sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A SONG FOR SANTIAGO!


Nada à minha volta!

Nem cores, nem rostos, movimentos. Concentro-me e tento ouvir os sons. Nada.

Pese embora estar completamente isolado não me sinto sozinho. E apesar de na solidão sempre me ter sentido em casa, neste momento não o sinto. Nem me sinto sozinho...

Há momentos em que preciso sentir-me um estranho. Desconhecido e indiferente a tudo à minha volta. Sem ninguém a chamar-me, a olhar-me. Sentir-me completamente sozinho! Em harmonia com todos os Nadas à minha volta. Sem rostos, olhares, sons ou movimentos que não os provocados pelo vento ou pela chuva. Sentir-me sozinho com o Mundo e com aquilo que se manteve inalterável ao longo de milhares de anos de alterações, mudanças, evolução. Já sobra muito pouco...

Esta canção transmite-me essa sensação. De tudo o que foi belo e não soubemos manter. A sensação de perda. A sensação de estar sozinho na luta pela beleza de um Mundo que já não é o meu e pelo Amor que segue em declínio ano após ano. Aquele amor que não é posse, nem interesse, nem exige retorno ou recompensa. O Amor que não se pensa ou planeia e que depende mais de quem olha, ouve e sente do que daquilo que se vê, se ouve ou se toca...

Mas agora, independentemente daquilo que sinta em relação ao Mundo, não me posso isolar. Há algo mais importante que eu, que aquilo que eu sinto ou penso. Agora não me posso resignar ou mandar foder o Mundo quando me apetecer. Agora mais do que em qualquer outra altura, chegou o momento de lutar...

Sempre senti que ter um filho neste Mundo era um crime! As pessoas estão estragadas e pouco resta da beleza do Mundo. Se tivesse oportunidade de decidir, não sei se quereria nascer agora! E por muito que me tentassem convencer do contrário, acho que não haveria argumentos suficientes para me demover.

Como preparar alguém para integrar uma sociedade egoísta, hipócrita e totalmente desprovida de valor?
Como conseguir incutir valores que já ninguém respeita ou entende e esperar que ao mesmo tempo não se sinta isolado ou perdido, que não se sinta rejeitado ou em constante conflito sobre o que é real ou ilusão?

E esse será sem dúvida o maior desafio, um tremendo desafio!

Fazer crescer uma criança num Mundo com as prioridades invertidas. Conseguir preservar a beleza e magia que ainda sobra no Mundo sem a impor, mas permitir-lhe a sensação de deslumbramento pela descoberta. Sem deixar que ao longo do seu desenvolvimento perca algo tão importante como a liberdade de escolher, de sentir e de ser. Sem deixar que se iluda mas sem nunca perder a ingenuidade que nos faz humildes perante algo tão maior que nós...