quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Esfoira Emocional


Pára…
imagem da net
Respira fundo…
Abre os olhos e observa tudo à tua volta…
O que vês?

Nada…

Estou cego. A única coisa que distingo são os sons que me envolvem mas mesmo esses são distorcidos e incompreensíveis. Começam a aumentar de tom e sou obrigado a tapar os ouvidos. Mas não resulta, o ruído é cada vez maior e começa a enlouquecer-me. Não consigo mover-me mas mesmo que conseguisse não vejo nada, não saberia para onde ir. A cabeça ameaça explodir a qualquer momento. Tento lembrar-me de algo que possa ajudar a aliviar a dor mas as dores insuportáveis cortam-me o raciocínio impedindo-me de pensar!

Deixo-me ficar parado à espera que algo aconteça. Mas nada. Seria suposto acordar agora mas já desisti de pensar que isto é um sonho. Precisava da sensação de alívio depois de um sonho mau. De sentir o coração acalmar aos poucos até voltar ao normal. De sentir que isto não está a acontecer.
Mas está…

E é incontornável de tão distorcidamente real. Perco a noção de tudo à minha volta e não consigo encontrar-me. Se ao menos pudesse abrir os olhos, talvez aí conseguisse perceber o sentido das coisas, talvez conseguisse encontrar-me e contornar a inevitabilidade de uma morte lenta e dolorosa, mergulhado no amargo e viscoso líquido verde que me envolve.

Moral da história: a ressaca é fodida mas vomitar ajuda!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aleluia Aleluia, o blogue ressuscitou!


foto da net

É verdade, estou de volta.

Foi difícil porque já nem me lembrava da password. Tentei o nome do cão, dos gatos, a data em que perdi a virgindade, todas as combinações de números e letras possíveis e de tudo o que de relevante aconteceu na minha vida e que eu pudesse ter usado como password mas nada resultava...

Foi em conversa com um amigo há uns dias atrás que surgiu esta vontade de voltar.
-Então e o teu blogue?

No inicio nem associei porque já nem me lembrava que em tempos escrevia com regularidade (pelo menos mais regularmente que agora) e fiquei por segundos a pensar a que é que ele se referia.

- Nunca mais escreveste nada! Já lá vai quanto tempo?
- Hiiiii, o blogue! Sei lá bem, já deve ter passado meio ano desde a última vez que lá fui!
Digo isto, ele muda de expressão e exclama fria e vagarosamente:
- O teu blogue morreu!

Não posso dizer que tenha ficado em pânico, foi mais ou menos a sensação de conformismo perante algo que me pareceu lógico. Mas não, não podia deixá-lo morrer…

Uso os meus conhecimentos em suporte básico de vida mas sem sucesso, liguei para o INEM, para o bombeiro de Favaios, para a polícia, para a redacção da TVI (ressuscitaram o Goucha e a Teresa Guilherme)…
Nada. Ninguém me podia ajudar e não me restava outra solução senão preparar-me para fazer o luto! Ligo para a agência funerária para tratar de tudo em relação ao funeral enquanto ligo a internet para declarar o óbito. Eis que ao faze-lo me surge a opção “ajuda”.
Tentar não custa – pensei.

Entrei e a primeira pergunta que surge é “Pretende ressuscitar o seu blogue e voltar a perturbar as almas que nestes 6 meses puderam finalmente ter paz?” Respondo de pronto que SIM!

Surgem desde logo uma lista de condições para que isso fosse possível. As que mais me chamaram a atenção foram:
- Escrever sem estar sob o efeito de álcool.
- Não postar fotos ou vídeos de gatinhos, de bebes a babarem-se enquanto comem, de ondas do mar em câmara lenta ou de hienas a masturbar-se.
- Não postar nada que possa ser considerado susceptível de ferir a susceptibilidade dos leitores (inclui o capachinho do Tony Carreira, as coxas da Popota, as mamas da Susana de um programa da TVI, entre outros…)
- E nunca, em qualquer circunstância, postar algo relacionado com sexo!

Começo a pensar que será impossível dar vida ao meu blogue. Já tinha preparado um vídeo de 12 minutos dos meus gatos a perseguir anões esquizofrénicos, uma foto da Popota a insinuar-se ao ministro das finanças e um texto que corrobora a tese que o sorriso ininterrupto das hienas resulta da masturbação constante…

Mas não vou desistir. É possível contornar as dificuldades.
Um dos maiores filósofos de sempre disse em tempos: “A masturbação com a mão esquerda pode ser mais demorada mas é possível”.

Tenham medo… muito medo… Os devaneios estão de volta ;)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Confusões com a Autoridade – Parte II



A segunda-feira por si só já é um dia difícil. Apesar disso até acordei bem disposto apesar das dores provocadas por um escaldão durante o fim-de-semana (não na praia, mesmo na horta!). O incontornável incómodo que tal facto origina obriga a alguns cuidados como espalhar pomada nas costas para minimizar os estragos.

Arranjo-me para ir trabalhar e depois do banho trato de me besuntar todo! Ora, para não manchar a camisa trato de ir pró trabalho em tronco nu. Pela primeira vez decido experimentar um caminho diferente para ir trabalhar, supostamente mais perto (e de facto confirmou-se mas bem mais longo, pelo menos hoje).

Dez minutos depois de sair de casa sou mandado parar pela polícia bem no centro da vila. Encosto e desligo o motor.

- Bom dia – diz ele com desconfiança.
- Bom dia? – pergunto – Olhe bem a minha sorte, a primeira vez que venho por este caminho sou mandado parar pela polícia!
- E conduzir em tronco nu, também é a primeira vez?
- Isso não, já o fiz várias vezes e até já conduzi completamente nu, mas só uma vez.

Ele continua a olhar-me com desconfiança e até alguma rigidez com uma mão pousada na ombreira da porta e a outra no cassetete. Os pelos do meu peito estavam a deixa-lo inquieto. Pede-me os documentos do carro os quais vou buscar ao banco de trás e volto a entrar no carro enquanto ele o inspecciona!

- Você não sabe que não pode conduzir em tronco nu?
- Não posso? Não conheço nenhuma lei que o impeça!
- E há algum motivo para estar a conduzir em tronco nu?
- Precisava arejar os pelos do peito e durante o fim de semana apanhei um valente escaldão e como coloquei pomada nas costas não vesti a camisa para não a manchar.
- Sabe até quanto pode ir uma multa por conduzir em tronco nu?
- Não sei e duvido que o Sr. agente me possa esclarecer.
- Posso, garanto-lhe que posso! Vai dos 30 aos 300 euros mas normalmente nestas situações é aplicada a infracção mais baixa, de 30 euros.
- Se me mostrar onde esta escrito que tenho de conduzir vestido eu pago a multa.
- Não preciso de lhe mostrar nada, alem do mais é uma questão de bom senso e de segurança na condução.
- Tem de me explicar em que medida é que eu estar ou não com camisa vestida me torna um condutor mais seguro! E desculpe lá mas tem de ser rápido porque há pessoas que ainda trabalham neste país e não gosto de chegar atrasado. Se ainda fosse uma mulher de tronco nu percebia que me retivesse tanto tempo, assim…
- Se fica ou não mais tempo sou eu que decido! Desta vez escapa mas nunca mais o quero ver a conduzir em tronco nu! E vista lá a camisa que a pomada já secou há muito tempo.

Visto a camisa, despeço-me e sigo viagem!

Entretanto fui pesquisar na net e a lei é omissa, não há nenhum artigo que proíba a condução em tronco nu, de chinelos, descalço ou mesmo nu. Já no caso de ser uma mulher a conduzir em tronco nu a lei estimula-o e até dá direito a vantagens fiscais… Não dá mas devia! Aliás, elas são as únicas prejudicadas neste caso pois, caso uma mulher a conduzir em tronco nu seja responsável por um acidente (algo altamente provável), pode ser multada ou apanhar até um ano de prisão!
Motivo e é a mais pura verdade: EXIBICIONISMO ;)

domingo, 22 de maio de 2011

After The Storm

Há muito que ando para postar esta música mas agora tinha mesmo de ser. Basicamente por três motivos:
1. A música é simplesmente linda
2. A letra é absolutamente arrepiante
3. Porque, nesta altura, tem tudo a ver! Sem tristeza, mágoa ou melancolia. Apenas fé, amor, certeza e esperança...




And after the storm,
I run and run as the rains come
And I look up, I look up,
on my knees and out of luck,
I look up.

Night has always pushed up day
You must know life to see decay
But I won't rot, I won't rot
Not this mind and not this heart,
I won't rot.

And I took you by the hand
And we stood tall,
And remembered our own land,
What we lived for.

And there will come a time, you'll see, with no more tears.
And love will not break your heart, but dismiss your fears.
Get over your hill and see what you find there,
With grace in your heart and flowers in your hair.

And now I cling to what I knew
I saw exactly what was true
But oh no more.
That's why I hold,
That's why I hold with all I have.
That's why I hold.

I will die alone and be left there.
Well I guess I'll just go home,
Oh God knows where.
Because death is just so full and mine so small.
Well I'm scared of what's behind and what's before.

And there will come a time, you'll see, with no more tears.
And love will not break your heart, but dismiss your fears.
Get over your hill and see what you find there,
With grace in your heart and flowers in your hair.

And there will come a time, you'll see, with no more tears.
And love will not break your heart, but dismiss your fears.
Get over your hill and see what you find there,
With grace in your heart and flowers in your hair

All things to all men!


A igualdade deixou de ser um princípio fundamental da humanidade para passar a ser uma utopia.

Perdeu-se a admiração, a crença e o respeito por tudo o que cada ser humano representa individualmente. Ou conseguimos posicionar-nos num determinado estrato social ou somos marginalizados. Revolta-me a intolerância e julgamentos de valor precipitados. A igualdade de oportunidades é, sempre foi e continuará a ser um conceito impraticável, uma idéia romantizada de uma sociedade que apenas a aceitou na teoria, pois era valoroso acreditar e defender tão nobre ideal. Mas quanto mais essa necessidade de igualdade era frontalmente defendida por todo o tipo de organizações em todo o Mundo, mais se trabalhava no sentido de alargar o fosso.

E porquê?
Porque é necessário haver pobreza, é necessário que essa pobreza gerada por diversos factores como as guerras, a desertificação, a exclusão social e marginalização de grupos, etc... continue a chocar as pessoas de forma tão aterradora quanto possível para que dessa forma elas, assustadas, continuem a alimentar o sistema financeiro há muito globalizado no pior sentido da palavra. Para trabalharem como escravos (que há muito tempo e cada vez mais somos) de forma a garantir que não vão ser alvo de exclusão social. De forma a garantir que não sejam eles a aparecer nas notícias como os coitadinhos que nada têm. Há um receio tão grande de não ter nada que fazemos tudo o que está ao nosso alcance para gerar riqueza, alimentar o status e a (des)integração social. Pelo meio esquece-se o verdadeiro sentido das coisas, daquelas que deviam estar intrinsecas em cada um de nós como seres humanos que somos (devíamos ser).

Por isso, o Mundo tal como o conhecemos até se pode aguentar por muitos anos, mas a Humanidade há muito que se perdeu...

Podia escrever mais mas como dizia a minha avó "o que é demais é moléstia". Além disso a letra da música diz muito!




All things to all men
( vocals by Roots Manuva )
And now it seems
As if we're used to the shegree
We made our beds
And now we hate where these beds be
Took nothing at all to part this red sea
I'm a shackled child
Singing the good song of freedom
They've got no pride
They interrupt our grieving
Tear drops dropping
For the pain of the world
My best friend dies
When she was just a young girl
Left me here, to fend for myself
Now the pain never leaves
We just learn to cope
So when the devil needs hanging
Will you tie up the rope and shout pull
Let's put an end to this bull
Zen thing
How many years
Before we practice what we preach
How many tears
Before we truly clinch the peak
Only to find that
There is no honey on the moon
Official gloom
With the unofficial croon

I'm all things to all men
All of the women
All the children
Just say when
And I’ll take you to my Tardis
Who's the hardest
Who's the hardest

16 bar cycles
Heart felt recital
From the wacky blacky man
They should have called me Michael
Look at the monster you make
Look at the monster you pay
But you claim no responsibility
Cause it's each to his self
In these times that we live
Does god have a sense of humor
Then the joke's on us
Cause we're chasing our tails
For how long
The tussle makes us how strong
Vintage poor people fun
If we could ease up
On these booze and fags
Then, just maybe
Life wouldn't be so mad
Be a man my dad said
But what the hell he know
He lost his dreams
He lost his flow
And i don't wanna be alone
I'm born king
So where's my throne
I'm too intense
I'm too deep
I'm too nice for life
So what makes this place so nervous?

I'm all things to all men
All of the women
All the children
Just say when
And I’ll take you to my Tardis
Who's the hardest
Who's the hardest

Look at the monster you make
Look at the monster you pay
But you claim no responsibility
But you claim not
We're searching for Jesus
But I’ll be damned
If I’ll be crucified by ten thousand spies
Compulsive lies
They hate me
They love me
They hate me

Cause I’m all things to all men, all of the women, all the children
Just say when and I’ll take you to my Tardis
Who's the hardest, who's the hardest

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ah ah, apanhei-te!!

Finalmente capturaram o Bin Laden!


Enfim, esta devia ser a notícia do ano mas preocupam-me mais as ervas daninhas na minha horta do que isso.

Desde o início que esta história está muito mal contada! Basta fazer uma questão: Quantas pessoas no Mundo podem afirmar com absoluta certeza que o conheceram pessoalmente?

Desde o início que a única coisa que se sabe dele é através de fotos ou vídeos colocados a circular na internet! E sempre em momentos estratégicos para os Estados Unidos. O que me leva claramente a admitir a possibilidade dessa personagem tão odiada no Mundo Ocidental não passar (ou não passou) de uma arma estratégica que os EU usam da forma que mais lhes convém.

Há vários casos ao longo das décadas em que isso sucedeu e que, de forma mais ou menos óbvia, serviram sempre os interesses dos EU como justificação para os seus actos extremos e que põem em causa algo tão fundamental como os direitos humanos. Nem é preciso recuar muito para encontrar um exemplo, decerto todos se lembram da ocupação do Iraque alegando que possuía armas de destruição maciça quando, na verdade, isso nunca foi provado. Mesmo os famosos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki aconteceram com base em muita especulação e com muitas agências internacionais a garantir que o Japão já preparava a rendição quando esses ataques sucederam. Muitos mais casos conhecidos poderiam ser enunciados mas o que me preocupa não são os casos conhecidos, é o facto de se continuar a permitir abusos por parte das grandes potências sem qualquer respeito pela vida humana.

Neste caso em particular há várias coisas que me suscitam muitas dúvidas e acho estranho que ninguém o refira. Desde logo o enunciado acima que põe em causa a existência desta personagem. Tudo aquilo que se sabe pode facilmente ser construído e trabalhado de modo a criar um mito assustador ao nível do Papão ou dos Delfins. Depois, foi desde logo a foto exibida pelas agências noticiosas a dar conta da morte de Bin Laden. Era falsa, uma montagem. Agora responsáveis do governo dos EU vêm dizer que há fotos da sua morte mas ainda vão decidir se as divulgam ou não!

Depois outra coisa muito curiosa foi o facto de poucas horas após a sua morte ele ter sido sepultado de acordo com os rituais islâmicos! Isto é obviamente estranho porque como toda a gente sabe os EU estão-se a cagar para as crenças islâmicas e os seus rituais. Por outro lado porque estariam eles com tanta pressa em sepultá-lo? Ao que se sabe foram feitos testes de adn para aferir da veracidade de tão mediática captura. Naturalmente esses testes foram conduzidos por especialistas islâmicos e por gabinetes totalmente isentos e imparciais! Certo? Errado! Foi um responsável norte-americano que levou a cabo os testes de adn o que garante a imparcialidade dos mesmos.

Para acabar, os EU vêm dizer que não isto não termina aqui (que novidade), que se vão manter vigilantes a tudo o que se vier a passar daqui para a frente. O meu receio prende-se mais com o que aí vem, pois não me admiraria nada que nos próximos dias ou meses eles fizessem das suas com a nobre justificação da caça ao terrorista! Afinal, criaram a justificação perfeita para mais atrocidades agora que, com esta fantástica captura, ganharam créditos junto da opinião pública e instituições internacionais!

domingo, 1 de maio de 2011

Everyday!



Why Everyday?
Cause everyday is the answer for so many questions...

Do you think of me?
Do you miss me?
Do you want me?
Do you need me?
Do you care for me?
Do you want to be with me?
Do you love me?

Cause everyday isn't just the answer to those simple questions but the answer to the ultimate one:

Do you want to marry me?

terça-feira, 5 de abril de 2011

Obstáculos à Escrita



Hoje, enquanto tomava café, rabisquei umas coisitas numa folha para postar no blogue que, admito, tenho descurado um pouco.
Jantei bem, bebi um bom vinho e está uma noite serena e calma. O único barulho que ouço é o dos meus dedos nas teclas da máquina de escrever (claro que estou no computador mas máquina de escrever na mente do leitor soa sempre melhor e tem outro impacto).
Se calhar devia ir lá fora fumar um cigarro antes de começar. Bem, como hoje estou sozinho vou mesmo fumar na mesa da cozinha. Vou só buscar um cigarro…


Levanto-me, tiro um cigarro do maço pousado no beiral da lareira e volto a sentar-me.

Ora bem, vamos lá então! Espera, o cinzeiro. Onde é que há um cinzeiro nesta casa?!

Volto a levantar-me e procuro pela casa toda mas não encontro. Entretanto lembro-me que temos sempre um na mesinha da varanda. Vou à varanda, agarro o cinzeiro e volto a sentar-me na mesa.

Agora sim, prontíssimo! Porra, onde raios enfiei eu o cigarro? Ia jurar que o tinha mesmo aqui ao lado! O melhor é ir buscar o maço…

Levanto-me, vou buscar o maço à lareira e volto.

A ver se é desta! Já tenho cinzeiro e cigarros. O que me leva a uma questão tão simples quanto previsível. Acendo o cigarro com o que?! Já me estou a irritar...
Vou buscar o isqueiro e para não andar sempre a levantar-me aproveito e trago logo qualquer coisa para beber! E antes que me levante e ande à toa a decidir o que vou beber trato já disso.
Ora, vinho tinto bebi ao jantar, licor beirão sem gelo não me sabe bem, vinho do porto é óptimo mas está na parte de cima da casa (pois, que isto é uma mansão!) e não me apetece ir buscar. Cerveja é melhor não, pois da forma que eu comi hoje ainda me dá uma congestão! Olha, é mesmo isso, um copito de aguardente. Bem melhor e mais eficaz que o alka seltzer! Um minuto…

Mais uma vez levanto-me, pego num copo, sirvo um pouco de aguardente e sento-me.

Pronto, agora… Merda, o isqueiro!...

Levanto-me e vou buscar o isqueiro à banca da cozinha.

Agora sim. Estou confortável, tenho cigarros, isqueiro e um pouco de aguardente para libertar a irritação de estar há 15 minutos para escrever um simples texto, que até já escrevi no café e só deve precisar de uma revisão antes de o postar. Já posso finamente começar!

Batem à porta.

Aiiii, a esta hora?! Venho já…

Dirijo-me à porta com a folha na mão e falo com dois senhores durante dois ou três minutos. Entretanto volto a sentar-me.

Só moro aqui há meia dúzia de dias e vêm-me perguntar onde mora o Zé do Cebolo! Bem, pelo menos fui bastante útil, disse que aqui não é de certeza, por isso têm menos uma casa para procurar. Bem, vamos lá que se faz tarde! Acendo um cigarro e dou um gole na aguardente para relaxar e assentar ideias. Pego na folha… Até pegava na folha se a visse!
Ora, estava dobrada mesmo aqui ao lado, até já tinha pegado nela para começar a transcrever o texto para o computador! Será que a levei quando fui abrir a porta?!

Levanto-me, percorro o corredor até à porta e pousada na prateleira da entrada encontro-a. Agarro-a e volto a sentar-me à mesa.

Foda-se, ainda dizem que escrever é fácil! Se acontece mais alguma coisa passo-me. Até vou desligar o telemóvel para evitar mais interrupções.

Desligo o telemóvel, dou um gole no copo de aguardente, uma passa no cigarro e agarro a folha para começar a ler o texto que diz apenas:

“Logo vê lá se escreves qualquer coisa no blogue!”

Vou dormir que estou a cair de sono. Amanhã escrevo qualquer coisa…

terça-feira, 29 de março de 2011

Vem aí o Papão!!!

foto da net

Pelo que vou ouvindo e lendo, toda a gente anda muito preocupada pelo facto de Portugal estar à beira da bancarrota. Ou é de mim ou andam todos muito distraídos porque quer-me parecer que isso já é um facto incontornável há muito tempo.

Ultimamente não se fala de outra coisa senão da possível entrada do FMI em Portugal (andam mesmo muuuiiiitoooo distraídos porque eles já cá estão há anos) e das graves consequências que isso pode trazer.

Há muito tempo que nada me fazia lembrar tanto a minha infância como este tema. E não, não tive uma infância triste, pelo contrário. E quanto mais vejo do Mundo à minha volta mais saudades tenho dela!...

Mas voltando ao tema, passo a explicar. Isto da entrada do FMI em Portugal (já disse que já cá estão há muito tempo pois já?) faz-me lembrar as histórias que os nossos pais e avós nos contavam quando nos recusávamos a comer a sopa ou não queríamos ir pra cama. Segundo eles, se não obedecesse, viria o enorme Papão ou o terrível Homem do Saco (reparem que escrevo com letras maiúsculas em sinal de respeito) para “tratar” de mim.

Era remédio santo. Falavam com ar tão sério e até com alguma apreensão, como se não pudessem evitá-lo. Bastava isso para, com ar assustado e mãos trémulas, comer a sopa toda (às vezes até repetia) ou para ir a correr pra cama enfiar-me bem debaixo dos cobertores e adormecer. Agora que penso nisso nem sei como conseguia engolir comida por imaginar que podia a qualquer momento ser devorado pelo Papão ou como não tinha insónias a noite toda só de pensar que bastava um passo em falso e à porta do meu quarto estaria um homem enorme e malvado para me enfiar dentro de um saco e levar-me sabe-se lá para onde!

Esta história do FMI é um pouco parecida com essas que agora caíram em desuso na maioria dos lares. Aliás, é tão parecida que eu acho que o nosso primeiro-ministro demissionário tinha evitado facilmente toda esta confusão política. Bastava dizer que se não aprovassem o PEC 1024 (ainda não são tantos mas lá chegaremos) viria o Papão ou o Homem do Saco!

Atrevo-me a dizer que não haveria deputado da oposição que arriscasse chumbá-lo (talvez um ou outro deputado do bloco de esquerda ainda sob o efeito de drogas ou álcool).
Bastava insinuar que cada deputado que votasse contra seria automaticamente engolido ou enfiado num saco para destino incerto.

Hummm, pensando melhor talvez esta ameaça de serem enviados num saco para destino incerto não fosse boa ideia. Afinal, actualmente, que destino não é bem mais apetecível que o nosso País?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Um Estranho Amanhecer – Capítulo 2



Acordo inquieto e ofegante. Que raio de sonho - pensei.

A luz que espreita pelas frestas da persiana salienta as manchas de humidade na parede do quarto. Fixo o olhar nessas manchas que aos poucos começam a ganhar forma.

À direita está um coelho apoiado apenas em duas patas, em cima do trenó do Pai Natal. Com a pata esquerda segura bem alto uma cartola e com a direita masturba-se de forma exuberante. Um pouco à sua esquerda está um leão imponente com as patas bem levantadas e boca bem aberta em clara posição de ataque, muito embora não se mexa, como se tivesse por certo que o perverso coelho acabaria no seu estômago.

Estava eu nestas deambulações e quase a fechar os olhos novamente quando o coelho se vira para mim e exclama:

- Estás a olhar para onde?

Naturalmente estou a imaginar coisas, pensei.

- Estares a olhar para mim excita-te? – voltou a perguntar sem nunca parar de se masturbar.

-Eu! – exclamo atónito e desconcertado – Isto só pode ser imaginação da minha cabeça.

- Da forma que estou a masturbar-me vais ver o que vai estar na tua cabeça não tarda!

Continuava a achar que tudo não passava de um truque da minha imaginação ainda baralhada pelo sonho que tinha acabado de ter mas fiquei algo curioso para ver onde isto me ia levar!

- Ok, supondo que tudo isto está mesmo a acontecer queres-me explicar por que raio estas tu a segurar uma cartola bem alto?

- Pensei que a tua primeira pergunta seria por que raios me estaria a masturbar, mas gostei da tua forma de pensar.

- Pois, isso também – afirmo surpreendido pela perspicácia do safado coelhinho.

- Estava farto de estar enfiado na cartola do Luís de Matos, aquilo lá é pequeno e não dá muito jeito para me masturbar. Uma noite durante um espectáculo, puxa-me da cartola, agarro-me a ela e com um safanão consigo escapar-me das suas mãos. Saí porta fora, meti-me no trenó do Pai Natal que estava na plateia a assistir ao espectáculo e fugi!

- Mas esse trenó não tem renas! – exclamo.

- Não, este modelo é a gasolina.

- Ah, ok. Mas agora diz-me lá o que estás tu a fazer parado na minha parede?

- Fiquei sem gasolina. O que até nem foi assim tão mau porque mais um bocadinho ia parar à boca daquele faminto leão!

- Não te quero preocupar mas quer-me parecer que não tens muito para onde fugir.

- Por isso me comecei a masturbar. Foi uma reacção impulsiva mas funciona, acho que o leão ficou em choque.

- Pois, isso pode ser o que te esta a salvar de um destino certo mas mais tarde ou mais cedo vais ter de parar.

- Até parece que não conheces a nossa fama, isto é coisa para durar. - diz o coelho com um sorriso confiante – Além disso subestimas a minha capacidade, se me consegui escapulir com a cartola do Luís de Matos e o trenó do Pai Natal, um leão não é nada.

- Deves estar louco se pensas que te escapas, ele está mesmo em cima de ti!

- Tu estas a ver um coelho a masturbar-se em cima do trenó do Pai Natal e eu é que estou louco? – soltando uma alta e longa gargalhada.

Decido virar-me para a outra parede do quarto…

Não pode ser…

É mesmo! O Pinóquio com a pila na mão vira-se para mim e pergunta: “Achas que me safo melhor com o nariz?”

CHEGA. Vou comprar um desumidificador…

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Um Estranho Amanhecer - Capítulo 1





Acordo agitado...
O facto de estar com a cabeça nos pés da cama e antes do despertador tocar é revelador de uma noite mal dormida.
Apesar disso sinto-me pesado, como se tivesse acordado de um sono profundo e longo, como se tivesse dormido 24 horas seguidas. Custa-me abrir os olhos e mexer o corpo.

Estranho o silêncio sepulcral completamente invulgar numa cidade onde o ruído é uma constante ainda para mais sendo dia da semana. Deixo-me envolver pelo silêncio e estou quase a adormecer outra vez quando sou interrompido pelo toque do despertador que toca a música "Yellow Submarine" dos Beatles numa versão interpretada pelo rancho folclórico de Mafamude. Estava tão inebriado pela doce voz da senhora do rancho que quase me esquecia do motivo pelo qual o despertador tocou. Hoje é dia de entrevista de trabalho!

Salto da cama e a aterro no tecto do quarto, mesmo entre o candeeiro e uma enorme melga esmagada há uns dias atrás com a almofada. Aproveito para tirar as teias de aranha do candeeiro e raspar a melga do tecto antes de me dirigir ao escadote no canto do quarto para descer.
Dirijo-me à casa de banho e lavo a cara. Quando me olho ao espelho reparo que metade da minha face tem barba de duas semanas enquanto que a outra metade está lisa e macia como se tivesse sido acabada de fazer.
Boa, - pensei - assim só demoro metade do tempo.

Fiz a barba com o x-acto, aparei os pêlos da virilha com uma tesoura da poda, cortei as unhas das mãos com a serra eléctrica e tomei banho de chuveiro. Foi um banho estranho...

Abro a porta do armário para decidir o que vestir. Um fato do Batman, um de Cowboy, um da Abelha Maia, a capa do Super Homem, um vestido de lantejoulas...
Decido vestir o da Abelha Maia, sempre é mais quentinho.
Acho que da última vez que o lavei devo ter exagerado na temperatura, pareço mais um Tarzan listado a preto e amarelo.
Bom, vai ter de servir - penso.

Entretanto com tudo isto já não tenho muito tempo. Desço à cozinha para um pequeno almoço rápido. Caldo de feijões e cozido à Portuguesa para não demorar muito.
Despacho tudo num ápice e saio à rua. Apanho o primeiro carro de bois na paragem e sigo para a entrevista. Chego mesmo em cima da hora!

Abro o portão onde se lê o tradicional aviso "Cuidado Com o Pinguim Cor de Rosa", sigo as setas fluorescentes ao longo do caminho sinuoso, passo um pessegueiro carregadinho de cerejas, pelo Alberto João Jardim que ordenha uma pequena vaca verde com manchas azuis de onde sai leite com cor de vinho tinto, passo as prostitutas, o Wally (afinal estavas aqui) até que um duende verde me puxa pelo rabo de abelha e me faz sinal para o seguir.
Desço à cave apenas iluminada por um painel gigante do Poppey onde se lê: " Não é dos espinafres, é do Viagra!"

Sento-me num banco comprido onde estão mais três candidatos. Uma senhora de 98 anos que, entusiasmada, fala sobre o seu casamento com o avô da sua amiga de infância e as expectativas que tem em perder a virgindade após o casamento, um anão que continua aos saltos a tentar subir para o banco e um jovem doutorado com um mba em gestão que tranquilamente rabiscava umas coisas no seu labtop topo de gama.
Que jovem estranho - pensei!

Entretanto entra a senhora que lê os números da lotaria na tv e chama o meu nome da mesma forma que anuncia os números da sorte.
Levanto-me e entro por uma porta tão pequena que tenho de ir quase de joelhos para conseguir entrar.
Merda, nesta o anão leva vantagem!- pensei.

Entro num corredor comprido onde apenas se via uma mesa ao fundo e uma marquesa encostada à parede. A luz vermelha intermitente e os sons agudos que percorriam o corredor criavam o cenário relaxante necessário para uma boa entrevista de trabalho. Entretanto dirige-se a mim a Angela Merkel apenas com botas de cano alto, calção de renda justo e top de cabedal. Numa mão segura uma enorme vela a arder e na outra um io iô.  Pede que me dispa e deite na marquesa. Pergunta-me se sou virgem (um ponto pra senhora de 98 anos), se bebo leite magro, se uso cuecas às bolinhas, se me toco no banho, se tiro a gordura do fiambre, se gosto de pêlos nos mamilos e se sou circuncisado!
Roda o io iô pelo peito até à virilha (ainda bem que as depilei), deita cera quente nos meus mamilos enquanto os massaja. Pede que me vire de costas. Enfia uma luva nas mãos, afasta-me as pernas e... toca novamente o despertador!
Acordo...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

BEIRUT - UN DERNIER VERRE



Come sit at the table
Under October's able skies
Once we'd seen eye to eye
I'd known that I'd pass you by, and I tried
The bells chime
Seven times
Completed at nine
The world moves slower, I find
No, but I
Learned of time
By your hands
And in shallow waters' end
I learned not to swim, but to lie
I'll wait for now
'Til it's ready to burn out
I insist on doubts
We're already lying on the glass
The glass.

Será esta a minha última garrafa? A última verdade? A última estrada?
O último céu?.....

Vagueando pelo fabuloso Mundo das palavras encontro diversas vezes dificuldades em expressar a vontade que me invade e dou por mim a tentar resignificar as palavras para tentar que voltem a fazer sentido, um outro sentido.

Acabam sempre por me limitar na medida em que, com as palavras que conheço e o significado que lhes é atribuído, não consigo expressar com justiça a intensidade das sensações que me preenchem. Garanto-vos que não o faço por egoísmo nem num qualquer exercício de auto-preservação ou defesa.

Pesquisei variadíssimas palavras e os seus significados, combinei-as de várias formas, de todas as formas, mas, ainda assim, não consigo sequer chegar perto daquilo que pretendo transmitir.
Talvez por isso recorra tantas vezes a canções nas quais encontro similaridade com o que sinto. Na maioria dos casos não consigo perceber se é a música que transmite essas sensações ou se sou eu, que já condicionado por um qualquer estado de espírito, identifico essas emoções numa canção.

Por isso na vida, tal como nas canções, nada é certo. Nada é garantido. Nada pode ser feito para servir um propósito objectivo dada a volatilidade que cada estado de espírito encerra.
Por esse motivo esta não poderá ser nunca a minha última viagem nem o último céu! Esta será a viagem que neste momento necessito percorrer. Esse percurso poderá apenas determinar se o caminho será longo, curto ou ETERNO...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

CARRY ME


Uma vida sem ti é vazia.
Um amor sem ti é impossível.
Um céu sem ti é cinzento.
Um mar sem ti não tem ondas.
Um sol sem ti não aquece.
Uma lua sem ti não atrai.


Um mundo sem ti não é meu...

Um abraço em ti é vida.
Um beijo em ti é amor.
Uma lágrima em ti é o mar.
Um sorriso em ti é o sol.
Uma noite em ti é a lua.
Um amor em ti é o mundo.

Sem ti, esquece-me (!), porque sem ti não existo...