constância. A pressão aumenta e habitualmente passamos para o estágio seguinte, o de manipulador.

Apesar de serem conceitos distintos eles coincidem muitas vezes. Como é inevitável que haja coisas que não controlamos ou que simplesmente em algum momento perdemos o controlo, a tentação de manipular para recuperar o controlo é imensa. E se o fazemos com algo que é realmente importante para nós o mais certo é estraga-lo.

Mexer com o curso natural das coisas, na esmagadora maioria das vezes, não dá bom resultado. The butterfly effect. Demore o tempo que demorar haverá consequências. E mesmo que sejamos bem sucedidos a controlar alguma coisa, qualquer coisa, qual será na realidade o valor que isso acrescenta à nossa vida? Sinceramente, se sentirmos que acrescenta algo de verdadeiramente valioso é porque algo deve estar muito errado.

Há coisas que nunca conseguiremos controlar e cada vez mais sinto que essas são as melhores coisas da vida. Aquelas que não prendemos nem sufocamos. Aquelas que libertamos para serem o que foram feitas para ser. As que, por não poderem ser controladas, são as que melhor representam a beleza das coisas. Sentir segurança por saber que não conseguimos controlar tudo. Aceitar isso. Entende-lo.

De qualquer forma a pergunta dos milhões é: será que não percebo sempre as coisas tarde demais?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

TUMBA!

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MORTE!

Essa puta convencida que faz borrar os truços de tanta boa gente por esse mundo fora.

Nunca entendi muito bem o medo das pessoas em relação à morte. Nem a forma como as pessoas lidam com ela. Morremos tantas vezes ao longo da vida que não é apenas por deixarmos de respirar ou o coração deixar de bater que torna as coisas mais dificeis.

Morrer é fácil. Morrer é a única coisa certa. Morrer é natural.
Mas, apesar disso, sempre que pensamos nela, assalta-nos um frio nervoso que percorre o corpo e nos faz mirrar os tomates imediatamente (ou os biquinhos das mamas) até se parecerem pequenas tâmaras secas.

Outra coisa que não entendo são os rituais.
Primeiro faz-se a vigília pelo morto. Mas vai-se estar vigilante a quem? A pessoa está morta, não vai a lado nenhum! Além do mais as pessoas fazem tudo menos vigiar seja o que for. Uns dormem encostados à cadeira. Outros falam da vida deste com aquele ou da vida daquele com este. Admira-me como ninguém esbofeteia aquelas pessoas violentamente, principalmente quando o estado de espírito de muitos não é o melhor.

Depois o funeral. A viagem até ao último destino! Chora-se pela perda de quem desaparece, pelo dinheiro que têm de gastar no funeral, pelo terrível receio de que aquela pessoa poderá ir para um lugar melhor. Chora-se por ouvir os outros chorarem. Chora-se e grita-se mais alto para que todos saibam que as goelas aguentam até limites insuportáveis para os ouvidos.

Tudo isto me faz uma imensa confusão.
No meu funeral quero aquilo que vulgarmente se faz num casamento. Quero uma valente festa. Muito álcool, comida, musica que deixarei previamente seleccionada e todos aqueles que me deram um pouco do seu amor ao longo da vida. Mas em vez de ser numa quinta será num motel. Quero ser lavado no jacuzzi por uma massagista Uzbeque, ser deitado numa daquelas camas com um colchão de água em forma de coração, e ficar lá até a festa acabar e me colocarem numa barca e lançarem ao mar!

Esqueçam as lágrimas, as flores, os gastos com um pedaço de madeira e uma cova. Esqueçam os padres e os santos. Esqueçam tudo o estabelecido porque eu só quero ir-me da mesma forma que tantas vezes me vim, rodeado de sensações de prazer e amor!

Posso não ser muito mas sou certamente mais que um qualquer lugar-comum. Prima, conto contigo ;)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

THE TURNING POINT

Porque pediste...

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Há pessoas que nos marcam e que, "no mater what", permanecerão sempre em nós como a mais importante pessoa da nossa vida. Pessoas essas cujos efeitos não se resumem ao tempo que passamos com elas, prolongando-se para lá da nossa existência, da vontade e da certeza.

Pessoas a quem temos de agradecer tudo. Toda a vida, dedicação, paixão, amor e por todos aqueles nadas que ninguém entende porque pertencem apenas a "nós".

As relações são complicadas e, quando se tem a tendência para assumir uma postura inversa à nossa forma de estar, tornam-se impossíveis.  Porque ninguém deve deixar de ser quem é por ninguém e quando se muda alguma coisa, deve ser para salvar algo que valha a pena ser salvo.
Mas mudar, deixar de ser quem somos, para deteriorar dia após dia uma vida em comum, é no mínimo estúpido!  Podemos e devemos fazer mais e melhor. Porque somos capazes, tenho a certeza.

Sei que ficou muito por fazer, muitos sonhos por concretizar e muita vida por viver. Somos mais que uma qualquer figura de estilo habitualmente usada num momento de separação e muito mais que um simples "não dá mais".

Normalmente, no fim, fica o vazio. E antes disso fica a mágoa, a revolta, o ressentimento e a saudade.

Mas, de tempos a tempos, fica muito mais que isso. Fica a certeza do que somos, do que se sentimos, do que vivemos e de tudo o que mexe com o nosso Mundo ao ponto de nos fazer sentir intocáveis, insolúveis, inabaláveis nas nossas convicções, aspirações e vontades.
A sensação de não haver mais Mundo para lá daquele que tocámos, que nos envolve e nos mostra o que, na sua forma mais simples, realmente importa.

Não há milagres, pelo menos eu não acredito neles, há escolhas. E escolher invariavelmente aquilo que nos leva sempre ao mesmo lugar não pode ser, em nenhuma circunstância, uma boa escolha.