domingo, 25 de novembro de 2012

A LUZ DAS SOMBRAS

Imagem da internet

Escrevo.

Faço-o apenas para me distrair, para me abstrair e manter distante. Faço-o porque nas palavras ouso alcançar o que preciso ser sem nunca me perder daquilo que sou.

Faço-o para evitar diluir-me em miríades de sensações contraditórias e metamórficas que me toldam o espírito, o raciocínio e me entorpecem o corpo gasto e desprovido há muito de uma alma capaz de lutar contra este estado de dolorosa letargia a que sucumbi.

Preciso esquecer, tenho de conseguir partir.
Concentro-me, respiro fundo, passo as mãos pelo pescoço enquanto fecho os olhos e forço o esquecimento. Volto a pegar na caneta e escrevo…
Escrevo sobre o luar, o por do sol à beira mar, os passeios longos, escrevo sobre todas as merdas que deviam fazer-me sentir bem mas não adianta, não consigo!

Desisto!
Largo a caneta, pouso a cabeça sobre os braços entrelaçados em cima da mesa e entrego-me. Deixo-me invadir, impotente, por tudo o que tentava desesperadamente afastar. Entrego-me às sombras de um passado recente, voltam os sonhos despedaçados em mil e um bocados de dor e inconstância. Volta a sensação de impotência, de incerteza e insegurança.

É uma frase que repetidas vezes me atinge, o passado nunca fica no passado e, mais tarde ou mais cedo ele volta para nos atormentar, para nos mostrar o quão frágil somos e que nuca possuímos nada, nem o que julgávamos ser certo. Essa angústia consome-me ao ponto de sentir um cansaço extremo, quase um estado inconsciente. Entrego-me à incontornável sensação de perda e fecho os olhos. Espero conseguir adormecer, espero voltar a acordar...

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Devaneios!