terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ESPIRAL DO DESASSOSSEGO!

imagem da net

E se de repente sentíssemos que, num curto espaço de tempo, já vivemos tudo o que havia para viver numa vida inteira?
Se sentíssemos que experienciámos todas as emoções possíveis num poderoso concentrado de vida durante esse período e que, agora, nada mais há para nós senão tentar alimentar o corpo e a alma ligados à máquina da superficialidade de uma vida sem qualquer estímulo?

A sensação de que nos foi dado tudo para viver e não sobra mais nada…

Pois é exactamente essa a sensação que me envolve neste momento, a sensação de vazio. Devia sentir-me privilegiado por ter tido tanto em tão pouco tempo mas a única coisa que consigo sentir é um nó apertado que me tira o ar e uma luz violenta que me cega, impedindo-me de ver qualquer sinal do que vai acontecer daqui para a frente.

Tudo o que penso é vago, confuso, incerto. Formou-se à minha volta uma miscelânea de ingredientes tão desajeitadamente misturados que tudo é indistinto. A névoa é densa e baralha os sentidos. A incerteza e a dúvida tornaram-se uma companhia inquietante. A única.

Não adianta dizer que não o desejo. Não adianta dizer que há mais para viver. Já não me convenço disso. Quero aquilo que ninguém ousa aceitar por cobardia mas sou cobarde para aceitar de forma incondicional a única coisa que até hoje foi incomensuravelmente real.

Quem me dera saber como...

E, por estupidez natural, por receio, por mágoa, por revolta ou simplesmente por não ser diferente de todos aqueles que ignoro, fujo. Desfaço-me em bocados que se espalham por caminhos indiferenciados.

Já não sou eu, já não sou nada. Não é uma escolha. É o corolário natural de opções (in)conscientes que confluem para um deserto imenso de trevas. Chegando lá a única coisa que posso desejar é uma morte rápida, evitando mergulhar na completa insanidade para nunca me esquecer que nada, jamais, atingirá o patamar de simplicidade e beleza que, em tantos momentos, me preencheram e fizeram sentir VIVO. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

GRÂNDOLA PROSTITUÍDA!

imagem da net

É só de mim ou já ninguém aguenta a Grândola Vila Morena? Isto até tem piada quando acontece isoladamente, agora quando alguém do governo se prepara para abrir a boca e toda a gente começa a cantar passa a ser irritante!

Em primeiro lugar quero que fique claro que não sou anti revolucionário nem que deixo de estar solidário com todos aqueles que se sentem no direito de reclamar. A questão em primeiro lugar passa pela validade e impacto que tal acto origina. Será que algum dos governantes perante um coro a cantar a dita música vai para casa sensibilizado ou vai para o parlamento chorar de desgosto pela merda que a classe política verte pelos seus rabos constantemente?
Não me parece.

Parece-me isso sim que eles se estão a cagar para as manifestações e que o que aquilo que mais devem repetir é “Neste país são só anjinhos. E se com tanta austeridade ainda têm vontade de cantar é porque aguentam mais”.

Era capaz de ter muito mais impacto se, em vez de cantarem, pegassem num bastão e lhes partissem os dentes todos para não poderem discursar e para, acima de tudo, pensarem duas vezes antes de desbaratarem ainda mais o já parco património do país. Claramente já não há musica que mude o estado das coisas a não ser a musica de uma caçadeira de canos cerrados apontada directamente às nalgas de cada deputado.

Em segundo lugar começa a banalizar-se a música e a deturpar todo o seu enorme significado. Qualquer coisinha e pumba, lá vem a música. Tornou-se num protesto fácil e vai acabar por se vulgarizar de tal forma que ninguém a vai levar a sério.

Tanto que hoje fui abordado por um daqueles vendedores de cartão de crédito e quando lhe disse que não estava interessado ele começa em pleno centro comercial a cantar “Grandola, Vila Morena…”. Um gajo bufou-se no autocarro e a senhora que estava atrás dele pumba, toma lá Zeca Afonso. Todas as crianças em vez de fazerem birra agora cantam. Até o presidente da república já foi para a porta da segurança social cantar por causa da sua miserável reforma!

Invocar o passado em nome de circunstâncias distintas e tempos incomparáveis não é a solução. Principalmente quando os valores de outrora se perderam algures e quando a única coisa que resta da liberdade alcançada são meia dúzia de velhos decrépitos e outros que, apesar de estarem lúcidos e capazes, já não se querem estar a chatear. Alem do mais a liberdade é, também agora, um conceito bem distinto daquele pelo qual se lutou há quase 4 décadas atrás...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CHANGE TO BE THE SAME...

imagem da net

Mudança

s. f.
1. Acto de mudar.
2. Troca.
3. Alteração, modificação, transformação (física ou moral).
4. Variação.

Uma mudança, na essência da palavra, pressupõe obrigatoriamente uma alteração.
Pode ser de vários tipos, de várias formas, pode ser total ou parcial. Mudar implica alterar as coisas.

Poderá uma mudança acontecer e tudo ficar igual? Parcialmente sim. E essa é provavelmente a mudança mais delicada de se fazer. Porque precisamos que tudo se mantenha inalterável à excepção de um pormenor particular que, a ser alterado, poderá evitar mudanças mais profundas. E que, ao altera-lo, consigamos isolar tudo o que queremos salvaguardar, tudo o que queremos manter… inalterável.

Deveria ser mais fácil quando identificamos claramente aquilo que queremos mudar, mas muitas vezes não é. Muitas vezes mesmo conhecendo todas as implicações que tal facto provoca, a nossa relutância em mudar é extrema. Sabemos exactamente o que precisamos fazer, sabemos como e sabemos qual o momento. Acho mesmo que a única coisa que não sabemos é se de facto mudamos. Podemos sentir num momento que SIM, que mudamos, que a partir desse momento essa mudança esta consumada. Mas como podemos ter a certeza?
Acho que nunca poderemos.

Mesmo conseguindo identificar todas as variáveis que provocam um determinado comportamento e conseguindo contraria-las, haverá sempre variáveis que não conseguimos controlar pelo simples facto de não as conhecermos. Por isso nunca poderei dizer “MUDEI” e o máximo que poderei afirmar com convicção é “QUERO MUDAR”. Sem ceder às minhas convicções, sem me desviar daquilo que acredito, sem deixar de ser eu próprio.

Por muito que o ser humano assente as suas reacções em princípios básicos alimentados por emoções primárias, existem milhões de combinações possíveis para comportamentos aparentemente idênticos. O processo de resposta a um determinado estímulo é sempre diferente, mesmo quando o estímulo e a resposta são os mesmos para indivíduos distintos.

O comportamento humano é sem dúvida aliciante pela sua enorme complexidade, pela sua imprevisibilidade. Apesar disso assistimos a cada dia que passa, a uma massificação da forma de pensar, de agir e, cada vez mais, a uma resposta global idêntica perante o mesmo estímulo, tornando o ser humano cada vez menos individual mas, ao mesmo tempo, cada vez mais isolado.
Estranho paradigma…

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

HOJE, TODOS OS DIAS...

imagem da net


Hoje quero agarrar a Lua.

Hoje quero sentir todo o universo como uma parte de mim. Ser resgatado à rotina castradora de uma sociedade aglutinadora e atingir a prodigalidade dos loucos, a sagacidade e a coragem dos incautos.

Hoje quero sentir o presente sem pensar no futuro ou olhar o passado. Quero apenas sentir a genuinidade do que ainda sobra de belo, de valioso.

Hoje quero olhar-te com a alma. Quero envolver-me no cheiro do teu corpo, despir-te como quem pinta um quadro, tocar-te com a leveza de uma pena e beijar-te com a intensidade do fogo incontrolável.

Hoje quero incitar os teus sentidos a libertarem as dúvidas, os receios, as mágoas. Quero dizer ao teu corpo que o desejo e à tua alma que é minha. Quero sentir o teu corpo arrepiar-se por sentir-me perto, fazer-te sentir as palpitações do mundo e o compasso da vida no meu coração.

Hoje quero fazer com que a dança dos nossos corpos marque o tempo e o defina. Quero obriga-lo a suster a respiração e a submeter-se à nossa vontade enquanto nos amamos. Enquanto nos vivemos.

Hoje, mais do que nunca, quero abraçar-te para nunca mais te largar.

Hoje quero entregar-me a ti. A tudo o que representas. Ao Tanto que és.

Hoje, se for teu, não me importo que o Mundo acabe amanhã…

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A INELUDÍVEL AGLUTINAÇÃO DA MERDA!

imagem da net

Numa terra de ignorantes não significa que o rei seja esperto, muitas vezes é apenas o menos burro.

Habitualmente a segurança que isso me confere manifesta-se num sorriso ou então num “vai-te foder”. Preocupa-me o facto de muitas vezes eles não serem distinguidos pela pessoa a quem me dirijo.

Acho que chegamos aquele ponto em que todos estão tão mergulhados num estado de letargia profunda, numa apatia generalizada, que o poder de absorção em relação a tudo o que vem do exterior é limitado apenas aquilo que já esta predefinido. A tudo aquilo que por rotina esta destinado a ser assimilado. Tudo o resto é simplesmente rejeitado ou mal interpretado.

Habitualmente isso preocupar-me-ia porque acreditava que haveria alguém acima da mediocridade capaz de perceber os erros, de os corrigir e com poder suficiente para criar bases capazes de estimular o desenvolvimento emocional e intelectual de uma sociedade.
Não agora.

Já me conformei em relação ao facto incontornável das pessoas não serem mais que uma mistura deformada de merda liquida e mal cheirosa que sai do enorme rabo de uma sociedade cada vez mais doente. Se o Criador soubesse que a humanidade ia chegar a este ponto, tenho a certeza que tinha evitado a construção de tantas igrejas, incentivando a criação de sanitas gigantes com capacidades industriais para eliminar tanto dejecto.

E assim sigo cada vez mais rodeado de merda, tanta que já nem me distingo. Tanto que a porcaria está por todo o lado e para sair daqui tenho necessariamente de me borrar todo. Fiquei parado algures, demorei demasiado a reagir e estou prestes a ser sufocado por ela. Agora é inevitável, preciso mergulhar no meio da merda e nadar até conseguir encontrar o extremo e sair.

Se houver alguém que já tenha conseguido sair peço-lhe o favor de me esperar na margem com um rolo de papel higiénico. Agradecido!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A CERTEZA DO (IN)CONTROLÁVEL

imagem da net

Controlo:

1. Vigilância, exame minucioso.
2. Inspecção, fiscalização, comprovação.
3. Lugar onde se faz a verificação de alguma coisa.
4. Domínio.
5. Acto de dirigir um serviço orientando-o do modo mais conveniente.

Esse inevitável sentimento de conforto e segurança. É incontornável afirmar que nos sentimos sempre melhor quando temos tudo sob o nosso controlo. Quando sentimos que nada nos é alheio, que conseguimos antecipar reacções, acontecimentos e mesmo sensações graças ao conhecimento intrínseco de tudo o que nos rodeia.

Claro que muitas vezes essa necessidade de controlo acaba por nos fazer mais mal que bem. Porque ao longo da vida começam a fazer parte do nosso mundo tantas coisas que começa a ser difícil gerir tudo mantendo a serenidade e a constância. A pressão aumenta e habitualmente passamos para o estágio seguinte, o de manipulador.

Apesar de serem conceitos distintos eles coincidem muitas vezes. Como é inevitável que haja coisas que não controlamos ou que simplesmente em algum momento perdemos o controlo, a tentação de manipular para recuperar o controlo é imensa. E se o fazemos com algo que é realmente importante para nós o mais certo é estraga-lo.

Mexer com o curso natural das coisas, na esmagadora maioria das vezes, não dá bom resultado. The butterfly effect. Demore o tempo que demorar haverá consequências. E mesmo que sejamos bem sucedidos a controlar alguma coisa, qualquer coisa, qual será na realidade o valor que isso acrescenta à nossa vida? Sinceramente, se sentirmos que acrescenta algo de verdadeiramente valioso é porque algo deve estar muito errado.

Há coisas que nunca conseguiremos controlar e cada vez mais sinto que essas são as melhores coisas da vida. Aquelas que não prendemos nem sufocamos. Aquelas que libertamos para serem o que foram feitas para ser. As que, por não poderem ser controladas, são as que melhor representam a beleza das coisas. Sentir segurança por saber que não conseguimos controlar tudo. Aceitar isso. Entende-lo.

De qualquer forma a pergunta dos milhões é: será que não percebo sempre as coisas tarde demais?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

TUMBA!

imagem da net

MORTE!

Essa puta convencida que faz borrar os truços de tanta boa gente por esse mundo fora.

Nunca entendi muito bem o medo das pessoas em relação à morte. Nem a forma como as pessoas lidam com ela. Morremos tantas vezes ao longo da vida que não é apenas por deixarmos de respirar ou o coração deixar de bater que torna as coisas mais dificeis.

Morrer é fácil. Morrer é a única coisa certa. Morrer é natural.
Mas, apesar disso, sempre que pensamos nela, assalta-nos um frio nervoso que percorre o corpo e nos faz mirrar os tomates imediatamente (ou os biquinhos das mamas) até se parecerem pequenas tâmaras secas.

Outra coisa que não entendo são os rituais.
Primeiro faz-se a vigília pelo morto. Mas vai-se estar vigilante a quem? A pessoa está morta, não vai a lado nenhum! Além do mais as pessoas fazem tudo menos vigiar seja o que for. Uns dormem encostados à cadeira. Outros falam da vida deste com aquele ou da vida daquele com este. Admira-me como ninguém esbofeteia aquelas pessoas violentamente, principalmente quando o estado de espírito de muitos não é o melhor.

Depois o funeral. A viagem até ao último destino! Chora-se pela perda de quem desaparece, pelo dinheiro que têm de gastar no funeral, pelo terrível receio de que aquela pessoa poderá ir para um lugar melhor. Chora-se por ouvir os outros chorarem. Chora-se e grita-se mais alto para que todos saibam que as goelas aguentam até limites insuportáveis para os ouvidos.

Tudo isto me faz uma imensa confusão.
No meu funeral quero aquilo que vulgarmente se faz num casamento. Quero uma valente festa. Muito álcool, comida, musica que deixarei previamente seleccionada e todos aqueles que me deram um pouco do seu amor ao longo da vida. Mas em vez de ser numa quinta será num motel. Quero ser lavado no jacuzzi por uma massagista Uzbeque, ser deitado numa daquelas camas com um colchão de água em forma de coração, e ficar lá até a festa acabar e me colocarem numa barca e lançarem ao mar!

Esqueçam as lágrimas, as flores, os gastos com um pedaço de madeira e uma cova. Esqueçam os padres e os santos. Esqueçam tudo o estabelecido porque eu só quero ir-me da mesma forma que tantas vezes me vim, rodeado de sensações de prazer e amor!

Posso não ser muito mas sou certamente mais que um qualquer lugar-comum. Prima, conto contigo ;)