terça-feira, 26 de outubro de 2010

Amor-Mais-Que-Perfeito!...



No dia em que se assinala um mês de "vida" deixo uma música que me diz muito, não apenas pela música em si mas pelo significado das suas imagens, que não terão significado para mais ninguém a não ser para "nós". A música em si, tem o sentido que qualquer pessoa lhe quiser dar.

No "nosso" caso significa muito mais do que aquilo que a banda poderia supor que alguma vez tivesse. Atingiu o auge da beleza, do amor, da persistência, da vontade, da fé...
Atingiu o propósito que no seu extremo deveria servir. Atingiu o limiar de tudo o que um verdadeiro amor representa e será sempre interpretada desta forma, pelo menos para mim!

Nunca desistir daquilo que sabemos ser certo (real ou não). Nunca ceder à tentação natural de nos limitarmos ao básico. Seremos sempre um pouco mais se seguirmos a nossa vontade, este sempre foi o meu lema...

Provavelmente dor será sentida, momentos passarão em claro, rumos indefinidos serão seguidos. Mas no fim acabaremos sempre por nos encontrar e nos perder exactamente no mesmo sítio, da mesma forma, provavelmente com a mesma intensidade e certeza. E sentir que isto é apenas o começo transporta-me ansiosamente para um futuro incerto pelas mudanças naturais. Incerto mas seguro! Contraditório? Talvez...

Para já vou controlar a ansiedade, respirar fundo e aproveitar aquilo que estou a viver, um dia de cada vez. Dias que se rodeiam de uma clara sensação de magia, um ambiente bucólico que existe apenas nos quadros mais inspirados ou num qualquer efeito irrepetível da natureza. Momentos-Perfeitos :)

Por isso (e enquanto não fodermos tudo) vou continuar a dar o melhor de mim para que o fim não chegue nunca...

Brutamo-te ciganita...

sábado, 16 de outubro de 2010

The Spirit Was Gone



"The spirit was gone from her body
Forever and had always been inside that shell
Had always been intertwined
And now were disintwined
It's hard to understand
Oh..."


Finalmente saiu o novo álbum de Antony and the Johnsons. Na verdade já saiu há quase uma semana mas só hoje fui compra-lo.
Sem perder o lado melodramático e monocórdico que a voz de Antony Hegarty acentua a cada sopro de voz, este novo álbum anuncia um "fim".
Percebe-se claramente nas canções uma tristeza profunda pelo actual estado das coisas, o sofrimento e melancolia estão intrínsecas no álbum.

A humanidade aproxima-se do fim...

Gostava de conseguir ouvir este álbum sem o entender, sem lhe dar significado além daquele que as melodias transmitem.
Gostava de ser estúpido ou ignorante o suficiente para não entender, de ser apenas mais um louco que sorri a tudo e vive solto pelos locais mais improváveis.
Gostava de não perceber a sociedade, as organizações, a ganância e a fortuna.
Gostava de não sentir a hipocrisia, a maledicência e a falsidade das pessoas.

Apesar de tudo este álbum e qualquer outro que nos transmite uma profunda tristeza (não confundir com estados depressivos) não seria o mesmo se essa tristeza não fosse real, se não fosse sentida dessa forma na voz arrepiante e quase bucólica deste "profeta sensorial". Sente-se a desilusão, a dor e, pior que isso, sente-se que é impossível lutar! Há claramente um sentimento de impotência para mudar o sentido das coisas tal como uma bátega cuja tromba de água impiedosa varre tudo por onde passa!

Apesar de tudo e depois de ouvir este albúm várias vezes, há um sentimento claro e que marca todo e qualquer registo desta fantástica banda. Não está explicito mas vagueia entre alterações de sonoridade, entre compassos, entre músicas. O Amor...

Se alguma réstia de humanidade sobreviver ao incontornável cataclismo, será seguramente aquela que se basear no amor e na compaixão...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Archive - Controlling Crowds



Hoje resolvi escrever sobre a anedota em que se transformou o “Mundo”, a sociedade global e falar de merdas que não interessam a mais de 3 ou 4 pessoas!

Não me vou preocupar em estabelecer critérios rígidos sobre a forma como digo as coisas nem as vou fundamentar demasiado. Em primeiro lugar porque não me apetece, em segundo porque não quero lançar o pânico entre os mais conformados ou cépticos. Se alguém se quiser dar ao trabalho, deixo ao vosso critério aceitar, interpretar ou criticar os meus devaneios mais ou menos inconscientes ou então provocados por um elevado grau de alcoolismo no qual me encontro habitualmente.

Nos últimos dois dias expus-me a um sacrifício extremo que me criou um estado de depressão profundo, um sadismo quase indescritível e até condenável do ponto de vista do bem-estar humano…

Vi um telejornal até ao fim…

Por norma evito estar muito actualizado pois assim tenho sempre a eterna desculpa da ignorância mas neste momento não me posso refugiar nela para me descartar de falta conhecimento do estado actual das coisas. O grande problema não é estar informado, o meu grande problema é ver ao ponto a que as coisas chegaram!!
Será que neste País (apesar de ser um problema global) não há ninguém com projecção mediática minimamente inteligente para dizer alto e bom som o que está a acontecer?!!

Soube, entre outras, que os dois maiores sindicatos do País se vão unir numa greve geral. Ora, isto para a maioria dos comuns mortais (sim, sou presunçoso ao ponto de me julgar à margem da maioria da população mundial, já estou como o outro, sou “especial”) seria algo fantástico pois significaria que o ponto a que as coisas chegaram impõe que haja uma união ainda mais abrangente que permita criar uma força de bloqueio “ao governo e às suas políticas”. Para mim isto não passa de pura hipocrisia.

A meu ver os sindicatos foram criados com um fim específico, controlar as multidões (daí a música que acompanha este texto). No momento em que são divulgadas medidas contra os trabalhadores de uma forma geral, ou contra algum sector em particular, lá vêm os sindicatos acalmar os ânimos!
“Não se preocupem que nós tratamos disso!”
E convoca-se uma greve (demasiado pacífica) que na prática só serve para prejudicar ainda mais a produtividade nacional e manter com rédea curta as massas.
O papel dos sindicatos é claro, enriquecer à custa do poder negocial que ganharam junto dos governos (eu vejo isso como pagamento de um favor), refrear os ânimos e controlar as massas como o pastor faz com o seu rebanho.

Sim, porque neste meu contacto com os telejornais vi que noutros Países onde não são tomadas medidas tão austéras há motins e revolta por “apenas” uma ou duas medidas de austeridade! Somos um povo demasiado brando e pacato. O que até seria bom se tivéssemos no “poder” pessoas capazes de sensibilizar as pessoas para uma realidade que não é de longe aquela que nos é vendida!

Só quem anda literalmente a dormir é que não percebe que o sistema financeiro está à beira do colapso, os ciclos de consumo estão no limite, os recursos naturais escasseiam e não há forma de contornar isso. A solução é simples mas impraticável pois a globalização impede-o.

É muito salutar a aproximação dos povos, de culturas e a evolução permitiu-nos alargar os nossos horizontes ao ponto de nos movermos sem grande dificuldade por 70 ou 80% do planeta. Mas que não se espere que daí não advenham consequências graves!

E uma delas está à vista e para breve. A bancarrota de um País (ou vários) em prol da evolução, de um bem maior chamado União Europeia! Aliás, em alguns Países isso já sucedeu e, como peças de dominó, muitos mais vão continuar a cair!

Andamos a pagar a agricultores para deixarem de produzir, as nossas crianças não fazem ideia de onde vêm os alimentos nem como cultivá-los. Quando se acabarem nas prateleiras dos hipermercados ou estiverem a um preço proibitivo (e que ninguém tenha dúvidas que mais tarde ou mais cedo isso vai acontecer) iríamos desejar saber mais umas coisas sobre o assunto!
Neste momento há vários Países que não têm capacidade de se auto-sustentar, naturalmente Portugal é um deles, e como disse há tempos um ministro numa intervenção na sede das Nações Unidas “…produzam, porque num momento de crise nenhum País virá a correr para vos matar a fome…”

Ou se começam a limitar as importações, que para além de contribuir para diminuir a dívida externa (que é um dos principais problemas do País dado as subidas das taxas de juro) iria obrigar a uma maior produção nacional = menos desemprego = menos carga fiscal = a maior qualidade de vida, ou então estamos condenados a uma escravidão completa de meia dúzia de organizações todo-poderosas que neste momento tentam (com grande sucesso diga-se de passagem) estabelecer uma Nova Ordem Mundial levando governos de vários Países (fantoches) a um constrangimento financeiro tão extremo que se torna insustentável para a maioria das pessoas, de tal forma que motins, revolta e crime organizado serão constantes em qualquer grande cidade da Europa!

Ia continuar mas acredito que já consegui deprimir grande parte das pessoas que me “lêem” e que conseguiram chegar ao fim deste texto. Sim, porque a maioria deve ter desistido a meio…

;)

domingo, 10 de outubro de 2010

Set My Spirit Free


Há coisas que nos mudam, que nos transformam.
Somos constantemente postos à prova e na maioria das vezes falhamos! Emocionalmente somos complexos, contraditórios e imprevisíveis! Temos sempre mais dúvidas que certezas, mais medo que coragem…

Não acredito no destino, nem na previsibilidade. Acredito que somos a exacta medida daquilo por que lutamos. Não do resultado da nossa luta, isso é relativo, mas do empenho, da coragem, do amor que colocamos no caminho que decidimos percorrer! Bem sei que é uma visão muito romantizada das coisas pensar que a satisfação de lutar por algo verdadeiramente grandioso será suficiente, mesmo que essa luta se revele efémera e inconsequente…

Mas prefiro saber que sou assim do que pensar que me enquadro no estereótipo de uma sociedade cada vez mais estéril de valores e de capacidade para sentir!

E digo isto no momento em que vivo algo único, mágico, que abanou os alicerces do meu ser e, de tão "imprevisível", até da minha imaginação exactamente por nunca deixar de sentir, de acreditar...

Vivo-o da forma que ele merece ser vivido, com total entrega, dedicação e sem qualquer receio pelo que possa suceder no futuro.

Não há caminhos fáceis, certos! Há caminhos. Sempre disse que a única coisa que possuo verdadeiramente é a minha liberdade. É a única coisa que preciso manter, a liberdade de escolher o meu caminho. Porque com os meus erros, com as minhas falhas, com as minhas más decisões eu consigo lidar. Não conseguiria era lidar com a frustração de ter seguido um mau caminho que outra pessoa escolheu para mim…

Continuo e irei continuar a ter conflitos com o que sei ser real e o que imagino. A minha mente irá continuar a pregar-me partidas, irá continuar a iludir-me com lampejos de vida inalcançável em miríades de sonhos coloridos pela capacidade que o meu coração tem de amar. Irá continuar a mostrar-me quem não consigo ser…

Assim espero pois conseguindo ver as coisas dessa forma, terei pelo menos a certeza de saber pelo que luto! Terei a certeza de saber o que vale a pena, mesmo que nunca o alcance.
Neste instante sinto-me crescer sem dúvidas, sem medos! Sei claramente o que vale a pena...

Neste momento sinto a coragem de lutar pelo que realmente sei ser certo, pelo que acredito! Libertando o meu espírito, enaltecendo a essência de uma vida e voando até cair sem forças…

Apetece-me gritar: “FREE AT LAST” pois eliminei todos os bloqueios. Tive a coragem de me libertar daquilo que me satisfaz mas não me completa. Que não me faz evoluir ou ser uma pessoa melhor! Não vai ser fácil porque todos os dias somos aliciados por pequenos Hitlers disfarçados de benfeitores com promessas de bem-estar e felicidade ao alcance de todos em troca de algo tão “vulgar e insignificante” como a nossa capacidade de amar, de sentir e de sermos únicos.

E perdemos o melhor de nós com uma facilidade impressionante ao mesmo tempo que desviamos o olhar e passamos ao lado do verdadeiro sentido das coisas…

Se mais tarde me aperceber que foi o caminho errado e que qualquer outro teria sido melhor basta-me pensar como seria se para sempre vivesse na dúvida…

sábado, 2 de outubro de 2010

Vindimas!!


Hoje escrevo sobre vindimas!

Infelizmente este ano não tive possibilidade de estar nas vindimas :(
Demagogia, escapaste-te de Boa, pensam vocês! Não, de longe. É uma época única e tudo me agrada de uma forma muito particular. Gosto de tudo, da aldeia, da agitação, das vinhas, dos cheiros, da pureza do ar, da alegria, até de chegar ao fim do dia completamente rebentado.
Mas no fundo, gosto das pessoas! A forma como se vive esta altura é diferente de todas as outras!

Uns usam as vindimas para beber à vontade sem que a mulher o recrimine!
"Oh mulher, anda um homem farto de trabalhar e nem se pode beber um copo?!?!"

Outros para "parecerem" ocupados já que nesta aldeia são poucos os momentos de agitação e stress, é uma parcimónia tal que diria que os anos aqui se repetem! Fala-se nas vindimas desde que a festa da aldeia acaba (meados de Agosto) ate ao Natal. Fala-se com este e com aquele para ir ajudar, tem de se preparar comidas, fazer planos tão complexos e elaborados que nem a maior corporação ou empresa conseguiria implementar com os métodos mais eficazes de gestão!
Há pessoas que não dormem preocupadas! É uma época de tensão, terrível, desgastante!
:)

É esta simplicidade que me agrada na aldeia, as pessoas são tão simples, humildes e genuínas que não posso ter vontade de ir parar a mais lado nenhum!

As vindimas são de facto uma época especial, diferente. Principalmente as que se fazem para a adega da casa do proprietário! E é uma das vindimas do ano passado que aqui retrato...

Começa-se cedo!! Às 6h20 toca o despertador. Saio ensonado da cama para tomar o pequeno almoço. Visto-me ainda a cambalear e com os olhos meio fechados. Saio de casa de forma vagarosa e sonolenta e reunimo-nos todos na casa do "patrão" da vindima! Começo a ouvir barulho e só penso que tanto barulho logo de manha não!!!

Digo Bom dia de forma arrastada e até algo ríspida por sair da cama tão cedo e do outro lado levo com um elegante e auspicioso "Vá, anda de lá beber um copo de vinho do Porto?!?!"
Possas, pensei (eu sei, ninguém diz possas...), PORRA! São 6h40 da manha!!! Vinho do Porto?!!? Que é feito do tradicional leite? Pronto, com café, para não parecer muito "copinho de leite" como se diz por aqui!
"Anda lá, bebe um copo e come do bolo!!"

E começa a festa :)

Até chegar toda a gente passam uns vinte minutos e dois cálices de vinho do Porto e bolo! Até chegar ao local da vindima passam mais vinte minutos! E quando o pessoal já esta em velocidade de cruzeiro e a trabalhar com afinco...

"Vá, vamos comer!!!"

Porra :), são 9h!!, já comi torradas e bebi leite, depois vinho do Porto e bolo e já vamos comer outra vez!!! Mas pronto, uma coisinha leve ainda vai...

Ora, se há coisa que não existe numa vindima são pequenos almoços "leves". Desengane-se quem imaginava um pequeno almoço com fruta, cereais e afins!!! Nah, isso é coisa de cidade, de betos e em casos mais extremos é até considerado um pouco "gay".
Entre outros, o pequeno-almoço é constituído pelas nutritivas Moelas carregadas de molho, Azeitonas, Bifanas, Panados, Enchidos, Queijos, Bacalhau frito, entre outros! Tudo acompanhado de um bom vinho tinto!!!

São 9h da manhã!!! Aliás, eram, porque entretanto já passou mais meia hora:)
Arruma-se tudo nos cestos (a comida vai em cestos para o campo) e toca a trabalhar!
Ora, penso eu, agora é que vai começar a doer porque até agora ate se aguentou bem!

Voltamos ao trabalho ainda mais alegres que quando começamos (bom do vinho) e agora sim, já começa a cansar. Os terrenos são árduos, os baldes de uvas pesam e começa a fazer calor!...
Depois de uns minutos a trabalhar ouve-se: "Tragam lá o vinho!" Bebe-se e isto passa-se a cada 15 minutos! Mas não muitos quinze minutos porque qual a minha surpresa quando reparo que acabou!
Horas? 10h40!!!

Não pode, deve haver mais terrenos, penso eu...
Não há! Noutra altura a minha primeira reacção seria pensar porque raios tive que acordar tão cedo se isto em duas horas bem trabalhadas ficava tudo feito!!! Mas não, já nem me lembrava de ter acordado cedo!
Não há mais terrenos, vamos para casa!
Ah, pois, mas ainda se vai trabalhar a sério agora!!

É preciso levar as uvas para casa, esmaga-las e pisa-las! Chegados a casa as "mulheres da cozinha" chegam com entradas e cervejas frescas para os valorosos homens e mulheres que tanto trabalharam e mais uma vez.... claro, come-se!!

São 11 e pouco. Depois de restabelecer as forças viram-se as toneladas de uvas para o lagar (vá, 1500 kg, mais coisa menos coisa), esmagam-se as uvas de forma artesanal (esmagadora ligada à tomada) e...

Já está! Passaram 20 minutos!
É quase meio-dia! Claro, toca a comer! Entretanto alguém diz que todos podem ir tomar banho (não se vai trabalhar de tarde?!?) para vir almoçar!

Depois de almoçar a dona da casa ainda diz "Hei, vêm cá à noite comer o bacalhau!!"

Depois de tudo isto eu penso? A maior parte das pessoas não são pagas, usa-se muito a troca de favores, mas se fossem pagas era impossível ter lucro!!! Só eu comi e bebi mais do que o lucro que aquela pessoa pode ter com o vinho!!!

Aqui aprendi mais isto! As pessoas não procuram o lucro, procuram sentir-se bem! A vaidade nas pessoas existe, naturalmente, mas rege-se por padrões tão simples que nem conseguia entende-los! As pessoas valorizam as pequenas coisas! Vivem-se da forma que devem ser vividas. As cores são mais nítidas, as sensações também. As preocupações existem sob a forma de pressupostos quase impossíveis de conjugar para a sua concretização!

Depois de reescrever este texto só penso no cheiro das moelas e bacalhau frito logo pela manhã. Acabei de almoçar mas estou cá com uma fome...