sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CONTO de NATAL - Parte 2

Joana acabara de sofrer um tremendo desgosto de amor. Ingénua, simples e apaixonada sempre pensou que este amor seria para sempre...

Agora, além do pequeno buraco no meio das pernas que pensara finalmente saber como ocupar, tinha um enorme no coração que não fazia idéia como poderia preencher. Ainda por cima soube na véspera de Natal!

Estava inconsolável, taciturna e sombria. Estava perdida, vazia e com tendências suicídas. Amava-o loucamente, sem reservas e ainda nem queria acreditar no que tinha acabado de acontecer.

Soube da pior forma! Quis surpreender o namorado que tinha de trabalhar na véspera de Natal aparecendo no seu local de trabalho onde passava parte dos seus dias e noites. Naquele dia percebeu o motivo. Não foi bonito entrar no salão de jogos e perceber que o único taco e bolas a rolar em cima da mesa de bilhar eram as do seu namorado na jeitosa do pão quente em frente ao salão de jogos.
Ainda esboçou uma tentativa de indignação e revolta mas estava incrédula e impotente para reagir. As lágrimas começaram a escorrer pela sua cara pálida de choque e nojo. Saiu a correr do salão de jogos e sem destino certo andou desconcertada pelas ruas sem sequer perceber que chovia torrencialmente.

Pensou acabar com a sua vida naquele instante mas um laivo de lucidez  fez-lhe pensar que não lhe podia dar esse prazer. Decidiu que não valia a pena sofrer por causa dele e ia fazer tudo para que a dor passasse!
Reparou que estava abrigada da chuva no toldo de uma sexshop, resolveu entrar e dar uma prenda a si própria. Comprou um butplug, um vibrador e à saída deu uma rapidinha com o primeiro Pai Natal que encontrou na rua. Sentiu-se imediatamente melhor!

Não sabia se aquilo iria ajudar a remendar o vazio que tinha no seu coração mas decerto preencheria o pequeno buraco que tinha no meio das suas pernas...

CONTO de NATAL- Parte 1

A MORTE DO NATAL...

Lamento ser eu a trazer esta terrível e deprimente notícia mas este será mesmo o ÚLTIMO Natal. Tudo começou com a greve das renas promovida pelo mesmo sindicato que defende os trabalhadores da AutoEuropa.

O Pai Natal teve de fazer as entregas dos brinquedos em low cost, envolveu-se com a hospedeira de bordo, a Mãe Natal descobriu.

A hospedeira de bordo tinha gonorréia e agora Pai Natal, Mãe Natal e as dóceis renas (fuck) têm a doença.

A hospedeira de bordo apaixonou-se pelo Pai Natal e não sai da soleira da porta. O Pai Natal quer muito deixa-la entrar mas a Mãe Natal não deixa gerando-se um clima de discussão e mau estar insuportável. As renas continuam a tentar perceber como contraíram a doença.

A Coca-Cola despede o Pai Natal, a Mãe Natal pede o divórcio e a hospedeira de bordo enfrenta um processo no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. As renas começam a desconfiar das festas e carícias que aquele meigo velhinho lhes dava depois de cada desgastante viagem.

O Pai Natal refugia-se na bebida, a Mãe Natal foge com o seu personal trainer brasileiro, a hospedeira de bordo é condenada a prisão perpétua e enviada para uma prisão de alta segurança em Portugal (casa de um qualquer autarca) e as renas decidem vingar-se do quase sempre embriagado Pai Natal na mesma moeda...

INTERRUPÇÃO INVOLUNTÁRIA DO NATAL!

Escrevo este texto no alfa pendular a caminho de Lisboa...
O Natal sempre me trouxe sensações de paz e amor, de conforto e alegria pelo convívio entre as pessoas, pela sua natureza bucólica, mágica e envolvente. Pelo ambiente único que a pequena aldéia de onde sou natural propicia.

A véspera de Natal é sempre um rodopio, há sempre inúmeras coisas a fazer até ao fim da quadra Natalícia. Pouco lazer e muito trabalho que envolve sempre uma grande dose de responsabilidade e espirito de sacrifício.

Quase toda a comida é preparada no dia 24 para que esteja tudo fresco e fofo. A minha função é, obviamente, enfardar de tudo um pouco para aferir da qualidade de tudo antes de ir para a mesa para serem devoradas por todos aqueles que nos visitam. Tremenda responsabilidade para não falar da capacidade de sacrifício pelo facto de tudo aquilo que como vir a ferver directamente para a boca. Sejam os bolos de bacalhau, as filhós, o polvo, a "raielha", as rabanadas, etc..., tudo vem directamente do fogão, da frigideira ou do forno directamente para a minha boca...

Após duro trabalho é tempo para um pouco de lazer e diversão, saíndo para a rua e enfrentando o frio cortante para visitar vizinhos e amigos. Desejar "boas festas" é apenas um pretexto para beber vinho do porto e comer de tudo um pouco!

Depois volta-se a casa para a Céia de Natal, abrir as prendas em volta da lareira e voltar à rua para ir até à enorme fogueira no cruzeiro da aldéia, tão grande que normalmente dura 4 ou 5 dias!
Dia 25 vai-se à missa de Natal (não falho uma desde 1954), almoço em familia e, se depois do almoço ainda me conseguir mexer, sair novamente para mais umas visitas que não se fizeram no dia anterior (ou para visitar novamente as casas onde o vinho era mesmo bom)...

Não me perguntem porque mas o Natal na aldéia tem sempre mais qualquer coisa...

Por isso este ano decidi ABORTAR o Natal (sosseguem, fi-lo numa clinica devidamente autorizada) pois a Lisboa falta muita coisa. Falta a aldéia, algumas pessoas especiais que já partiram, outras que estão noutro lugar a passar o Natal e uma em particular que é o melhor do meu pequeno Mundo e entrou na minha vida de forma tão simples quanto intensa, tal como dois dedos numa vagina menstruada...

De qualquer forma para todos os que não abortaram o Natal desejo-o cheio de Amor, paixão e muito calor humano...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

MENage à 3 .


A todos os homens que a certa altura ouvem dos doces lábios da sua companheira a frase mágica:
"- Quero fazer sexo com uma mulher!"
A primeira reacção é desconfiar de forma que as primeiras questões são delicadas e sempre direccionadas no sentido de lhe imputar essa responsabilidade, para mais tarde não sermos de alguma forma implicados nessa escolha mesmo que ela já tenha por nós sido sugerida inúmeras vezes.
A segunda é, naturalmente, perceber se essa fantasia nos inclui.



Estando estas duas premissas salvaguardadas logo a nossa imaginação nos transporta para um sem fim de cenários prováveis, uma panóplia de possibilidades, cada uma mais saborosa que a outra. Pensamos que este pode ser um caminho para a absolvição de todos os nossos pensamentos sexuais mais secretos e sujos, para todas as horas de masturbação passadas a pensar nisso, um bilhete gratuito para uma saída fácil da prisão, um sinal dos céus para os mais devotos e, melhor ainda...
TUDO ISTO FOI IDÉIA DELA!

Mas nada é gratuito, mes enfants...

Na maioria dos casos, a mulher propõe isso porque andava sexualmente insatisfeita (sim, parece impossível mas acontece), ou como uma tentativa desesperada para salvar um casamento, dada a rotina e monotonia em que a relação mergulhou (e só não sugere ser com outro homem porque já sabe à partida que nunca o permitiriamos).


Ora, um casamento, como toda a gente sabe, é considerado uma cerimônia religiosa, se não estou em erro (e já pesquisei durante horas na net) não há nenhuma religião em que um menage à tróis seja indicado como um dos caminhos para a redenção e, a não ser que a mulher escolhida seja freira, nada do que possa acontecer durante esse "divino" acto pode ser considerado religioso.

Uma solução para salvar o casamento e voltar a deixa-la mais molhada que uma manhã de Inverno no Porto seria comprar uma jóia do tamanho de um salpicão, uma mala maravilhosa que combine com os sapatos novos, ou adoptar uma bela criança africana. Ouvi dizer que faz maravilhas!

Porque depois dessa fantasia realizada ela pode perceber que o "sexo carinhoso" tem as suas vantagens e que o facto de uma mulher conhecer melhor que ninguém o seu próprio corpo e usar as mesmas ferramentas é desde logo uma considerável vantagem!
Pode perceber que afinal é possível ter orgasmos tão intensos ao ponto de ficar inconsciente e que, por muito convincentes que os homens sejam, podem descobrir que "múltiplos orgasmos" são muito mais que um mito criado para descrever a maravilhosa sensação da produção orgásmica em série!
...
Sendo assim só posso dizer-vos: Cuidado com o que desejam!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um caminho? Mas qual caminho?...

Na vida não há apenas um caminho nem há apenas uma vida.
Na vida não há apenas felicidade, tristeza ou indiferença.
Na vida não há apenas uma decisão ou uma vontade.

Ao longo da "minha vida" já percorri vários caminhos, já experimentei várias sensações provocadas por decisões ou vontades. Já fui feliz sem nunca sentir que fosse indiferente, pelo menos não em relação aquilo em que acredito. De uma forma geral sinto-me preenchido. Aliás, se morresse agora e me fosse permitido experienciar uma emoção após a minha morte ela nunca seria desilusão, dor ou qualquer tipo de arrependimento.

Provavelmente sentiria que era uma merda não me ter despedido e sem pedir que fosse enterrado com o leitor de mp3, uns cd's seleccionados, umas garrafas de bom vinho e umas caixas de preservativos...
A maioria das pessoas provavelmente diria que não fiz nada de significativo ou relevante, eu poderia facilmente argumentar contra isso mas não o vou fazer. Primeiro porque a esta hora o meu cérebro já não da para mais e além disso não me apetece. Em segundo, e é um clichê, porque esta realização tem de ser pessoal. E aí penso que reside a justificação para a sociedade acéfala que me rodeia. Cada vez mais as pessoas deixam de ser elas próprias para passarem a ser alguém que supostamente devem ser. Não sei bem quando mas perdemo-nos em algum momento da vida e quando queremos voltar atrás é demasiado tarde ou não sabemos como...
Só nos restam duas opções:
Ou estagnamos e bloqueamos entre o que fomos e o que não queremos ser ou seguimos o caminho que alguém traçou. Em qualquer dos casos estamos fodidos...

E porque sou eu especial e diferente? Não sou...
Mergulhei de cabeça nesta sociedade hipócrita, bebi da sua estupidez, alimento-me todos os dias da sua ignorância e tornei-me mais um. O meu ódio próprio...
Felizmente à noite tudo faz mais sentido por isso só peço:

PAREM O MUNDO, QUERO SAIR!