sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

GRÂNDOLA PROSTITUÍDA!

imagem da net

É só de mim ou já ninguém aguenta a Grândola Vila Morena? Isto até tem piada quando acontece isoladamente, agora quando alguém do governo se prepara para abrir a boca e toda a gente começa a cantar passa a ser irritante!

Em primeiro lugar quero que fique claro que não sou anti revolucionário nem que deixo de estar solidário com todos aqueles que se sentem no direito de reclamar. A questão em primeiro lugar passa pela validade e impacto que tal acto origina. Será que algum dos governantes perante um coro a cantar a dita música vai para casa sensibilizado ou vai para o parlamento chorar de desgosto pela merda que a classe política verte pelos seus rabos constantemente?
Não me parece.

Parece-me isso sim que eles se estão a cagar para as manifestações e que o que aquilo que mais devem repetir é “Neste país são só anjinhos. E se com tanta austeridade ainda têm vontade de cantar é porque aguentam mais”.

Era capaz de ter muito mais impacto se, em vez de cantarem, pegassem num bastão e lhes partissem os dentes todos para não poderem discursar e para, acima de tudo, pensarem duas vezes antes de desbaratarem ainda mais o já parco património do país. Claramente já não há musica que mude o estado das coisas a não ser a musica de uma caçadeira de canos cerrados apontada directamente às nalgas de cada deputado.

Em segundo lugar começa a banalizar-se a música e a deturpar todo o seu enorme significado. Qualquer coisinha e pumba, lá vem a música. Tornou-se num protesto fácil e vai acabar por se vulgarizar de tal forma que ninguém a vai levar a sério.

Tanto que hoje fui abordado por um daqueles vendedores de cartão de crédito e quando lhe disse que não estava interessado ele começa em pleno centro comercial a cantar “Grandola, Vila Morena…”. Um gajo bufou-se no autocarro e a senhora que estava atrás dele pumba, toma lá Zeca Afonso. Todas as crianças em vez de fazerem birra agora cantam. Até o presidente da república já foi para a porta da segurança social cantar por causa da sua miserável reforma!

Invocar o passado em nome de circunstâncias distintas e tempos incomparáveis não é a solução. Principalmente quando os valores de outrora se perderam algures e quando a única coisa que resta da liberdade alcançada são meia dúzia de velhos decrépitos e outros que, apesar de estarem lúcidos e capazes, já não se querem estar a chatear. Alem do mais a liberdade é, também agora, um conceito bem distinto daquele pelo qual se lutou há quase 4 décadas atrás...

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