segunda-feira, 6 de março de 2017

Another World!


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“O mundo dos adultos parece um bocadinho estranho”

Esta frase, dita pelo meu filho de apenas 3 anos, fez-me repensar este assunto. O Mundo tornou-se efectivamente num lugar estranho. Já o era antes, é-o cada vez mais. As pessoas estão desligadas do que é importante, muito embora sintam que estão ligadas ao que as rodeia. Trabalho, casa, família e amigos. Mas será essa ligação real? Será que os elos estão lá ou apenas existem na nossa cabeça para conferir à nossa existência algum sentido, sentido esse que existe apenas na superficialidade da existência humana, naquilo que é suposto ela consistir.

Em algum momento da nossa vida, por medo, por egocentrismo, por crenças ou pressão social, simplesmente abdicamos da essência das coisas no sentido de as possuir. Desaprendemos a usa-las em nosso proveito para sermos escravos delas. Lutamos e lutamos por uma vida melhor mas, no fundo, apenas vamos apertando as amarras. Perdemos tempo, perdemos liberdade, perdemos amor, perdemos humanidade. Tornamos-nos máquinas de masturbação acéfalas, guiadas por um único objectivo, o de enriquecer aos olhos dos outros. Ser valorizado pelo que se tem e não pelo que se é, poderá bem ser o maior engodo de todos os tempos. E pior, nós caímos nele! E continuamos a cair.

Não desisto de tentar perceber porque continuamos a cometer os mesmos erros repetidamente! Olho à minha volta e tudo parece preenchido mas, no fundo, tudo não passa de lixo à espera de ser levado por uma enxurrada.
Foi imposta uma ordem natural neste Mundo e foi-nos garantido que aqueles que tentarem subverte-la não se irão dar bem. Para tal foram criadas as mais variadas formas de intimidação, desde guerras, droga, a fome, as doenças, o terrorismo e tantas outras calamidades. Tudo para nos manter na linha, para nos manter subjugados em prol de um bem maior, sobre o qual me parece um desperdício estar a opinar.

“As nossas vidas, as nossas escolhas, cada encontro, sugerem uma nova direcção possível”. Bastaria parar para pensar nisso. Mesmo que tenhamos dúvidas sobre o caminho a seguir, pensar que as nossas vidas não nos pertencem, senti-lo e aceitá-lo, iria reduzir a carga sobre o rumo que damos à nossa existência. Acredito que estamos ligados a outras vidas, passadas ou presentes, mas acima de tudo, estamos ligados a tudo à nossa volta por um elo invisível de energia, e, por cada erro, por cada falha, por cada acto de generosidade ou de amor, determinamos o nosso futuro. Aquilo que somos quando nascemos está inevitavelmente definido. Aquilo que somos quando morremos somos nós que o determinamos. Nascimento-Vida-Morte. Custa assim tanto não foder tudo neste pequeno espaço de tempo? Falta amor, falta coragem, falta esperança. Falta, acima de tudo, humanidade...

Neste momento sinto que o meu filho me alertou (melhor, relembrou) para algo mais importante que qualquer preocupação ou problema que tenha. Alertou-me para o facto de, em algum momento da nossa vida neste planeta, esquecermos o que é verdadeiramente importante, esquecermos que o maior objectivo de uma vida é manter a nossa essência, aquilo que verdadeiramente deveria determinar o curso das nossas vidas.
Acredito que exista outro mundo esperando por nós, um mundo melhor. E encontrarei alguns de vocês lá, felizmente não a todos!

Estamos aqui de passagem e, tudo o que eu quero agora, é voltar a casa.
We will meet again :)

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

JERKING OFF

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A grande maioria das pessoas são uns completos anormais. Desses, uma parcela significativa já passou o anormal e atingiram o estatuto de regurgitações da sociedade. Nesta parcela há dois tipos de vómitos.
Uns que vão directos à sarjeta e por lá se arrastam até secarem ou até que venha uma forte chuva que os dilua (incomodam imenso mas por pouco tempo) e outros, que acabam em cargos de relevo, acabando por atrair outros vómitos (normalmente familiares e amigos) para o seu círculo (estes não chocam tanto mas o seu impacto prolonga-se por gerações).

Em comum tem o facto de se masturbarem e ejacularem como coelhos enviagrados. De foderem tudo à sua volta e sorrirem a cada erecção, a cada ejaculação precoce, sempre fora da vagina prometida, inalcançável para eles.
Nem chega a ser revoltante observá-los. Talvez estranho, ao ponto de sentir uma certa pena. Principalmente porque não se dão conta do ridículo da sua existência. E não desistem. Pior, não evoluem. E é dramático porque nem sequer ficam frustrados, pelo contrário, mantêm uma elevada auto-estima. Riem-se como hienas com o cio depois de cada frase, expressão ou gesto.
Foda-se, onde está a selecção natural de Darwin? Algo correu mal!

Tal como as baratas, estes pequenos caralhos ambulantes são tão resistentes como uma vagina vietnamita em noite de folga das tropas americanas. Não adoecem, não metem baixas, estão por todo o lado. O único aspecto que desenvolveram foi o facto de conseguirem subsistir isoladamente (apesar de serem raros os casos em que isso acontece). Reclamam de tudo, sentem-se seres superiores e apenas baixam as calças na presença de masturbadores em posições mais elevadas, não vão apanhar com a gonha em cheio na cabeça!

Apesar do incómodo visível em algumas pessoas, estes masturbadores são tolerados pelo que resta da sociedade que ainda mantém critérios de existência aceitáveis. Acredito que essas pessoas o façam por forma a não serem incomodados por eles, por receio de serem vitimas da sua atenção e da sua extrema capacidade para violentar intelectos mais sensíveis e, naturalmente, porque muitos deles interferem directamente no rumo das suas vidas e naquilo que os rodeia.

Urge legislar sobre este grupo crescente de ejaculadores doentios e perturbadores da intelectualidade que se multiplicam a uma velocidade imparável.
Mas… Quem quero eu enganar? Estes ejaculadores abundam nos órgãos de soberania e criar uma lei que os impeça de publicamente se esfoirarem como elefantes com diarreia, parece-me uma utopia.

Forca, lobotomia, queimados na fogueira ou em caldeiras industriais reaproveitando as cinzas para adubar campos de ancelgas ou nabiças.
Castração química com incidência na língua e no zingarelho era o mínimo. Esta medida devia ser suficiente para os amansar, para os tornar cordeiros que só pastam e cagam. Não era o ideal mas já conseguia viver com isso.

Mas, no fim de tudo, aqueles que ainda pensam, que lêem, que têm ideias e opinião própria, que no fundo se preocupam com eles próprios e com os outros são os que habitualmente ouvem: "YOU ARE A BUNCH OF FREAKING WEIRDOS!"

quinta-feira, 7 de julho de 2016

O Som da Tristeza

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Fumo mais um cigarro. Bebo mais um copo de vinho.
Suspiro.

Houve um tempo em que isso seria suficiente para enganar a tristeza, agora já não.
Agora nada chega.

É como se o impacto das coisas tivesse desaparecido. Não sinto o salgado ou o doce. Nem frio nem calor. Nem dor ou prazer. Agora sinto apenas um completo entorpecimento, físico e mental.
Desço a rua descalço e apenas de boxers. Não está ninguém na rua ou nas janelas mas acho que me era completamente indiferente. Nada me incomoda, nada muda o meu estado de espirito. Nada me faz sentir pior. Ou melhor. Nada existe. Só o barulho subsiste mesmo no silêncio da noite...

Nunca fui o estereótipo social ou o gajo que todos querem numa festa. Sempre me aborreceram as conversas e as piadas banais. Acho que nunca foi por me sentir superior a quem quer que seja, apenas não encaixo. E aquelas pessoas que ainda me convidam para “coisas”, acredito que seja mais por pensarem que se não o fizerem eu posso atirar-me de uma ponte ou algo do género.
Se for por isso agradeço mas não é necessário, não sou do tipo depressivo nem suicida. Lido bem com qualquer estado de alma. Nunca sinto demasiada tristeza nem demasiada euforia. E o facto de estar um “caco” agora, de estar completamente fora do meu ritmo normal, de me sentir como uma prostituta vietnamita depois de aviar as tropas americanas na sua noite de folga, sinto que ainda não estou assim tão mal. Aceito as sensações boas ou más sem grande resistência. Tudo é energia.

Mas há muito tempo que não sentia nada assim. A desmotivação não é um problema, encontro rapidamente uma forma de contornar isso e ser um cidadão exemplar novamente (neste momento basicamente vestir umas calças bastava). A tristeza também há-de deixar de ser, um dia acordo, mando foder tudo e recomeço novamente.

Se está a demorar mais tempo do que o normal? Está. Demasiado tempo. Talvez já não queria sair. Talvez prefira ficar no buraco até vir um cataclismo que limpe tudo e todos da face da Terra! E tudo desaparece. Tudo fica calmo, em silêncio…


Entretanto saio do buraco, fodo uma alga e começa tudo outra vez…

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

LONG LIVE DAVID BOWIE

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Acordo com a notícia da morte de David Bowie. Primeiro desconfio pois estão sempre a matar celebridades por essas redes sociais fora. Depois confirmo que é mesmo verdade.

Sinto um aperto e angústia estranho por alguém que não conheço. Mas logo a seguir percebo que não é bem assim...

Sentimento de perda não é uma ligação de sangue, é uma ligação a algo/alguém que nos acompanha ao longo da vida, seja através de sons, imagens, gestos, expressões e, essencialmente, através de sensações. Não me conecto a alguém que me pergunta se estou bem, conecto-me a alguém que faz algo para me sentir bem. Seja um cantor, actor, familiar ou amigo. David Bowie não foi um amigo, conhecido ou colega de trabalho, mas foi alguém que me acompanhou durante quase toda a minha vida. Alimentou sonhos, paixões, vontades e com a sua força e carácter mudou mentalidades, lutou contra estereótipos e estigmas sociais.

Interpretar com rigor aquilo que David Bowie representa não se traduz numa frase, num texto ou num pensamento. Por outro lado também não me parece complexo explica-lo e tentar fazê-lo é retirar parte da magia que só as sensações transmitem. Até isso ele nos deu, a liberdade de ler, ouvir, sentir da forma que mais nos convir.

Coloriu o Mundo e deu forma ao que a maioria de nós apenas imagina. Deu-lhe uma sonoridade única que tantas vezes reflectia o seu próprio estado de espírito. Alternou entre géneros musicais, alternou entre o sombrio e o cintilante, entre o inquieto e o calmo, entre o desanimo e a excitação. Mas foi sempre excêntrico, único, singular e original. Camaleão é apenas um cliché para definir um homem que mais do que as caras que teve ao longo da sua vida, deu tantas novas caras ao Mundo.

Quando ia levar o meu filho de 2 anos ao infantário ouvia a Absolute Beginners e ele abanava a cabeça. Disse-lhe que era o David Bowie e que tinha morrido hoje. Perguntou-me se tinha doi doi e logo de seguida se estava no Céu. Bem, segundo a premissa maior deste blogue todas as almas vão para o Inferno, seja lá o que isso for. Neste caso não creio que vá para um Céu ou Inferno, seguramente que ela se irá manter por aqui até ao fim dos tempos.

I've nothing much to offer
There's nothing much to take
I'm an absolute beginner
But I'm absolutely sane
As long as we're together
The rest can go to hell

Absolute Begginers


https://www.youtube.com/watch?v=o_cHvtPB2dY

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Monday's suck? No, it's just me.

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Upa. Levanta. Já são horas…

Ai, mais uma segunda-feira. Pelo facebook encontro um sem número de posts a lembrar-me isso. Acho-os ridículos e não consigo entender como alguém pode achar interessante estampá-los na sua página. No mínimo são aborrecidos porque vêm recalcar aquilo que a disposição de cada um já demonstra.
Para além disso há calendários, ecrãs de telemóvel com essa indicação e, com um grau de certeza elevado, arrisco dizer que já toda a gente sabe que a seguir ao Domingo vem a Segunda! Menos as crianças muito pequenas para as quais felizmente isso é irrelevante, mas também não me parece que seja pelo facebook que o vão aprender.

What’s the point?!

Através de um esforço mental tremendo, faço um exercício simples que visa simular aquilo que deve ocorrer na cabeça de um indivíduo, nos momentos antes e após a colocação de um post do género.

Acorda. Como está atrasado não abre o facebook. Sente um certo desânimo por não ter tempo para o fazer, muita gente poderá estar a trabalhar na hora em faça o post e não possam colocar "likes".
Mas não dá mesmo! Arranja-se à pressa, mete-se no carro e dirige-se ao trabalho. Pensa que podia ser durante a viagem. Com o telemóvel pesquisa no Google algo com as palavras “segunda-feira”, “desanimo”, “trabalho”, “horror” e similares. Encontra uma imagem de um macaco a fazer um manguito, um gato a bocejar e a coçar os tomates, um cão com o focinho em cima de um teclado… Bem giros, pensa!
Depois analisa as frases. “Nãooooooo, 2ª feira outra vez” - demasiado simples, tem de ter mais impacto - pensa.
“Segunda-feira? Mas todas as semanas é esta merda?” - Está brutal, vai ser um sucesso! - pensa.
Ouve dois ou três buzinões pelo caminho, ou porque muda de faixa sem se dar conta, ou porque não arranca quando o sinal verde abre, mas conclui a tarefa.
Vai verificar que o post ficou disponível na página e fica a olhar para o botão das notificações para ver se demora muito a ter reacções ao post. Durante um minuto espera e nada. Fica frustrado e decide concentrar-se na estrada. Pousa o telemóvel no banco mas vai espreitando. Passado 2 ou 3 minutos volta a pegar no telemóvel. Nada. Volta a confirmar que postou a imagem… Ele próprio faz like… Nada…

Começa a ficar irritado. Começa a pensar que tem de fazer uma reciclagem nos amigos, que vai deixar de por likes a toda a gente (mesmo que ache piada a frases do Gandi, a provérbios chineses ou frases filosóficas, ao “vídeo que está a emocionar o Mundo”, a frases como – Sabes o que caía bem em ti? Um poste! – ou – O amor é como um peido, se forçado pode dar merda - etc…).

Podia-se concluir daqui que este indivíduo tem amigos com um QI mais elevado cuja consciência lhes mostra o ridículo da coisa mas, após profunda pesquisa, o motivo de não ter reacções deve-se ao facto da maioria dos amigos não trabalhar e ainda estar a dormir.
À medida que vão acordando lá vão surgindo os likes e reacções como “LOLes” ou “AHAHs”.


A disposição melhora, o ego acalma e o dia aguenta-se muito melhor…

quinta-feira, 11 de junho de 2015

All fucked up!

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Uma vida inteira pode ser muito curta e passar num abrir e fechar de olhos.
Somos tentados a olhar para um passado mais ou menos distante e sentir uma intensa nostalgia pelo que tivemos, sentimos e vivemos, achando que aquelas sensações são irrepetíveis. Isso pode levar a sensações de frustração, depressão e até revolta.

Apesar de tudo não é bem o caso!
Não me interessa muito o passado nem aquilo que ele me deu. O que foi bom foi bom e o que foi mau dificilmente podia ter sido melhor. O passado só me vai interessar daqui a uns anos quando olhar para o período actual com a certeza que pouca coisa podia ter sido pior. Porque aqui sim, o mau podia ter sido muito melhor.
Interessa-me mais aquilo que ainda posso fazer / viver / sentir hoje, amanhã e até morrer com uma doença terminal qualquer, do que estar a tentar viver de sensações passadas.

Mandar foder tudo já não é uma opção. Nem a pequena parte do meu cerebro que ainda mantem alguma lucidez me deixava. Apesar de todos os enganos e equívocos, tenho agora o maior e melhor motivo para me manter à tona. E isso não vou foder de jeito nenhum!

Tudo o resto pode transformar-se em pó e ir com o vento. E só não me incluo nisso pelo motivo acima! Senão seria indiferente.

No filme "Sweeney Todd" Johny Depp a certa altura diz: "Há um buraco no mundo, como um poço bem escuro, cheio de pessoas que estão cheias de merda".
Infelizmente para mim, comprovei que é verdade...
Infelizmente não fui sozinho...

Agora, resta-me agarrar nesta merda que tenho agarrada ao pescoço, bater com ela até perder a consciência e esperar que quando acordar tudo esteja no sítio certo. A cabeça incluída.



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A SONG FOR SANTIAGO!


Nada à minha volta!

Nem cores, nem rostos, movimentos. Concentro-me e tento ouvir os sons. Nada.

Pese embora estar completamente isolado não me sinto sozinho. E apesar de na solidão sempre me ter sentido em casa, neste momento não o sinto. Nem me sinto sozinho...

Há momentos em que preciso sentir-me um estranho. Desconhecido e indiferente a tudo à minha volta. Sem ninguém a chamar-me, a olhar-me. Sentir-me completamente sozinho! Em harmonia com todos os Nadas à minha volta. Sem rostos, olhares, sons ou movimentos que não os provocados pelo vento ou pela chuva. Sentir-me sozinho com o Mundo e com aquilo que se manteve inalterável ao longo de milhares de anos de alterações, mudanças, evolução. Já sobra muito pouco...

Esta canção transmite-me essa sensação. De tudo o que foi belo e não soubemos manter. A sensação de perda. A sensação de estar sozinho na luta pela beleza de um Mundo que já não é o meu e pelo Amor que segue em declínio ano após ano. Aquele amor que não é posse, nem interesse, nem exige retorno ou recompensa. O Amor que não se pensa ou planeia e que depende mais de quem olha, ouve e sente do que daquilo que se vê, se ouve ou se toca...

Mas agora, independentemente daquilo que sinta em relação ao Mundo, não me posso isolar. Há algo mais importante que eu, que aquilo que eu sinto ou penso. Agora não me posso resignar ou mandar foder o Mundo quando me apetecer. Agora mais do que em qualquer outra altura, chegou o momento de lutar...

Sempre senti que ter um filho neste Mundo era um crime! As pessoas estão estragadas e pouco resta da beleza do Mundo. Se tivesse oportunidade de decidir, não sei se quereria nascer agora! E por muito que me tentassem convencer do contrário, acho que não haveria argumentos suficientes para me demover.

Como preparar alguém para integrar uma sociedade egoísta, hipócrita e totalmente desprovida de valor?
Como conseguir incutir valores que já ninguém respeita ou entende e esperar que ao mesmo tempo não se sinta isolado ou perdido, que não se sinta rejeitado ou em constante conflito sobre o que é real ou ilusão?

E esse será sem dúvida o maior desafio, um tremendo desafio!

Fazer crescer uma criança num Mundo com as prioridades invertidas. Conseguir preservar a beleza e magia que ainda sobra no Mundo sem a impor, mas permitir-lhe a sensação de deslumbramento pela descoberta. Sem deixar que ao longo do seu desenvolvimento perca algo tão importante como a liberdade de escolher, de sentir e de ser. Sem deixar que se iluda mas sem nunca perder a ingenuidade que nos faz humildes perante algo tão maior que nós...

terça-feira, 23 de abril de 2013

Começar após o Fim!

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"Um dia tudo isto acaba, apenas para o que essencial possa prevalecer"

E se um dia acordassem e tudo estivesse diferente? Se todo o conforto, segurança e rotinas de anos desaparecessem? Se fossem desligados da vida tal como a conhecem, sem sistema financeiro, sem bancos, sem políticos, sem tecnologia, sem patrões, sem... nada?!
Deus nos livre de tal catástrofe, pensará a maioria.
Pois eu pensei num dia assim e sinceramente não me pareceu assim tão mau. Naturalmente que passar tantos anos enfiado no meio de tudo isto cria resistências naturais que se agarram a todos os poros do corpo e demora até conseguir sacudi-las do corpo e da mente, mas que é aliciante pensar em desligar por completo de tudo... não tenho dúvidas.

O Portugal Rural esta a perder-se e há poucos valores que lamente tanto que se percam como esse em particular. Perde-se a capacidade do verdadeiro trabalho, perde-se o contacto com a TERRA, perde-se a noção da importância da Natureza e de tudo o que ela proporciona e as pessoas acabam por perder a ingenuidade que deveria ser comum a todos pois acrescenta algo de puro a cada um de nós.

Um dia (há-de ser) Assim:

Acordo cedo, tão cedo que ainda esta escuro. Tento acender a luz mas não encontro o interruptor. Às apalpadelas tento encontra-lo, mas a pouca luz de um dia que ainda nem começou não me ajuda a encontrá-lo. Desço à cozinha para procurar uma vela, mas sem sucesso. Depois de muito esforço, muitos tropeções e apalpadelas finalmente consigo encontrar o que parece ser uma velha candeia a óleo. Apesar de sentir algumas dificuldades, consigo finalmente acende-la. Procuro o interruptor da cozinha mas também não o encontro. Reparo também que não existe uma única lâmpada pendurada no tecto. Nem qualquer tomada espalhada pela parede.
Procuro o frigorífico para beber um pouco de leite mas, surpresa, também não tenho frigorífico.  A pouca luz que a velha candeia me concede permite-me apenas encontrar umas peças de fruta em cima da mesa. Sento-me num velho banco de madeira e como uma laranja.

O dia começa finalmente a clarear. Com luz será mais fácil pensar o que está a acontecer…
Confirma-se, não tenho frigorífico, nem qualquer electrodoméstico. A cozinha tem apenas uma mesa, dois velhos bancos de madeira e prateleiras com panelas e louça velha. Do outro lado da casa uma lareira enorme, aberta, completamente coberta por fumeiro já seco. Alheiras, presuntos, chouriços, etc. No canto uma banca de pedra e prateleiras com muita verdura, batatas, cebolas entrelaçadas num fio a cair do tecto e todo o tipo de especiarias num pote de barro.

Abro a pesada porta de madeira, e sento-me na cadeira de baloiço no alpendre. Fico a observar o nascer do sol enquanto ouço o barulho do pequeno riacho que viaja uns patamares mais abaixo. O sol começa a mostrar a enorme horta cultivada. Dou um salto até lá. Couves, cenouras, alfaces, tomates, pepinos, beterrabas…

Mas de repente algo chamou a minha atenção, vários barulhos que pareciam vir do celeiro, mas não só. Com algum receio aproximo-me, tiro a cancela da porta e abro-a devagar. Dois cavalos acenam-me como se estivessem a dar-me os bons dias. Vejo enormes fardos de feno empilhados ao longo da parede. Em baixo um arado e todo o tipo de utensílios para lavrar a terra. Pipos de madeira cheios de vinho, outros com azeite, batatas espalhadas numa estrutura de madeira elevada um metro e meio do chão, várias caixinhas com sementes dispostas em prateleiras e muitos sacos empilhados, desde cereais, milho, feijão, etc...
Agarro um pouco de feno e umas canas frescas e deito aos cavalos.

Saio do celeiro e anexo ao mesmo encontra-se uma cerca onde já saltitam duas pequenas cabras, o porco ao lado chafurda na lama, as galinhas ainda sonolentas rapam a terra, os patos mergulham no pequeno charco de água e, indiferente a toda esta agitação matinal, a vaca ainda dorme. Trato de dar de comer a todos e quando acabo sou eu que estou com fome.
Entro na cozinha, agarro num balde de ferro e vou ordenhar a vaca. Enquanto o faço sinto o cheiro a pão fresco que vem da casa da vizinha. Como pão acabado de fazer com compotas frescas, frutas variadas apanhadas no pomar e claro, leite de vaca.

O resto da manhã passa a voar. Levar as cabras para o pasto, lavrar a terra que com a chuva ganhou muita erva e, por fim, fazer o almoço.

Acabo de almoçar, durmo uma pequena sesta. Acordo uma hora depois e como ainda esta calor, aproveito para me auto recriar. Arranjo a mesa da cozinha e a porta da entrada. Vou até ao pequeno rio para tentar apanhar algo para o jantar. Acabo por ter sorte pois consigo apanhar dois pequenos barbos e o jantar está assegurado. A galinha viverá mais um dia!

Entretanto começa a cair a tarde e é preciso regar a horta. Depois de regar a horta e tirar as maiores ervas apanho verduras para alimentar aos animais, recolho as galinhas, as cabras e vou tratar do jantar.
Acendo a fogueira na rua e grelho os peixes. Enquanto isso uma panela aquece água onde faço uma sopa. Janto já à luz da velha candeia. No final acendo o cachimbo, abro um livro e penso que a louça vai ter de ficar para amanhã...


sexta-feira, 5 de abril de 2013

EJACULAÇÃO INTENSIVA DA DESINFORMAÇÃO!

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Ultimamente não tenho andado muito pela net com receio de apanhar qualquer coisa má. Foram tantas as novas noticias, que tive medo de ser atacado por um qualquer vírus grave que me deixasse sequelas para a vida!

Desde a eleição do novo Papa à saída do Relvas do governo foi uma esfoira incontrolável de acontecimentos que fizeram as delícias da comunicação social, sempre tão necessitada de novidades ruidosas para iludir as massas.

Mesmo agora não estou livre de levar com apontamentos sobre o Sócrates na RTP, da saída do Relvas do governo e provável perda da licenciatura, com novas do Papa, com cheias, com mais medidas da Troika e possibilidade de saída do Euro, com isto e com aquilo. Fala-se de tudo mas fico sempre com a sensação de que ninguém fala do que realmente importa, daquilo que pode mudar efectivamente alguma coisa na vida das pessoas. Fico com a sensação de que nunca se fala da verdade!

E quando alguém tenta é abafado. Quando alguém se aproxima é reprimido. Não é que importe porque em boa verdade acho que as pessoas já não conseguem entender a verdade mesmo que lha expliquem numa linguagem que até um miúdo de 5 anos entenderia.

Acho que se fala demasiado. Especula-se demasiado. Opina-se demasiado. Molda-se a opinião pública com tanta informação que, na sua maioria, não é mais do que merda liquida atirada como barro à parede, com a agravante de não sair facilmente. Mesmo que se esfregue muito fica sempre o cheiro.

Toda a gente tem uma opinião, nem que seja a opinião de outra pessoa qualquer. Chegou-se ao ponto em que a inteligência, cultura, sabedoria (o que lhe queiram chamar) de alguém é medida pelo conhecimento que tem da actualidade, mesmo que esse conhecimento seja baseado em falsas verdades, em opiniões alheias à sua interpretação ou na forma mais simples de ignorância, a da pura burrice e da evidente estupidez cada vez mais natural nas pessoas.

Seria bom que de vez em quando alguém conseguisse quebrar o marasmo e dissesse: “ACORDEM! NÃO ENTENDEM O QUE ESTÁ A ACONTECER? ENTÃO CALEM-SE QUE EU EXPLICO!”
E dissesse a verdade, mesmo que ela seja assustadora, mesmo que poucos a queiram ou consigam ouvir, mesmo que poucos ou ninguém a entendesse…

Não ter televisão tem mais vantagens que desvantagens. Aliás, ainda me lembro do tempo em que tinha televisão em casa e depois de muito dar voltas à cabeça não consigo enumerar uma única vantagem de a ter. Já as desvantagens são muitas.

De uma forma muito genérica, há poucas coisas que nos fodam tanto o cérebro nem sejam tão castradoras da percepção da realidade como ela. Faz mirrar o cérebro até ficar pequenino, limitando a nossa capacidade de pensar e interpretar. E atingiu um nível de aperfeiçoamento tão assustador que o faz sem que a maior parte das pessoas se apercebam que estão a ser estupidificadas.

Sem televisão ganha-se espaço em casa (a minha ainda era das antigas), tenho menos uma coisa a que limpar o pó, pago menos electricidade e, mais importante, fiquei com mais tempo para fazer outras coisas. Ainda não tem impacto directo no número de filhos tal como acontecia no tempo dos meus avós, mas há-de lá chegar…

terça-feira, 5 de março de 2013

V FOR... VERDADE!

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“God is in the rain”

Podia usar dezenas de frases para iniciar este texto e esta, para mim que não sou uma pessoa especialmente religiosa, pode soar como a pior forma de hipocrisia, mas garanto-vos que não é. Neste caso em particular, representa o momento da libertação suprema naquele que é sem duvida um dos filmes da minha vida, V for Vendetta, que, mais que um simples filme, é uma lição de luta pelo que realmente importa, pela salvação dos valores que deveriam imperar no coração de cada um de nós. Mais do que um filme sobre vingança, V for Vendetta é um filme sobre amor, coragem e sobre a forma incisiva como nos mostra que a força de uma ideia pode fazer a diferença. Nem que para isso ela tenha de estar escondida atrás de uma máscara...

“God is in the rain” representa o momento em que nos libertamos de tudo o que nos foi imposto por um grupo de cobardes poderosos, cujo interesse será sempre o de nos limitar corrompendo a nossa mente até à submissão total e completa. Até nos esquecermos de quem somos, alterando o propósito da nossa existência ao ponto de servir apenas um único propósito, o que eles próprios conceberam como válido.
Para todos os efeitos somos livres, é isso que nos é transmitido pela “liberdade” de andarmos na rua, pela “liberdade” de escolhermos o que devemos fazer da nossa vida, pela “liberdade” de sermos nós próprios e escolhermos os nossos caminhos. Para, Deus nos livre, não mergulharmos no caos total e completo da arbitrariedade anárquica de uma sociedade sem regras, limites e, no seu extremo mais negro, incontrolável.

“O povo não deve temer o governo, o governo é que deve temer o povo.”

E o governo teme o povo. Se não temesse não faria um esforço tão ignóbil de o subjugar. E para que não se perceba demasiado esse receio usa a principal arma contra aqueles que poderão insurgir-se contra eles, o Medo. O esquema é simples e facilmente compreensível.
Primeiro é preciso “comprar” o maior numero de pessoas na sociedade. Lançar a teia e tentar que ela abranja a fatia mais representativa de uma sociedade. Demora muito tempo e é sem duvida o mais complicado de se fazer mas, convenhamos, já andamos a ser iludidos há séculos  Conseguido isto, o resto é fácil e segue um rumo natural. Tão natural que ninguém o põe em causa e nunca, em nenhuma circunstância, ele será atribuído a alguém em particular a não ser ao nosso próprio livre arbítrio.

Claro que alimentar uma sociedade é difícil, impossível, por isso haverá alturas em que é necessário fazer uma limpeza. Depois de dar conforto e segurança a uma grande parte da sociedade os governantes não necessitam de fazer grande coisa, apenas lançar as directrizes básicas para manter essa mentira e esperar que tudo o que foi usado para comprar a liberdade de cada pessoa seja suficiente para manter a legitimidade de um governo, por forma a criar leis que impeçam a outra parte da sociedade de se revoltar, sem serem alvos da critica e censura da maioria.

Isto consegue-se mantendo as pessoas atadas. O governo não é estúpido e sabe perfeitamente que o maior perigo é enfrentar uma sociedade que já não tem nada a perder. Enfrentar uma pessoa é fácil mas enfrentar um grupo cada vez maior de pessoas que não tem nada a perder seria catastrófico. Por isso não vão tirar tudo, apenas uma parte. Vão vender-nos o medo do caos, da anarquia e da revolta cada vez mais caro. Isso vai dar-lhes legitimidade para continuar a restringir a nossa capacidade de pensar individualmente (cada vez começa mais cedo e não tarda já o conseguem fazer até mesmo nas barrigas de cada mãe) impondo leis que supostamente visam proteger-nos mas que, no fundo, apenas têm o efeito de nos castrar, censurando tudo o que possa por em causa o modelo de poder instituído e nos lembre que em tempos fomos verdadeiramente livres para pensar, para agir e para decidir.

O problema é que daqui a pouco já nada nos libertará. Poderíamos sempre apelar ao passado mas, em pouco tempo, nem o passado poderá desarmar-nos desta prisão. Em breve já não nos lembraremos quem fomos, porque é que lutávamos e, mais importante, esqueceremos o que realmente significava ser livre. E quanto mais tempo passar, mais teremos a perder.

O que me leva a outro ponto, o facto das pessoas estarem a “fugir”. Emigrar é a solução encontrada para melhorar a condição de vida mas é um problema quando as pessoas que o fazem são aquelas que, provavelmente, em melhor condição estariam para ajudar a mudar as coisas. O Estado sabe disso e não me surpreende que até o incentive. Estas são as pessoas que poderiam mudar alguma coisa, que poderiam lutar. São jovens, ainda têm capacidade de pensar, algo que nas novas gerações se está a perder irremediavelmente e, mais importante, apanharam a fase da transição, conhecem as ameaças e sentem a transformação. Esses são a maior ameaça, aqueles que sabem que é possível fazer melhor, aqueles que mantêm presente os símbolos do passado, símbolos esses que aos poucos se começam a perder, símbolos que foram atirados para um qualquer lugar até que todos se esqueçam deles e daquilo que representavam.

Por ainda acreditar que é possível mudar, por ainda acreditar que as palavras têm valor e força para mudar algo e essencialmente por acreditar que uma ideia pode fazer a diferença, mantenho-me aqui e não penso ir a lugar nenhum!

"Se fugir eles ganham".

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ESPIRAL DO DESASSOSSEGO!

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E se de repente sentíssemos que, num curto espaço de tempo, já vivemos tudo o que havia para viver numa vida inteira?
Se sentíssemos que experienciámos todas as emoções possíveis num poderoso concentrado de vida durante esse período e que, agora, nada mais há para nós senão tentar alimentar o corpo e a alma ligados à máquina da superficialidade de uma vida sem qualquer estímulo?

A sensação de que nos foi dado tudo para viver e não sobra mais nada…

Pois é exactamente essa a sensação que me envolve neste momento, a sensação de vazio. Devia sentir-me privilegiado por ter tido tanto em tão pouco tempo mas a única coisa que consigo sentir é um nó apertado que me tira o ar e uma luz violenta que me cega, impedindo-me de ver qualquer sinal do que vai acontecer daqui para a frente.

Tudo o que penso é vago, confuso, incerto. Formou-se à minha volta uma miscelânea de ingredientes tão desajeitadamente misturados que tudo é indistinto. A névoa é densa e baralha os sentidos. A incerteza e a dúvida tornaram-se uma companhia inquietante. A única.

Não adianta dizer que não o desejo. Não adianta dizer que há mais para viver. Já não me convenço disso. Quero aquilo que ninguém ousa aceitar por cobardia mas sou cobarde para aceitar de forma incondicional a única coisa que até hoje foi incomensuravelmente real.

Quem me dera saber como...

E, por estupidez natural, por receio, por mágoa, por revolta ou simplesmente por não ser diferente de todos aqueles que ignoro, fujo. Desfaço-me em bocados que se espalham por caminhos indiferenciados.

Já não sou eu, já não sou nada. Não é uma escolha. É o corolário natural de opções (in)conscientes que confluem para um deserto imenso de trevas. Chegando lá a única coisa que posso desejar é uma morte rápida, evitando mergulhar na completa insanidade para nunca me esquecer que nada, jamais, atingirá o patamar de simplicidade e beleza que, em tantos momentos, me preencheram e fizeram sentir VIVO. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

GRÂNDOLA PROSTITUÍDA!

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É só de mim ou já ninguém aguenta a Grândola Vila Morena? Isto até tem piada quando acontece isoladamente, agora quando alguém do governo se prepara para abrir a boca e toda a gente começa a cantar passa a ser irritante!

Em primeiro lugar quero que fique claro que não sou anti revolucionário nem que deixo de estar solidário com todos aqueles que se sentem no direito de reclamar. A questão em primeiro lugar passa pela validade e impacto que tal acto origina. Será que algum dos governantes perante um coro a cantar a dita música vai para casa sensibilizado ou vai para o parlamento chorar de desgosto pela merda que a classe política verte pelos seus rabos constantemente?
Não me parece.

Parece-me isso sim que eles se estão a cagar para as manifestações e que o que aquilo que mais devem repetir é “Neste país são só anjinhos. E se com tanta austeridade ainda têm vontade de cantar é porque aguentam mais”.

Era capaz de ter muito mais impacto se, em vez de cantarem, pegassem num bastão e lhes partissem os dentes todos para não poderem discursar e para, acima de tudo, pensarem duas vezes antes de desbaratarem ainda mais o já parco património do país. Claramente já não há musica que mude o estado das coisas a não ser a musica de uma caçadeira de canos cerrados apontada directamente às nalgas de cada deputado.

Em segundo lugar começa a banalizar-se a música e a deturpar todo o seu enorme significado. Qualquer coisinha e pumba, lá vem a música. Tornou-se num protesto fácil e vai acabar por se vulgarizar de tal forma que ninguém a vai levar a sério.

Tanto que hoje fui abordado por um daqueles vendedores de cartão de crédito e quando lhe disse que não estava interessado ele começa em pleno centro comercial a cantar “Grandola, Vila Morena…”. Um gajo bufou-se no autocarro e a senhora que estava atrás dele pumba, toma lá Zeca Afonso. Todas as crianças em vez de fazerem birra agora cantam. Até o presidente da república já foi para a porta da segurança social cantar por causa da sua miserável reforma!

Invocar o passado em nome de circunstâncias distintas e tempos incomparáveis não é a solução. Principalmente quando os valores de outrora se perderam algures e quando a única coisa que resta da liberdade alcançada são meia dúzia de velhos decrépitos e outros que, apesar de estarem lúcidos e capazes, já não se querem estar a chatear. Alem do mais a liberdade é, também agora, um conceito bem distinto daquele pelo qual se lutou há quase 4 décadas atrás...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CHANGE TO BE THE SAME...

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Mudança

s. f.
1. Acto de mudar.
2. Troca.
3. Alteração, modificação, transformação (física ou moral).
4. Variação.

Uma mudança, na essência da palavra, pressupõe obrigatoriamente uma alteração.
Pode ser de vários tipos, de várias formas, pode ser total ou parcial. Mudar implica alterar as coisas.

Poderá uma mudança acontecer e tudo ficar igual? Parcialmente sim. E essa é provavelmente a mudança mais delicada de se fazer. Porque precisamos que tudo se mantenha inalterável à excepção de um pormenor particular que, a ser alterado, poderá evitar mudanças mais profundas. E que, ao altera-lo, consigamos isolar tudo o que queremos salvaguardar, tudo o que queremos manter… inalterável.

Deveria ser mais fácil quando identificamos claramente aquilo que queremos mudar, mas muitas vezes não é. Muitas vezes mesmo conhecendo todas as implicações que tal facto provoca, a nossa relutância em mudar é extrema. Sabemos exactamente o que precisamos fazer, sabemos como e sabemos qual o momento. Acho mesmo que a única coisa que não sabemos é se de facto mudamos. Podemos sentir num momento que SIM, que mudamos, que a partir desse momento essa mudança esta consumada. Mas como podemos ter a certeza?
Acho que nunca poderemos.

Mesmo conseguindo identificar todas as variáveis que provocam um determinado comportamento e conseguindo contraria-las, haverá sempre variáveis que não conseguimos controlar pelo simples facto de não as conhecermos. Por isso nunca poderei dizer “MUDEI” e o máximo que poderei afirmar com convicção é “QUERO MUDAR”. Sem ceder às minhas convicções, sem me desviar daquilo que acredito, sem deixar de ser eu próprio.

Por muito que o ser humano assente as suas reacções em princípios básicos alimentados por emoções primárias, existem milhões de combinações possíveis para comportamentos aparentemente idênticos. O processo de resposta a um determinado estímulo é sempre diferente, mesmo quando o estímulo e a resposta são os mesmos para indivíduos distintos.

O comportamento humano é sem dúvida aliciante pela sua enorme complexidade, pela sua imprevisibilidade. Apesar disso assistimos a cada dia que passa, a uma massificação da forma de pensar, de agir e, cada vez mais, a uma resposta global idêntica perante o mesmo estímulo, tornando o ser humano cada vez menos individual mas, ao mesmo tempo, cada vez mais isolado.
Estranho paradigma…

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

HOJE, TODOS OS DIAS...

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Hoje quero agarrar a Lua.

Hoje quero sentir todo o universo como uma parte de mim. Ser resgatado à rotina castradora de uma sociedade aglutinadora e atingir a prodigalidade dos loucos, a sagacidade e a coragem dos incautos.

Hoje quero sentir o presente sem pensar no futuro ou olhar o passado. Quero apenas sentir a genuinidade do que ainda sobra de belo, de valioso.

Hoje quero olhar-te com a alma. Quero envolver-me no cheiro do teu corpo, despir-te como quem pinta um quadro, tocar-te com a leveza de uma pena e beijar-te com a intensidade do fogo incontrolável.

Hoje quero incitar os teus sentidos a libertarem as dúvidas, os receios, as mágoas. Quero dizer ao teu corpo que o desejo e à tua alma que é minha. Quero sentir o teu corpo arrepiar-se por sentir-me perto, fazer-te sentir as palpitações do mundo e o compasso da vida no meu coração.

Hoje quero fazer com que a dança dos nossos corpos marque o tempo e o defina. Quero obriga-lo a suster a respiração e a submeter-se à nossa vontade enquanto nos amamos. Enquanto nos vivemos.

Hoje, mais do que nunca, quero abraçar-te para nunca mais te largar.

Hoje quero entregar-me a ti. A tudo o que representas. Ao Tanto que és.

Hoje, se for teu, não me importo que o Mundo acabe amanhã…

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A INELUDÍVEL AGLUTINAÇÃO DA MERDA!

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Numa terra de ignorantes não significa que o rei seja esperto, muitas vezes é apenas o menos burro.

Habitualmente a segurança que isso me confere manifesta-se num sorriso ou então num “vai-te foder”. Preocupa-me o facto de muitas vezes eles não serem distinguidos pela pessoa a quem me dirijo.

Acho que chegamos aquele ponto em que todos estão tão mergulhados num estado de letargia profunda, numa apatia generalizada, que o poder de absorção em relação a tudo o que vem do exterior é limitado apenas aquilo que já esta predefinido. A tudo aquilo que por rotina esta destinado a ser assimilado. Tudo o resto é simplesmente rejeitado ou mal interpretado.

Habitualmente isso preocupar-me-ia porque acreditava que haveria alguém acima da mediocridade capaz de perceber os erros, de os corrigir e com poder suficiente para criar bases capazes de estimular o desenvolvimento emocional e intelectual de uma sociedade.
Não agora.

Já me conformei em relação ao facto incontornável das pessoas não serem mais que uma mistura deformada de merda liquida e mal cheirosa que sai do enorme rabo de uma sociedade cada vez mais doente. Se o Criador soubesse que a humanidade ia chegar a este ponto, tenho a certeza que tinha evitado a construção de tantas igrejas, incentivando a criação de sanitas gigantes com capacidades industriais para eliminar tanto dejecto.

E assim sigo cada vez mais rodeado de merda, tanta que já nem me distingo. Tanto que a porcaria está por todo o lado e para sair daqui tenho necessariamente de me borrar todo. Fiquei parado algures, demorei demasiado a reagir e estou prestes a ser sufocado por ela. Agora é inevitável, preciso mergulhar no meio da merda e nadar até conseguir encontrar o extremo e sair.

Se houver alguém que já tenha conseguido sair peço-lhe o favor de me esperar na margem com um rolo de papel higiénico. Agradecido!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A CERTEZA DO (IN)CONTROLÁVEL

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Controlo:

1. Vigilância, exame minucioso.
2. Inspecção, fiscalização, comprovação.
3. Lugar onde se faz a verificação de alguma coisa.
4. Domínio.
5. Acto de dirigir um serviço orientando-o do modo mais conveniente.

Esse inevitável sentimento de conforto e segurança. É incontornável afirmar que nos sentimos sempre melhor quando temos tudo sob o nosso controlo. Quando sentimos que nada nos é alheio, que conseguimos antecipar reacções, acontecimentos e mesmo sensações graças ao conhecimento intrínseco de tudo o que nos rodeia.

Claro que muitas vezes essa necessidade de controlo acaba por nos fazer mais mal que bem. Porque ao longo da vida começam a fazer parte do nosso mundo tantas coisas que começa a ser difícil gerir tudo mantendo a serenidade e a constância. A pressão aumenta e habitualmente passamos para o estágio seguinte, o de manipulador.

Apesar de serem conceitos distintos eles coincidem muitas vezes. Como é inevitável que haja coisas que não controlamos ou que simplesmente em algum momento perdemos o controlo, a tentação de manipular para recuperar o controlo é imensa. E se o fazemos com algo que é realmente importante para nós o mais certo é estraga-lo.

Mexer com o curso natural das coisas, na esmagadora maioria das vezes, não dá bom resultado. The butterfly effect. Demore o tempo que demorar haverá consequências. E mesmo que sejamos bem sucedidos a controlar alguma coisa, qualquer coisa, qual será na realidade o valor que isso acrescenta à nossa vida? Sinceramente, se sentirmos que acrescenta algo de verdadeiramente valioso é porque algo deve estar muito errado.

Há coisas que nunca conseguiremos controlar e cada vez mais sinto que essas são as melhores coisas da vida. Aquelas que não prendemos nem sufocamos. Aquelas que libertamos para serem o que foram feitas para ser. As que, por não poderem ser controladas, são as que melhor representam a beleza das coisas. Sentir segurança por saber que não conseguimos controlar tudo. Aceitar isso. Entende-lo.

De qualquer forma a pergunta dos milhões é: será que não percebo sempre as coisas tarde demais?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

TUMBA!

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MORTE!

Essa puta convencida que faz borrar os truços de tanta boa gente por esse mundo fora.

Nunca entendi muito bem o medo das pessoas em relação à morte. Nem a forma como as pessoas lidam com ela. Morremos tantas vezes ao longo da vida que não é apenas por deixarmos de respirar ou o coração deixar de bater que torna as coisas mais dificeis.

Morrer é fácil. Morrer é a única coisa certa. Morrer é natural.
Mas, apesar disso, sempre que pensamos nela, assalta-nos um frio nervoso que percorre o corpo e nos faz mirrar os tomates imediatamente (ou os biquinhos das mamas) até se parecerem pequenas tâmaras secas.

Outra coisa que não entendo são os rituais.
Primeiro faz-se a vigília pelo morto. Mas vai-se estar vigilante a quem? A pessoa está morta, não vai a lado nenhum! Além do mais as pessoas fazem tudo menos vigiar seja o que for. Uns dormem encostados à cadeira. Outros falam da vida deste com aquele ou da vida daquele com este. Admira-me como ninguém esbofeteia aquelas pessoas violentamente, principalmente quando o estado de espírito de muitos não é o melhor.

Depois o funeral. A viagem até ao último destino! Chora-se pela perda de quem desaparece, pelo dinheiro que têm de gastar no funeral, pelo terrível receio de que aquela pessoa poderá ir para um lugar melhor. Chora-se por ouvir os outros chorarem. Chora-se e grita-se mais alto para que todos saibam que as goelas aguentam até limites insuportáveis para os ouvidos.

Tudo isto me faz uma imensa confusão.
No meu funeral quero aquilo que vulgarmente se faz num casamento. Quero uma valente festa. Muito álcool, comida, musica que deixarei previamente seleccionada e todos aqueles que me deram um pouco do seu amor ao longo da vida. Mas em vez de ser numa quinta será num motel. Quero ser lavado no jacuzzi por uma massagista Uzbeque, ser deitado numa daquelas camas com um colchão de água em forma de coração, e ficar lá até a festa acabar e me colocarem numa barca e lançarem ao mar!

Esqueçam as lágrimas, as flores, os gastos com um pedaço de madeira e uma cova. Esqueçam os padres e os santos. Esqueçam tudo o estabelecido porque eu só quero ir-me da mesma forma que tantas vezes me vim, rodeado de sensações de prazer e amor!

Posso não ser muito mas sou certamente mais que um qualquer lugar-comum. Prima, conto contigo ;)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

THE TURNING POINT

Porque pediste...

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Há pessoas que nos marcam e que, "no mater what", permanecerão sempre em nós como a mais importante pessoa da nossa vida. Pessoas essas cujos efeitos não se resumem ao tempo que passamos com elas, prolongando-se para lá da nossa existência, da vontade e da certeza.

Pessoas a quem temos de agradecer tudo. Toda a vida, dedicação, paixão, amor e por todos aqueles nadas que ninguém entende porque pertencem apenas a "nós".

As relações são complicadas e, quando se tem a tendência para assumir uma postura inversa à nossa forma de estar, tornam-se impossíveis.  Porque ninguém deve deixar de ser quem é por ninguém e quando se muda alguma coisa, deve ser para salvar algo que valha a pena ser salvo.
Mas mudar, deixar de ser quem somos, para deteriorar dia após dia uma vida em comum, é no mínimo estúpido!  Podemos e devemos fazer mais e melhor. Porque somos capazes, tenho a certeza.

Sei que ficou muito por fazer, muitos sonhos por concretizar e muita vida por viver. Somos mais que uma qualquer figura de estilo habitualmente usada num momento de separação e muito mais que um simples "não dá mais".

Normalmente, no fim, fica o vazio. E antes disso fica a mágoa, a revolta, o ressentimento e a saudade.

Mas, de tempos a tempos, fica muito mais que isso. Fica a certeza do que somos, do que se sentimos, do que vivemos e de tudo o que mexe com o nosso Mundo ao ponto de nos fazer sentir intocáveis, insolúveis, inabaláveis nas nossas convicções, aspirações e vontades.
A sensação de não haver mais Mundo para lá daquele que tocámos, que nos envolve e nos mostra o que, na sua forma mais simples, realmente importa.

Não há milagres, pelo menos eu não acredito neles, há escolhas. E escolher invariavelmente aquilo que nos leva sempre ao mesmo lugar não pode ser, em nenhuma circunstância, uma boa escolha.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A "MORTE" CHEGOU NUM DIA ASSIM...

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E quando finalmente se encontra O rumo... ele perde-se.

Há momentos de perda irreparáveis. Não há solução, remédio, mezinha, fé ou palavras que possam fazer o tempo recuar. Recuou-se tantas vezes ao ultimo ponto de restauro que desta vez receio que não haja nada a fazer.

Crescer é a derradeira hipótese. Não para salvar uma vida que já se perdeu, mas para salvar o tempo da vida que resta viver.

Recordo uma frase antiga mas que faz todo o sentido. "A partir do momento em que alguém ama uma pessoa que não se respeita, só pode sofrer com isso."

Por isso escrevo a frase que não pára de martelar a minha cabeça. Numa vida, de nada vale fazer TUDO pela pessoa que amam quando, num minuto, fazem algo que põe o TUDO em causa.

Por isso amem, respeitem, acarinhem e LUTEM para manter as coisas simples. Basta uma pessoa para fazer a nossa vida valer a pena. Basta apenas agir em conformidade. Basta "apenas" ser HUMANO!

Era suposto ser simples...

domingo, 25 de novembro de 2012

A LUZ DAS SOMBRAS

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Escrevo.

Faço-o apenas para me distrair, para me abstrair e manter distante. Faço-o porque nas palavras ouso alcançar o que preciso ser sem nunca me perder daquilo que sou.

Faço-o para evitar diluir-me em miríades de sensações contraditórias e metamórficas que me toldam o espírito, o raciocínio e me entorpecem o corpo gasto e desprovido há muito de uma alma capaz de lutar contra este estado de dolorosa letargia a que sucumbi.

Preciso esquecer, tenho de conseguir partir.
Concentro-me, respiro fundo, passo as mãos pelo pescoço enquanto fecho os olhos e forço o esquecimento. Volto a pegar na caneta e escrevo…
Escrevo sobre o luar, o por do sol à beira mar, os passeios longos, escrevo sobre todas as merdas que deviam fazer-me sentir bem mas não adianta, não consigo!

Desisto!
Largo a caneta, pouso a cabeça sobre os braços entrelaçados em cima da mesa e entrego-me. Deixo-me invadir, impotente, por tudo o que tentava desesperadamente afastar. Entrego-me às sombras de um passado recente, voltam os sonhos despedaçados em mil e um bocados de dor e inconstância. Volta a sensação de impotência, de incerteza e insegurança.

É uma frase que repetidas vezes me atinge, o passado nunca fica no passado e, mais tarde ou mais cedo ele volta para nos atormentar, para nos mostrar o quão frágil somos e que nuca possuímos nada, nem o que julgávamos ser certo. Essa angústia consome-me ao ponto de sentir um cansaço extremo, quase um estado inconsciente. Entrego-me à incontornável sensação de perda e fecho os olhos. Espero conseguir adormecer, espero voltar a acordar...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

GIVE WORLD A CHANCE...




Coloco este vídeo no primeiro dia cinzento desde que começaram as minhas férias. A energia que o Sol transmite dá lugar à calma e serenidade, paz e melancolia que o cinzento do céu que envolve o local onde habito lhe confere. Coloco este vídeo por vários motivos mas essencialmente...

Porque passamos o tempo obcecados com o dia a dia, com as contas, com o trabalho.

Porque passamos o tempo rodeado de prédios gigantescos, com o transito, com chegar a horas.

Porque passamos o tempo a correr para lado nenhum, perdidos e consternados.

Porque poucas vezes paramos para olhar em volta. Basta-nos desviar o olhar um momento para perdemos o melhor da vida. As coisas simples. Cada vez mais raras. Cada vez mais distantes.

Não devíamos estar já fartos de destruir tudo o que de bom temos à nossa volta? Não devíamos parar para pensar se vale a pena? Não devíamos deixar de foder toda a beleza que nos rodeia antes que acabe?

Começo a pensar que só vamos perceber quando for tarde de mais. O ser humano é o cancro do Mundo. Galopante!
E com uma ganancia desmedida vai destruindo tudo o que toca e alcança!

Resta-me a consolação de saber distinguir o que é belo e, mais importante, saber aproveita-lo. E mais do que viajar pelo Mundo para ver as poucas maravilhas que ainda não sucumbiram ao poder destruidor do Homem, importa garantir que consiga tornar o pequeno mundo à minha volta ainda mais belo e valioso.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

ILUSÃO RACIONAL



Um mês...
Pode ser insignificante, pode ser eterno.

A linha que separa uma dimensão da outra é tudo menos linear.
Não há razão que defina o espaço temporal entre dois momentos que não esteja condicionada pelo poder incomensurável das sensações. Que é aquilo que realmente importa.

Um amor, uma vida.
Indissociáveis pois não há vida sem amor, pelo menos nenhuma que valha a pena viver. Jonhy Cash (no video acima) diz-nos que a dor é a única coisa verdadeiramente real e que podemos ter tudo. Nem a dor é provavelmente a única coisa real, nem aquilo que podemos ter poderia ser TUDO, pois a maior parte de nós quer o que não sabe que não quer e o que não sabe que não precisa.
Até eu fiquei confuso...

Perto ou longe?
A distância, tal como a grande maioria das coisas que nos rodeiam, é uma tremenda ilusão. Não há distância apenas porque a pessoa está a milhares de quilómetros, ela manifesta-se de forma bem mais real quando temos a pessoa ao nosso lado e a sentimos do outro lado do Mundo. Quando se perde a noção de partilha, de respeito e essencialmente, a noção de relação. E inevitavelmente, quanto maior a distância, maior a dor.

Certo ou errado?
Toda a gente se preocupa demasiado em perceber se está certo ou errado, quando essa é apenas mais uma ilusão. Elas não existem, existem apenas as consequências dos nossos actos. E quando devíamos estar preocupados em lidar com essas consequências, dedicamos todas as nossas energias a desculpabilizar-mo-nos e a tentar a absolvição suprema sem percebermos muito bem o real significado que esse perdão deve ter.

(Re)encontros.
O Mundo é grande demais, muito propício a desencontros. E no objectivo de nos tornar-mos mais maduros, responsáveis e nos redescobrirmos como indivíduos, receio que não saibamos encontrar o caminho de volta. Que, apesar de tantas e tantas vezes terem existido dúvidas e conflitos, continua a ser o único que sinto vontade de seguir...

(In)diferente.
Por isso a grande maioria das coisas que nos rodeia são uma eficaz ilusão. Eficaz porque continuamos convencidos que a nossa vida deve ser igual à de tantos outros, continuamos a acreditar que ser diferente é errado.E andamos tão desesperados por sobressair num Mundo cada vez mais fodido que nem percebemos que só somos notados quando estamos mais fodidos que todos os outros à nossa volta.
E já que estou nesse registo... Para mim pouco importa se todo o Mundo me diz que estou fodido porque continuo a olhar á minha volta e a ver que todos andam bem mais fodidos que eu!

(Sem)sações
E esse desespero em sobressair cria outro, a necessidade de sentir. Seja o que for. Tanto que minamos o nosso caminho criando ilusões (sempre ilusões), expectativas e objectivos. O pior é o resultado ser quase sempre o mesmo. Se concretizamos esses objectivos temos uma sensação de realização que nos acalma e nos confere alguma segurança. Mas que é passageira, passado uma hora, um dia ou um mês já nada acrescenta à nossa existência. Se falhamos esses objectivos o sentimento de frustração é imediato e, ao invés, não é passageiro, como se fosse necessário alimenta-lo para justificar tudo aquilo que não conseguimos ser ao longo da vida.

Sensações Fast-food e Low-Cost
Por isso procuramos cada vez mais alimentar a alma com sensações imediatas. Tudo o que brilhe, não exija muito esforço nem dedicação e esteja ao nosso alcance nós pegamos. Quanto menos trabalho der melhor. Sensações fugazes e que, de preferência, não abalem muito a nossa frágil condição humana. Porque nós não sabemos lidar com a cada vez mais crescente complexidade das nossas emoções, porque cada vez mais fugimos da nossa essência, daquilo que somos, para nos tornarmos apenas mais um.
Acho que ninguém percebe muito bem quando, mas há um momento na nossa vida em que nos perdemos. Em que mudamos as nossas prioridades, a nossa forma simples de ver o Mundo. Em que perdemos a capacidade de brincar, de viver e sonhar. Em que sofremos por coisas que não deveriam ter significado e esquecemos aquelas que realmente deveriam importar...

Talvez por isso, no meio disto tudo, nem a Dor seja Real...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Esfoira Emocional


Pára…
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Respira fundo…
Abre os olhos e observa tudo à tua volta…
O que vês?

Nada…

Estou cego. A única coisa que distingo são os sons que me envolvem mas mesmo esses são distorcidos e incompreensíveis. Começam a aumentar de tom e sou obrigado a tapar os ouvidos. Mas não resulta, o ruído é cada vez maior e começa a enlouquecer-me. Não consigo mover-me mas mesmo que conseguisse não vejo nada, não saberia para onde ir. A cabeça ameaça explodir a qualquer momento. Tento lembrar-me de algo que possa ajudar a aliviar a dor mas as dores insuportáveis cortam-me o raciocínio impedindo-me de pensar!

Deixo-me ficar parado à espera que algo aconteça. Mas nada. Seria suposto acordar agora mas já desisti de pensar que isto é um sonho. Precisava da sensação de alívio depois de um sonho mau. De sentir o coração acalmar aos poucos até voltar ao normal. De sentir que isto não está a acontecer.
Mas está…

E é incontornável de tão distorcidamente real. Perco a noção de tudo à minha volta e não consigo encontrar-me. Se ao menos pudesse abrir os olhos, talvez aí conseguisse perceber o sentido das coisas, talvez conseguisse encontrar-me e contornar a inevitabilidade de uma morte lenta e dolorosa, mergulhado no amargo e viscoso líquido verde que me envolve.

Moral da história: a ressaca é fodida mas vomitar ajuda!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aleluia Aleluia, o blogue ressuscitou!


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É verdade, estou de volta.

Foi difícil porque já nem me lembrava da password. Tentei o nome do cão, dos gatos, a data em que perdi a virgindade, todas as combinações de números e letras possíveis e de tudo o que de relevante aconteceu na minha vida e que eu pudesse ter usado como password mas nada resultava...

Foi em conversa com um amigo há uns dias atrás que surgiu esta vontade de voltar.
-Então e o teu blogue?

No inicio nem associei porque já nem me lembrava que em tempos escrevia com regularidade (pelo menos mais regularmente que agora) e fiquei por segundos a pensar a que é que ele se referia.

- Nunca mais escreveste nada! Já lá vai quanto tempo?
- Hiiiii, o blogue! Sei lá bem, já deve ter passado meio ano desde a última vez que lá fui!
Digo isto, ele muda de expressão e exclama fria e vagarosamente:
- O teu blogue morreu!

Não posso dizer que tenha ficado em pânico, foi mais ou menos a sensação de conformismo perante algo que me pareceu lógico. Mas não, não podia deixá-lo morrer…

Uso os meus conhecimentos em suporte básico de vida mas sem sucesso, liguei para o INEM, para o bombeiro de Favaios, para a polícia, para a redacção da TVI (ressuscitaram o Goucha e a Teresa Guilherme)…
Nada. Ninguém me podia ajudar e não me restava outra solução senão preparar-me para fazer o luto! Ligo para a agência funerária para tratar de tudo em relação ao funeral enquanto ligo a internet para declarar o óbito. Eis que ao faze-lo me surge a opção “ajuda”.
Tentar não custa – pensei.

Entrei e a primeira pergunta que surge é “Pretende ressuscitar o seu blogue e voltar a perturbar as almas que nestes 6 meses puderam finalmente ter paz?” Respondo de pronto que SIM!

Surgem desde logo uma lista de condições para que isso fosse possível. As que mais me chamaram a atenção foram:
- Escrever sem estar sob o efeito de álcool.
- Não postar fotos ou vídeos de gatinhos, de bebes a babarem-se enquanto comem, de ondas do mar em câmara lenta ou de hienas a masturbar-se.
- Não postar nada que possa ser considerado susceptível de ferir a susceptibilidade dos leitores (inclui o capachinho do Tony Carreira, as coxas da Popota, as mamas da Susana de um programa da TVI, entre outros…)
- E nunca, em qualquer circunstância, postar algo relacionado com sexo!

Começo a pensar que será impossível dar vida ao meu blogue. Já tinha preparado um vídeo de 12 minutos dos meus gatos a perseguir anões esquizofrénicos, uma foto da Popota a insinuar-se ao ministro das finanças e um texto que corrobora a tese que o sorriso ininterrupto das hienas resulta da masturbação constante…

Mas não vou desistir. É possível contornar as dificuldades.
Um dos maiores filósofos de sempre disse em tempos: “A masturbação com a mão esquerda pode ser mais demorada mas é possível”.

Tenham medo… muito medo… Os devaneios estão de volta ;)