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Escrevo.
Faço-o apenas para me distrair, para me abstrair e manter
distante. Faço-o porque nas palavras ouso alcançar o
que preciso ser sem nunca me perder daquilo que sou.
Faço-o para evitar diluir-me em miríades de sensações contraditórias e metamórficas que me toldam o espírito, o raciocínio e me entorpecem o corpo gasto e desprovido há muito de uma alma capaz de lutar contra este estado de dolorosa letargia a que sucumbi.
Preciso esquecer, tenho de conseguir partir.
Concentro-me, respiro fundo, passo as mãos pelo pescoço
enquanto fecho os olhos e forço o esquecimento. Volto a pegar na caneta e
escrevo…
Escrevo sobre o luar, o por do sol à beira mar, os passeios longos, escrevo sobre todas as merdas que deviam fazer-me sentir bem mas não adianta, não consigo!
Escrevo sobre o luar, o por do sol à beira mar, os passeios longos, escrevo sobre todas as merdas que deviam fazer-me sentir bem mas não adianta, não consigo!
Desisto!
Largo a caneta, pouso a cabeça sobre os braços entrelaçados
em cima da mesa e entrego-me. Deixo-me invadir, impotente, por tudo o que
tentava desesperadamente afastar. Entrego-me às sombras de um passado recente,
voltam os sonhos despedaçados em mil e um bocados de dor e inconstância. Volta
a sensação de impotência, de incerteza e insegurança.
É uma frase que repetidas vezes me atinge, o passado nunca fica no passado e, mais tarde ou mais cedo ele volta para nos atormentar, para nos mostrar o quão frágil somos e que nuca possuímos nada, nem o que julgávamos ser certo. Essa angústia consome-me ao ponto de sentir um cansaço extremo, quase um estado inconsciente. Entrego-me à incontornável sensação de perda e fecho os olhos. Espero conseguir adormecer, espero voltar a acordar...
É uma frase que repetidas vezes me atinge, o passado nunca fica no passado e, mais tarde ou mais cedo ele volta para nos atormentar, para nos mostrar o quão frágil somos e que nuca possuímos nada, nem o que julgávamos ser certo. Essa angústia consome-me ao ponto de sentir um cansaço extremo, quase um estado inconsciente. Entrego-me à incontornável sensação de perda e fecho os olhos. Espero conseguir adormecer, espero voltar a acordar...
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Devaneios!